Capítulo 50. "Forget yesterday, we'll make the great escape" (Boys Like Girls)

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Toquei a campainha duas vezes consecutivas, meio sem querer. Depois me afastei da porta, enterrando minhas mãos no bolso. De repente, me lembrei da primeira vez que estive ali para levá-la para jantar.

Me lembrei da maneira como ela abriu a porta sem o menor interesse em sair comigo. Sorri, me recordando também da encenação ridícula que fiz, falsificando problemas em casa e dizendo que ela me fazia bem...

Parabéns, Jungkook, além de bom ator, você é profeta. Agora sim eu tinha problemas em casa, e só Deus sabe o quanto ela podia tornar as coisas melhores. Como eu queria reviver aqueles dias. Como eu sentia falta de nós.

Ouvi a chave girar e senti fisgadas precisas em meu coração, cerrei meus punhos dentro do bolso da calça e tentei não parecer desesperado. O que só funcionou pelo deslumbre, que me petrificou de uma hora pra outra.

Os olhos de Lisa buscaram respostas nos meus, obcecados por sua beleza. Ela estava tão linda que eu não conseguia pensar em nenhuma outra coisa que não fosse tal palavra... "linda, linda, linda".

- Boa linda – Arregalei meus olhos ao me dar conta do erro – Boa noite... linda.

- Boa noite, Jungkook – Ela pareceu tão confusa quanto eu, suas bochechas ganharam um tom bonito de rosa, prendi o riso – O que foi? – Sorriu, bem humorada.

- Nada, podemos ir? – Rimos de leve, ela assentiu e olhou pra trás.

- Pai, estou indo, qualquer coisa, me liga – Falou em voz alta e fechou a porta, mas antes que pudéssemos virar as costas, a mesma abriu-se novamente.

- Tenham cuidado, crianças – Sr. Manoban pediu, me virei e voltei até lá para cumprimentá-lo – Jungkook, não deixe que ela beba, por favor.

- Lisa não bebe, não precisa se preocupar – Eu disse, arriscando um sorriso.

- Não é o que percebi dias atrás... – Disse ele, olhei para Lisa com o canto dos olhos, procurando uma explicação – Mas, confio em você... Que Deus os acompanhe.

- Amém – Dissemos juntos, nos direcionando para o carro.

O caminho até o posto foi silencioso, eu estava tão pateticamente nervoso com sua presença que esqueci até de ligar o rádio. Eu queria que ela dissesse algo, que tivéssemos um assunto para debater naquelas duas horas de viagem.

Assim talvez diminuísse minha vontade de ocupar sua boca com a minha. Ou não.

Enquanto eu esperava o frentista abastecer meu carro, recolhi alguns cds dentro do porta-luvas e escolhi uma coletânea qualquer. Depois saquei a carteira de Trident do bolso e abri a embalagem, esticando-a para Lisa, que delicadamente retirou o primeiro.

Vi o frentista me estender as chaves. Dentro de pouco tempo estávamos na estrada.

- Você está diferente – Lisa me pegou de surpresa com aquele comentário, e eu não fiz questão de disfarçar.

- Eu? Por quê? – Contraí o cenho, sem tirar os olhos do asfalto.

- Não sei, tão sério. Você não era assim – Concordei em silêncio, depois sorri.

- Eu acho que algumas coisas mudaram desde que você me conheceu – Dei de ombros, olhando-a de esguelha.

- Sim, pra todos nós, mas... Você parece triste o tempo todo agora – Contraí o cenho, eu não me sentia triste o tempo todo, sentia?

- Deve ser o cansaço, não estou acostumado a trabalhar – Ri, mas ela não me acompanhou, então supus que ela estivesse esperando por uma resposta mais bem elaborada, ou mais sincera, talvez – Tive problemas em casa, Lisa, que tomaram uma proporção grande demais pra mim, de repente.

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