Dias de fraqueza chegaram para Lisa, mas não houve um único momento que eu não estivesse por perto para ajudá-la a se manter em pé. Não houve uma única lágrima que eu não tenha secado com minhas próprias mãos.
Não foram poucos os prantos, as crises de negação e de medo. Não foram poucas as vezes que abandonei tudo o que estava fazendo para ir até sua casa e segurar a barra, ou as vezes que o Sr. Manoban desaparecia e eu tinha de dormir lá.
Ryan havia se apegado a mim de uma maneira que me deixava assustado, eu estava com medo de decepcioná-lo, de não ser a pessoa certa em quem ele pudesse se espelhar. Mas eu não seria capaz de deixá-los, eles eram como minha família agora.
O dia da audição tinha chegado, eu não sabia se tínhamos ensaiado o suficiente, não era uma apresentação qualquer, não valia alguns trocados, valia nosso futuro, e isso nos deixou ainda mais nervosos, ansiosos.
Fomos para Londres na sexta-feira à noite, a audição era no sábado pela manhã, por esse motivo não saímos do hotel onde ficamos hospedados. Ficamos até meia noite ensaiando, sem parar, pelo menos eu e Jimin, e depois decidimos que era melhor descansar.
Liguei para Lisa, Jennie estava dormindo em sua casa e havia me prometido que não a deixaria sozinha nem por um segundo. Ficamos conversando até ela adormecer, e então pude fazer o mesmo.
Assim que chegamos à produtora, uma moça de perfume doce e lábios cheios de gloss nos levou para uma sala pequena, com alguns sofás espalhados e uma mesa de vidro em frente à uma janela grande.
Esperamos durante alguns minutos até um homem adentrar e nos cumprimentar.
- Bom garotos, eu sou Matthew Fletcher, com quem vocês tem conversado por telefone... – Ele disse, sentado em sua poltrona, com os antebraços apoiados sobre a mesa de vidro – Eu e mais dois colegas de trabalho temos uma agência chamada Prestige Management, e nós trabalhamos com a Island Records já tem bastante tempo. Eu apresentei o trabalho de vocês a eles, e eles, confiando completamente em mim, dispensaram muitas burocracias e marcaram essa audição, espero que vocês não me decepcionem... E não me coloquem na rua.
Ele nos fez algumas perguntas, Jimin foi quem começou a respondê-las, mas ele falava demais, então Hoseok tomou a frente. Fletch, como pediu que o chamássemos, nos disse que iria falar com o resto da equipe, e em breve viria nos buscar.
Enquanto o esperávamos, eu sentia meu coração bater num ritmo acelerado, e eu me sentia enjoado, como se fosse vomitar a qualquer momento. Foi o que Taehyung fez, puxou um balde de lixo que estava embaixo da mesa de Fletch e despejou tudo o que havíamos comido no café-da-manhã.
Eu não sabia se ria ou me desesperava, com medo de alguém ver e achar que ele estava fazendo aquilo por diversão, vandalismo, qualquer coisa assim. Quando Fletch entrou, congelei no lugar, Taehyung já estava sentado, recomposto, mas o odor do vômito pairava no ar.
Ele não pareceu perceber, apenas nos convidou a acompanhá-lo. Logo estávamos entrando por uma sala pequena, havia várias pessoas espalhadas pelos cantos, uma mesa dessas cheias de botões que eu adoraria saber pra que serviam.
Cumprimentamos a todos cordialmente antes de sermos levados ao estúdio, que ficava do outro lado de uma parede de vidro. Era espelhado, então não podíamos vê-los nos assistir, mas eu sabia que estavam lá, e esse fato me fez começar a suar frio.
Apresentei a banda quando um deles nos pediu, através dos auto falantes, que começássemos. Introduzimos I've Got You. Conforme tocávamos e cantávamos, eu queria saber o que estavam dizendo, se era positivo, se estavam gostando, o que havia de errado...
Eu não sabia se queria continuar tocando e adiar qualquer notícia, ou terminar de uma vez e ouvir o que eles tinham a nos dizer. Tocamos 5 Colours In Her Hair e, ao pedirem mais uma, mesmo sem ensaiá-la, apresentamos All About You.
Retornamos a sala onde os produtores nos esperavam. Eu mal podia parar de estralar a junta dos meus dedos. Jimin me olhava de esguelha, estava tão nervoso quanto eu. Hoseok fingia não se importar com nada, como se soubesse quão bom era e, se não nos escolhessem, estariam perdendo algo grande.
Taehyung estava verde, apenas.
- Bom, garotos... – Um deles começou, mexendo em alguns papéis que tinha sobre a mesa – Estivemos ouvindo a tape que vocês nos enviaram, e Fletch nos trouxe as duas novas composições para que pudéssemos ler antes de vocês entrarem, estou feliz de tê-los assistido, vocês sabem o que estão fazendo, e fazem, fazem muito bem, parabéns.
Meu estômago parecia contorcer-se a cada palavra dita por aquele velho careca, eu mal podia conter meu sorriso entusiasmado.
- Queiram acompanhar Fletch até a sala dele enquanto discutimos alguns pontos.
Fletch se levantou e nós imediatamente nos despedimos com acenos esperançosos, seguindo-o para fora da sala até voltarmos para onde estávamos antes.
- Droga, que fedor é esse – Fletch reclamou, Taehyung arregalou os olhos, cabisbaixo, eu olhei de esguelha para Hoseok, que segurava o riso – Foi algum de vocês?
- Não – Dissemos em uníssono, e rimos junto com ele.
- Na verdade... Eu vomitei no seu lixo – Taehyung admitiu e nós ficamos apreensivos até Fletch dar uma gargalhada divertida.
- Tudo bem, garoto, a ansiedade faz coisas – Bateu de leve no ombro de Taehyung, que respirou aliviado enquanto nos acomodávamos pela sala e Fletch pedia, através do telefone, que alguém viesse retirar o lixo.
- O que você acha? – Jimin perguntou a ele – Acha que eles gostaram?
- Aconteceu uma coisa inédita... – Ele disse e eu senti meus músculos tencionarem imediatamente – Grainge não saiu da sala, e não soltou um de seus comentários mal-humorados e pessimistas ao fim da apresentação.
- E o que isso quer dizer? – Perguntei, tentando controlar minha respiração.
- Que vocês agradaram muito.
Mais meia hora de tortura naquela sala, já não tinha mais nada que pudéssemos fazer ali dentro, já tínhamos jogado todos os jogos que conhecíamos e que não precisavam de nada além da mente e do corpo.
Já tínhamos tocado algumas músicas e rasgado a boxer do Taehyung ao tentar puxá-la até sua cabeça. A espera estava nos deixando completamente desnorteados, quando Fletch retornou, acompanhado de Doug Morris, um dos diretores da produtora.
Nos levantamos, minhas pernas ameaçaram ceder enquanto eles caminhavam até a mesa. Tentei descobrir qualquer coisa através de seus semblantes, mas estavam inexpressivos pra mim.
Fletch abriu a pasta preta que tinha em mãos e começou a passar algumas folhas para o homem ao seu lado, que se sentou e começou a examinar tudo que lhe era entregue, depois, sobre a mesa de vidro, ele separou as folhas, oito maços de quatro folhas cada, grampeadas.
Pisquei algumas vezes, tentando me certificar de que meus olhos não estavam me pregando uma peça, e no cabeçalho daquela folha estava mesmo escrito CONTRATO.
- Garotos, ter uma banda é uma responsabilidade maior do que muita gente pensa, vocês devem ter alguma experiência com isso... – Sr. Morris começou a falar – E assinar com uma produtora aumenta essa responsabilidade em pelo menos 80%, estamos aqui para trabalhar duro e levar bandas boas ao auge... Vocês são uma banda boa...
Ele assentiu, traguei em seco, sentindo meu coração palpitar com uma força imensurável.
- E nós queremos contratá-los pra trabalhar conosco, então se vocês acham que estão prontos para isso, assinem esses contratos e me provem.
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Betting Her - Liskook
Fanfic[CONCLUÍDA] Ele era o membro de uma banda pop, ela era membro do clube de teatro. Ele sabia colar, ela era a cola perfeita. Ele não sabia a quantia de garotas com quem dormira, ela não sabia o significado de "dormir" com alguém. Ele tinha amigos, co...