Capítulo 15

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Júlia K. On

Bufo com raiva dentro do colégio. O estacionamento estava quase vazio, apenas os carros dos professores e funcionários estavam ali. Minha mãe estava atrasada, como sempre! Sabia que a musculação já tinha acabado há pelo menos uma hora.

Sento em uma dos bancos de madeira irritada. Essa era a quinta vez que ela esquecia de me buscar, em duas semanas. Pego meu celular e percebo que a bateria estava no fim. Reviro os olhos!

Não queria fazer cursinho, muito menos prestar o vestibular. Meu objetivo era treinar e jogar vôlei. Mas, como tudo na minha vida, minha mãe quis opinar. E me obrigou a continuar estudando. Não era a primeira vez que estava fazendo o preparatório, e provavelmente não passaria para nada. Já podia até ouvir os gritos de fúria que ela daria,e o sorriso de deboche de Ariele.

- Júlia. Ainda está aqui? - A professora de História me questiona

Por incrível que parece, essa aí me conhecia bem. E conhecia minha casa também, porque minha mãe já teve um caso com ela. Na época, a mesma não sabia de quem eu era filha.

- É. - Me limito a responder.

- Quer carona? - Ela pergunta sorrindo amigavelmente.

- Não! - Respondo pegando a mochila - Vou andando.

- Certeza?

- Sim.

Sai do colégio frustrada, vejo que meu celular ainda tinha um finalzinho de carga. Pego o mesmo na tentativa de mandar uma mensagem para minha madrinha, talvez ela poderia vir me buscar. Parecia que ia chover, olhei rápido para os lado da rua, para atravessar. Abri o aplicativo de mensagens para mandar a mensagem.

Não tive tempo nem de começar a digitar algo, quando senti um impacto de leve no lado esquerdo do meu corpo. Me desequilibrei e acabei caindo no chão. Uma dor atingiu na hora o meu tornozelo.

- Não olha antes de atravessar? - Uma voz feminina e abafada me pergunta - A culpa foi sua!

Vejo uma moça, que não devia ser muito mais velha que eu. Usava capacete e sua moto estava caída ao seu lado. Ela estava toda de preto, com um jeans colado e uma jaqueta bonita.

Tirou o capacete e consegui ver seu rosto. Era bonita e o piercing de argolinha em seu nariz lhe dava um charme. Os longos cabelos negros lisos caídos sobre seus ombros lhe davam uma aparência despojada.

- Você que saiu com essa moto, igual a uma maluca! - Falo passando a mão no meu tornozelo, podia sentir indícios de inchaço.

- É verdade! - Uma senhora que passeava com um concordo se mete - E ela estava mexendo no celular.

- Alguém te perguntou alguma coisa? - A motoqueira fala grossa - É fiscal de trânsito?

A idosa pareceu se ofender com a fala e foi embora. A morena retorna o seu olhar para mim, e bufa digitando alguma coisa em seu celular.

- O que está fazendo? - Pergunto.

- Ligando para uma ambulância.

- Não. - Digo - Me leva para o Hospital

- E a meu xodó? - Ela aponta para a moto caída.

- Você me segue. - Digo.

Ela fez o que pedi. Peguei sua identidade como garantia que viria atrás de mim.

Naiane Rios.

Esse era o nome dela.

Não demorou para que chegasse no Hospital, me apoiei nela para chegar até a recepção.

A Filha Da Minha AmigaOnde histórias criam vida. Descubra agora