Capítulo 7

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Sheilla Castro On

Finalmente, a final da Superliga.

Após passarmos por Osasco com certa facilidade. Confesso que esperava um jogo mais difícil. Seria uma final pão de queijo novamente. Estava confiante para uma vitória, porém, o Praia não iria abaixar a guarda.

- Que cheiro é esse? - Pergunto entrando na cozinha.

- É o meu perfume novo. - Minha esposa comenta sorridente - Delicioso, não?

Sai correndo em direção ao banheiro mais próximo, perfume doce era o pior tipo. E o dela era tão doce que podia sentir o gosto.

- Está melhor, amor? - Mari pergunta.

- Um pouco. - Me sento na mesa ainda um tanto enjoada.

- Será que é meu neto? - A mãe dela questiona.

Comi rápido para sair desse apartamento fedido. Vou para o Minas me juntar com as meninas para a concentração do pré jogo, mesmo sobre alguns protestos da minha sogra, que dizia "Uma mulher grávida não pode ficar passando por essas coisas selvagens!".

A expressão das meninas demonstravam muita concentração. Geralmente, antes de entrarem em quadra o vestiário ficava barulhento, com muita falação. Mas hoje todas estavam caladas. Só dava pra escutar o barulho de esparadrapos sendo arrancados, respirações e alguém estalando os dedos.

Fui abraçando as meninas, uma a uma. Até minhas Itambabys fofas e bem mais nervosas. Gabriela estava encolhida em um canto na sala, bebia goles de água a todo instante. Isso me lembrava Paula, ela bebia várias garrafinhas de água e não sentia a menor vontade de urinar.

- Bom jogo. - Abraço o corpo magro de Gabriela.

- Não deveria ser "boa sorte" ? - Ela pergunta risonha.

- Não. Boa sorte é para quem não se prepara. - Digo segurando sua mão - Presta atenção, vão te caçar no passe porque é a mais nova.

- Imaginei. - Gabriela morde o lábio - Alguma dica?

- Eu conheço o Paulo. - Falo me lembrando dos conselhos do treinador do Praia

Lembro da época da seleção, ele tinha uma boa visão de jogo e conhecia algumas das minhas atacantes.

- Vão sacar em você para te anular no ataque. - Falo seria - Mas, você não vai se preocupar em atacar por hora. Apenas no passe, conforme a vantagem no placar for aumentando, a vegana vai te colocar no ataque.

- Acha que isso dará certo? - ela parecia desconfiada.

- Confia em mim?

Gabriela fica um tempo calada. Tive receio dela falar que não confiar, que sou alguém que não merece sua confiança. Aliás, acho que sou a última pessoa que merecia isso.

- Confio! - Solta o ar preso em seu pulmão.

- Então, faça o que digo! - Seguro seus ombros - Apenas confie.

Conversei mais um pouco com Nicola sobre alguns ajustes finais, por segurança, ficarei em ligação com ele o tempo inteiro, orientando tudo que ele deveria fazer.

  (...)

Queria esganar o Nicola. Ele fazia tudo ao contrário do que eu falava. Perdemos os dois primeiros sets. Sai das arquibancadas no intervalo do 2° para o 3° set.

- Faça o que eu estou falando. - Ordeno

- O técnico sou eu! - Ele me responde irritado

Conclusão perdemos de 3x2, teríamos que partir para o tudo ao nada no próximo jogo. Não olhei na cara do técnico no pós jogo. As meninas estavam péssimas, não sabia ao certo o que dizer a elas, mesmo com toda a minha experiência. Apenas deixei que todas fossem para suas casas. Gabriela parecia triste e fazia algumas carretas quando levantava o braço.

A Filha Da Minha AmigaOnde histórias criam vida. Descubra agora