Capítulo 26

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Brena On

- Vai demorar para chegar hoje? - Macris pergunta deitada na cama enquanto me olhava.

Estava terminando de colocar minha roupa. Olhei para ela e percebi que seu olhar estava fixo em todos os meus movimentos. A levantadora estava deitada, nua, com o lençol cobrindo seu corpo.

- Só volto amanhã de manhã.- Respondo colocando sutiã.

- Vou dormir sem você. - Ela faz um bico - É péssimo namorar médica!

-E você vai para a Itália em algumas semanas. - Me sento na cama - É pior para mim!

- Isso virou uma competição?

- Se for, eu ganho. - Dou um beijo nela e me levanto - Sabe onde está meu jaleco?

Macris ri jogando cabeça para trás.

- Eu passei ontem e coloquei no cabideiro. - Ela responde.

Minha namorada adquiriu a mania de lavar e passar meu jaleco. Vivia dizendo que eu não deveria ir trabalhar com a roupa toda amassada.

- Então te vejo amanhã. - Macris fala se encostando no portal.

Agora, ela estava vestida.

- Beijos, amor. - Dou um selinho nela.

Fui dirigindo e durante o trajeto percebi que as ruas estavam vazias, talvez seja pelo horário. Cheguei no hospital, e estava movimentado. Algumas crianças estavam correndo de um lado para o outro.

- Eita, sono. - Brinco com Beatriz que estava em pé bocejando e com um copo de café na mão.

- Por que os bebês querem nascer a noite? - Ela pergunta de péssimo humor - Já fiz 3 cesárias.

Rir de sua cara emburrada, peguei a ficha dos pacientes que deram entrada, pra me atualizar durante o plantão.

- É sério. - Beatriz bufa - Deveria ter escutado meu pai e feito engenheira. Acho que seria melhor.

- Mas você é péssima em matemática!

- Isso é apenas um detalhe. - Ela dá de ombros.

Deixo médica reclamando dos bebês e vou atender meus pacientes. Como estava no pronto socorro, era normal atender vários casos. Não somente aqueles que eram destinados a ortopedistas.

- Hoje, bati o recorde. - Beatriz fala abrindo a porta da salinha de descanso - 6 partos. Esses casais não conhecem métodos contraceptivos?

- Pelo visto não. - Digo mandando uma mensagem para Macris.

- Preciso dormir. - Ela se joga na cama.

Duvido que ela fosse dormir, estava apenas fingindo. O silêncio tomou conta do local, o início da noite foi movimentado, mas logo o grande pico passou. As vozes e barulhos de crianças correndo não podiam mais ser ouvidos.

- Doutora. - Uma enfermeira balança meu braço - Temos um trauma.

- É muito grave? - Pergunto sonolenta.

- Uma retroescavadeira caiu sobre a pernas de um pedreiro. - Ela me informa.

Arregalei os olhos levantando da cama. Beatriz ainda estava deitada, encolhida como se fosse um feto.

- A ambulância já está chegando. - A enfermeira continua a falar.

- Pede para os residentes preparem a sala de trauma. - Falo - Irei jogar uma água no rosto.

Olhei meu celular, já passava das 4 horas da  manhã. Não gostava de atender casos graves depois de acordar, mas não tinha escolha.

Depois de molhar meu rosto e beber café, me senti mais "acordada". Fui em direção a ala de trauma, alguns residentes estavam ali.

A Filha Da Minha AmigaOnde histórias criam vida. Descubra agora