__ Tomoe! - escutei a voz do meu pai me chamar da cozinha.
Eu já levantei a algum tempo, já banhei e fiz tudo que tinha que fazer, mas hoje eu simplesmente estou cabisbaixa, então descidi ficar no quarto.
__ Tomoe! - ele me chamou pela segunda vez.
* Aí mais que coisa. *
Fui até a porta e a abri sem sair do quarto.
__ O que foi, Haku? - quando abri a porta vi Haku - meu pai- usando um avental e a pequena mesa da cozinha cheia de comida.
__ O que é tudo isso! - corri até a mesa e pude jurar que nos meus olhos tinham pequenas estrelinha brilhantes de admiração.
__ É o café da manhã. Senta aí. - olhei para o rosto animado de Haku.
* O que ele quer?*
__ pra quê tudo isso? - meu rosto ficou sério novamente. - é alguma pegadinha? Tá querendo me pedir algo que acha que eu não vou aceitar? - era a primeira vez em toda a minha triste existência que via ele cozinhar, ainda mais pra mim. Que mudança repentina é essa? Não posso deixar de desconfiar.
__ Não é nada eu juro! É só um café da manhã. Eu descidi fazer ele hoje. - ele falou visivelmente animado - olha só, tem pão, queijo, presunto, geleia, panqueca, melão, laranjas, suco, ovo frito e torrada. É algo bem simples e sem muitas calorias. Já que eu não sabia o que você gosta de comer pela manhã, eu fiz algo que mais me pareceu uma boa ideia.- depois de ver toda a animação e dedicação dele, eu me senti mal por ter desconfiado assim, mas não posso fazer nada, a culpa é dele mesmo!
Mas já que isso tá feito eu vou aproveitar!
Me sentei e ele se sentou na cadeira a minha frente do outro lado da mesa. Comecei a me servir e ele fez o mesmo. Pela manhã eu só comia miojo, ou pão, ou algum suco. Só o suficiente pra me manter de pé. Eu não tinha animação pra fazer nada, então fazia algo simples que me sustentasse. Posso até dizer que esse é meu primeiro café da manhã de verdade.
__ Eu não sabia que você cozinhava.- falei de boca cheia olhando pra ele.
__ Eu deixei de fazer isso a muito tempo, mas antigamente era como um hobby.
__ por que não é mais um hobby? - ele parou por um instante e pensou, logo seu rosto entristeceu.
__ eu costumava cozinhar para sua mãe. - ele falou num susurrou.
__ Minha mãe? - minha voz saiu falha.
__ Sim. Você é muito parecida com ela. Tanto em aparência quanto em jeito de ser. - um suspiro amargurado ecoou pelo comodo. - Tomoe, esqueça tudo o que eu já te disse no passado. A culpa de sua mãe ter morrido não foi sua!
__ como assim esquecer? - meus olhos marejaram. - você acha que é fácil assim?
Minha cabeça estava baixa e era incapaz de ver meu rosto por causa do cabelo.
__ Tomoe...- bati minha mão na mesa e levantei meu rosto olhando diretamente nos olhos de Haku. Meus olhos lacrimejaram mas me segurei o quanto pude pra não chorar. Prometi a mim mesmo que ele nunca mais me veria chorar!
__ Como tem coragem de me pedir isso? Sabe o quanto eu sofri todos esses anos, pra agora você vir com a merda desse café da manhã e me pedir pra esquecer tudo o que você fez? Vocês é um idiota. - me levantei da mesa e me direcionei ao meu quarto.
Antes que eu pudesse chegar ele também se levanta e se pronuncia.
__ Eu sinto muito! Eu nunca fui um bom pai, mas eu quero recomeçar.
