Cap.1

1.5K 125 41
                                    

Alice POV.

Estou quase a meia hora deitada na cama, tentando dormir. Porém com os barulhos do apartamento ao lado me irritando e com o tal de Michael ocupando meus pensamentos, acho que é meio impossível eu adormecer novamente.

Suspiro e levanto-me, indo até a cozinha. Preparo um café e vou até a sala, começando a bebe-lo.
Esse Michael não é feio, mas é ridículo! Mal chegou e já deu uma horrível impressão sobre ele.

E aqueles cabelos vermelhos? Tão ressecados. Deve pinta-los a todo momento.

E aquelas roupas? É gótico, só pode.

Os piercings e os brincos? Horríveis.

Só duas coisas confesso que achei bonitas nele: Os olhos e o sorriso.
Os olhos são claros, porém um claro diferente. Uma linda mistura de verde com cinza... São os olhos mais lindos e profundos.

O sorriso... Ah, sim. O sorriso foi o que mais gostei. Os dentes perfeitamente alinhados e brancos, lábios rosadinhos e finos. Ele sempre está disposto a mostrar aquele sorriso, por vezes chega até me irritar.

Uma pena, Michael ser idiota.

Acordo dos pensamentos quando escuto a companhia ecoar pelo meu apartamento. Pouso a caneca na mesinha da sala e vou até a porta, abrindo-a.

- Nossa! Sempre com aquele pijama que eu adoro. - ele diz assim que vejo-o e dá aquele mesmo sorriso estupidamente lindo.

- Não enche, garoto. - eu reviro os olhos. - O que você quer, ein?

- Vim aqui para dizer que já acabei a mudança.

- Finalmente sossego! - exclamo e levanto os braços ao ar. Estava prestes a fechar a porta, mas ele se intromete e a segura, me impedindo. - O que foi? - abro a porta por completo, vendo-o novamente.

- Vou dar uma festa hoje para inaugurar o meu lindo apartamento. Pode ir se quiser. Sabe... Para se divertir de verdade. - ele gargalha e eu permaneço com seria.

- Como assim "se divertir de verdade"? - pergunto confusa.

- Não acho que você se divirta muito. - ele explica, encolhendo os ombros.

O que? Ele acha que eu não sei me divertir?

- Eu me divirto, Okay? - retruco.

- Claro que se diverte. - ele diz sarcástico e vira as costas.

Fecho a porta e volto a me sentar no sofá, bebendo meu café. Devo ir ou não?

NÃO.

A verdade é que eu realmente não sou de ir em festas e ainda mais de delinquentes como ele. Deve ter um monte de meninos iguais a ele.

Eu sei que não devia julgar as pessoas pela aparência. Mas eu venho de uma família, digamos, muito hipócrita. Se minha mãe souber que Michael é meu vizinho, ela me manda para voltar para casa. E já foi um milagre convence-la a ter meu próprio espaço. Não quero que ela me tire daqui por causa de Michael.

Minha mãe sempre foi assim. Eu sempre respeitei as regras, mesmo que as vezes tivesse vontade de desobedece-las. Mas eu não podia, precisava ser um orgulho para meus pais. Pelo menos para o meu pai eu fui, ele faleceu no ano passado. Sinto saudades, mesmo ele sendo como minha mãe, ele me entendia. Me entendia como ninguém jamais entendeu.

Eu nunca bebi álcool. Nunca fumei. Nem nunca matei uma única aula na escola. Minhas amigas eram todas da minha classe econômica e só tive um único namorado. Eu não o amava e acho que nem ele a mim, mas eramos felizes. Ele era um bom menino, um grande amigo. Seus pais eram que nem os meus e acho que por isso minha mãe insistia tanto para que eu namorasse ele. Para mim era tudo namoro arranjado. Já nos beijamos, porém não passou disso.

Sim, eu ainda sou virgem. E pelo o que minha mãe diz, continuarei a ser até eu me casar. Mas eu descordo, acho que só precisamos fazer sexo com quem amamos sendo antes ou depois do casamento.

Mas é uma regra e eu devo respeita-lá.

Suspiro.

A vida que levo é boa, muito até. Curso na melhor faculdade de direito em Sydney. Tenho um belo apartamento e dinheiro para me sustentar.

As vezes me sinto perdida, como se isso não fosse o que queria. Como se falta-se algo! Mas o que poderia faltar? Talvez só um pouco de aventrua em minha vida, mas consigo viver sem ela.

Hoje mesmo sendo domingo, preciso ir em um mercado. Aquele daqui ao lado sempre está aberto aos domingos de manhã.

Vou até o banheiro e tomo meu banho. Quando acabo, saio e me enrolo em uma toalha, indo até o quarto.

Abro meu armário e procuro uma roupa simples. Pego em uma calça jeans qualquer descente e uma blusa branca florida. Penteio meus cabelos loiros, deixando-os soltos ao natural com os caracóis caindo pelos meus ombros. Passo um leve brilho nos lábios e uma camada de lápis de olho preto.

Agora, me olhando no espelho. Meus olho vão direto aos meus seios destacados em minha blusa.Infelizmente meus seios são fartos e isso me irrita eternamente, pois minha mãe não gosta deles assim. Ela diz ser muito vulgar, porém não importa o quanto eu tento esconde-los nas blusas largas, eles sempre conseguem se destacar.

Saio então de frente do espelho e calço minhas sapatilhas pretas. Pego em minha bolsa em cima da mesa e saio do apartamento, trancando-o logo em seguida.

Idiot neighbour • CliffordOnde histórias criam vida. Descubra agora