Chapter 6: "CHEMISTRY"

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NIKKI

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NIKKI

ESTUPEFATA, DESTINY ABAIXA o canivete suíço, guarda a lâmina prateada e o enfia na bolsa de mão mais brilhante que globo espelhado de discoteca. Tantas lantejoulas juntas fazem minha vista doer. Ela está franzindo o cenho, a boca aberta de incredulidade. Era para ser uma surpresa, porém esse meu jeito "espião", quase psicopata, a assustou pra valer.

— Nikki! Que porra é essa?! Você é maluco? Quer me matar do coração?! — ela começa a falar rápido, a brigar comigo e eu só consigo prestar atenção nos movimentos da sua boca.

Tudo vai ficando silencioso, em câmera lenta.

Destiny é uma mulher linda, me faz me sentir atraído ao extremo, não tenho como evitar isso. Seus olhos azuis oceânicos são os mais bonitos que já vi em toda minha vida, gosto do seu cabelo curto, do formato feminino do seu rosto, da linha da mandíbula, do nariz arrebitado, dos lábios charmosos, dos ombros retos, das clavículas proeminentes, dos braços finos, dos seios pequenos, da cintura estreita, das pernas torneadas, das mãos com dedos longos e unhas compridas que parecem garras pintadas de vermelho-escuro, gosto dela por inteiro. Não enxergo um defeito nessa garota, é perfeita da cabeça aos pés.

Deveras alcoolizado, sedento para senti-la, eu agarro seus braços, empurrando-a com o peso do meu corpo contra a porta do prédio e beijo sua boca. Destiny arfa, espalma as mãos no meu peito, sendo pega de surpresa e os lábios quentes e firmes, ao mesmo tempo suaves, se entreabrem instintivamente para me receber. É um sim. Seguro forte na lateral do rosto dela e saboreio sua boca como se quisesse devorá-la, nossa respiração ritmada, línguas molhadas deslizando juntas. Desfruto do seu gosto e do seu cheiro. Impossível pôr em palavras tantas sensações deliciosas.

Não sei por quanto tempo nos beijamos, mas sei que foi muito tempo. Tanto que acabamos de nos separar e seus lábios estão inchados, o batom borrado. Ela se esforça para recuperar o fôlego e passa as mãos no cabelo, alinhando fios rebeldes, envergonhada pelo que acabou de acontecer. Destiny evita me olhar nos olhos de um jeito meigo, diferente de mim que não canso de encará-la e de analisar sua beleza. A química, dude... Temos uma química fodida. E eu já tinha percebido isso desde o Rainbow, o beijo foi uma confirmação, apenas.

Ela entra no prédio e fecha a porta atrás de si, deixando-me sozinho do lado de fora.

Atônito.

DESTINY

Mais desnorteada impossível, subo as escadas correndo até meu apartamento. Não acredito que Nikki me beijou. Não acredito. Foi ótimo, aquele tipo de beijo que encaixa, só que meu Deus do céu, S.O.S... Não dá para acreditar. Atiro minha bolsa em cima da mesa de centro e me arremesso no sofá, cobrindo o rosto com uma almofada e soltando um gritinho. Pronto, enlouqueci. Vou direto para o manicômio.

Garfield sobe em mim e mia. Aperto sua cara redonda e rechonchuda.

— Oi, filho... A mamãe pirou.

Ele mia outra vez.

— Eu sei, eu sei... — resmungo. — Um beijo não significa grandes coisas, né? Estou sendo dramática.

Ligo a TV e o canal que aparece é justamente a MTV, como se o destino quisesse me pregar uma peça, mais especificamente um clipe do Mötley Crüe gravado dentro de um clube de striptease. Pervertidos do caralho. A música em questão se chama "Girls, Girls, Girls" e Nikki, cada vez que surge na tela, me faz delirar. Ele exerce um poder inexplicável sobre mim, meu coração bate mais forte por ele e... Seu beijo é o melhor beijo. Nunca esquecerei a sensação.

* * * *

— Obrigada a todos. — curvo-me às pessoas que assistiram à minha palestra.

Elas batem palmas.

Hoje mal dormi e Sixx é o culpado. Não paro um segundo de pensar naquele filho da puta e de pensar que, talvez, eu tenha feito merda ao sair de cena sem dizer uma palavra, batendo a porta na cara dele ontem à noite.

Será que o magoei?

Será que ele me achou uma idiota?

Será que ele vai voltar a me procurar?

Homens não devem ser tão sensíveis, qual é!

Mesmo assim... E se...

Reviro os olhos pelos questionamentos bobos que martelam na minha cabeça. O futuro só a Deus pertence, não é o que dizem? Então foda-se essa porra de futuro.

Busco o carro no estacionamento da clínica e fumo um Dunhill antes de partir, acomodada no banco do motorista com o braço para fora da janela. Aperto o botão que liga o rádio e passo de estação em estação até encontrar a mais sintonizada, com menos estática. A voz do radialista soa:

"Jack aqui! Se você está se afogando em arrependimentos, dívidas ou aflição, vamos ajudá-lo com ótimas músicas..."

Toca um trecho de "Sweet Child O' Mine" do Guns N' Roses.

"Aumente o som, pegue um grande latte de baunilha, dirija em alta velocidade totalmente cafeinado e, em seguida, pare e faça algo empoderador como comer uma barra de proteína, tomar uma bebida esportiva, mesmo que você não esteja realmente se exercitando ou praticando algum esporte. Mas... Ei! Esse é o American Way, certo?! Vestindo as roupas e consumindo os produtos de alguma versão idealizada de si mesmo. Agora com vocês, queridos ouvintes, 'Live Wire' do glorioso Mötley Crüe!"

— Ah, não! Não, não, não... Você só pode estar de brincadeira...

Plug me in
I'm alive tonight
Out on the streets again
Turn me on
I'm hot to stop
Something you'll never forget
Take my fist
Break down walls
I'm on the top tonight

Choramingo:

— Minha vida era bem melhor antes de conhecer o mundo do rock, cara...

No, no
You better turn me loose
You better set me free
'Cause I'm hot young running free
A little bit better than I use to be

Afundo o rosto no volante e solto uma lufada de ar raivosa, batendo a testa em forma de protesto feito uma criancinha birrenta. Aciona sem querer a buzina, eu pulo de susto. Droga.

— Sai da minha mente, caralho! Sai!

Desligo o rádio violentamente, por pouco não quebrando o botão. Ufa... Que alívio, meu Deus. O silêncio é mesmo uma prece.

My Sweet Destiny | Nikki SixxOnde histórias criam vida. Descubra agora