Chapter 10: "OMISSION"

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DESTINY

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DESTINY

— É A DESTINY. Tive que mentir para sua esposa... — hesito, engolindo em seco ao pronunciar a palavra "esposa". — Que sou secretária da Betty Ford. Deus, não esperava que ela fosse atender... Vai, me chama de Elizabeth!

Oh, claro! Isso mesmo, Elizabeth! O que há de errado? Você entrou em contato rápido, né? — fala com sarcasmo.

— Agradeça por eu ter retornado. Não queria ouvir sua voz nunca mais.

Tudo bem, senhorita, já entendi o problema. E quando posso ir à clínica resolver essa questão?

— Amanhã ao meio-dia.

Ok, Elizabeth.

— No estacionamento, onde deixou seu carro aquele dia. Estarei te esperando na mesma vaga ou próximo dela. Combinado?

Perfeito. Obrigado pelo contato.

— O senhor pode permanecer na linha para avaliar meu atendimento? — zombo e ele ameaça rir. — Tchauzinho, palhaço! — afundo o telefone no gancho, soltando o ar que nem sabia que estava segurando.

Encaro meu grande quadro preto e branco do Elvis Presley pregado no centro da sala de estar e começo a desabafar com ele como se o cantor estivesse em carne e osso à minha frente. Foi uma sessão de terapia grátis.

Só agora percebo que ainda estou com o cigarro entre os dedos. Bato as cinzas que caíram na blusa e na calça, dou uma tragada francesa e ligo a TV na FOX para assistir "21 Jump Street".

Amo tanto esse seriado que reavivei meu espírito adolescente e colei pôsteres de um dos atores na parede do meu quarto, o jovem Johnny Depp. Daria tudo para trilhar beijos na linha da mandíbula do Johnny. Quem sabe Nikki, sendo famoso do jeito que é, possa fazer a ponte e me levar até ele. Seria o mínimo para se redimir pelo desgaste emocional causado.

Porém, eu duvido que aquele porco faria alguma coisa por mim...

* * * *

Ao meio-dia em ponto do dia seguinte, entro no estacionamento e paro o Fusca no local combinado. Estou nervosa, o que me faz descontar no freio de mão. Puxo-o bruscamente e o ruído alto me assusta, a alavanca não quebra por um triz.

Calma... Inspiro e expiro.

Nikki já está aqui, não imaginei que fosse chegar antes de mim. Dentro da Ferrari vermelha brilhante, estacionado na vaga ao lado da minha, com cara blasé, óculos de sol Ray-Ban estilo aviador, cigarro na boca, roupas de couro e cabelo espetado, parecendo um ouriço raivoso.

"Raivosa" é o que eu vou ficar quando o infeliz abrir a boca e começar a pagar de vítima da sociedade monogâmica.

Saímos dos nossos carros e ficamos frente a frente. Não sei como agir, não sei o que dizer. Nós não sabemos. É uma situação desconfortável, que chega a ser cômica. Não somos absolutamente nada um do outro, foram apenas dois beijos, mas ele insiste em agir como se tivéssemos um relacionamento sério. Ele acha que deve satisfações a mim, pois se importa comigo — pelo menos parece se importar.

Isso é legal da parte dele.

Ou... Pensando bem... Sixx pode ser um fingido que manipula os outros com chantagens emocionais.

Se não fosse pelas chantagens relacionadas às drogas, eu nunca viria!

Pode ser do tipo "carentão" também...

— Primeiramente, Destiny, peço imensas desculpas por ter sido omisso. — começa a falar, abatido, encarando-me com um olhar triste. — Eu tenho, sim, um filho de 11 meses e uma esposa chamada Brandi. Estamos separados de fato há algum tempo, que é quando o casal não se divorciou oficialmente, mas já não convive mais numa relação conjugal "propriamente dita". Não dormimos na mesma cama, não usamos aliança e... Enfim. Você entendeu. Dividimos a casa, ponto. Só não nos divorciamos ainda por causa do Gunner, nosso bebê. — ele pausa para respirar fundo. — Olha, não sou mais um menino, sou um homem de quase 30 anos que não precisa ter várias mulheres por autoafirmação. O problema é que minha cabeça anda meio confusa com tudo isso e às vezes esqueço que continuo casado no papel, porque vivo há meses como divorciado. Espero que entenda. — Nikki coloca meu rosto entre as mãos, ofegante de ansiedade. — Destiny... Não quero que fique magoada comigo, nem que se afaste. Quero te conhecer melhor e quero que me conheça também.

Atordoada com tantas informações, tiro suas mãos de mim, rebatendo:

— Quer que eu seja a outra, pensa que sou idiota?

— Você está enganada. Pretendo resolver minha situação com Brandi em breve. — explica. — Já faz algum tempo que estou articulando o divórcio, inclusive contratei um advogado semana passada. Eu e ela acabou. Lamento pelo pequeno Gunner, porém, acabou. Não tem mais volta. Peço desculpas mais uma vez, Destiny.

— Ok, Nikki...

— Então, nós... — pondera, receoso. — Podemos nos conhecer melhor?

— Espera! Brandi sabe de tudo isso? O divórcio é consensual? Porque uma coisa é separação de fato, outra coisa é judicial. Tudo que envolve filho e bens, dá merda!

Ele ri um pouco.

— É consensual.

— Seja sincero, por favor.

— É consensual, baby. Confia em mim.

— Sinceramente? Não sei se devo. — semicerro os olhos, analisando-o. — Mas você parece estar sendo sincero agora.

— 100% sincero. O erro foi ter omitido... Pelo menos não menti.

— Dependendo do caso, omitir pode ser pior do que mentir.

— Dessie, você ainda não respondeu! Podemos nos conhecer melhor ou não?

— Nikki...

— Destiny...

— Resolve essa situação primeiro, tá? Quando estiver oficialmente divorciado, você sabe para onde ligar. Tchau.

Giro nos calcanhares, caminhando em passos largos em direção ao Fusca, pego na maçaneta para abrir a porta e a mão de Sixx aperta meu ombro, puxando-me para trás. Nossos rostos ficam próximos demais, a uma distância perigosa um do outro. A maior tentação do mundo bem à minha frente: sua boca maravilhosa. Mais cinco centímetros e matamos o desejo...

— Nikki?! Nikki Sixx? É você mesmo?!

Nos afastamos rapidamente. Escoro meu corpo tenso na lateral do carro, meio atrapalhada, fingindo naturalidade e sorrio amarelo ao rapaz gótico. É um bendito fã eufórico que nem percebeu que nos atrapalhou e que, graças ao meu bom e misericordioso Deus, evitou que eu fizesse uma burrada colossal.

My Sweet Destiny | Nikki SixxOnde histórias criam vida. Descubra agora