Chapter 9: "FOUR WEEKS"

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DESTINY

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DESTINY

Uma semana após o acontecido...

SÃO 15H30 E ainda não consegui sair da cama, meio dormindo, meio acordada, envolta em cobertores macios. O telefone da mesinha de cabeceira toca, mas não atendo por preguiça, falta de ânimo total. É comum ligarem oferecendo serviços.

A secretária eletrônica é acionada, então, logo depois de um sinal sonoro irritante, começo a ouvir minha própria voz nada agradável na gravação: "Olá. Você ligou para o número certo, na hora errada. Não atendi, mas provavelmente estou em casa, só tentando evitar alguém que não gosto. Por gentileza, deixe uma mensagem após o bipe. Se eu não retornar, é porque é você."

Rio comigo mesma.

"Destiny... É o Nikki", minha pequena risada morre no mesmo instante. "Por favor, podemos conversar? Quero conversar com você para resolvermos aquilo de forma civilizada. Eu não sou o idiota que você pensa que eu sou. Apenas retorne a ligação e me dê uma chance de me explicar. Até mais."

— Até, Nikki. — ironizo, afundando o rosto no travesseiro com raiva de mim e das decisões impulsivas que tomo de vez em quando... Sempre. — Maldita hora que você decidiu passar o telefone para ele! Parabéns, Destiny! Agora vai ter que mudar de número, porque o puto do Sixx te deixa fora de si!

Duas semanas após o ocorrido...

Abro um pacote de Cheetos apimentado para comer enquanto tomo Coca-Cola gelada de canudinho direto da lata. Em paz, ou tentando ficar em paz, estico-me no sofá, assistindo à TV. Minutos depois, após o telefone tocar e eu não mover um dedo para ir atendê-lo, o drama se repete pela milésima vez nessas duas semanas. Na secretária eletrônica, um novo recado chega. É óbvio que é de Nikki.

"Destiny... Dessie, escuta, você ainda mora aí? Ainda usa esse número? Ou está simplesmente me ignorando? Faz quinze dias que deixo recados e nada. Sem retorno. Nenhum sinal de vida. Sério, vamos resolver isso, por favor... Eu não sou um cara ruim, não sou! Eu sou um cara perdido."

Perdido?

Se o canalha está tentando me despertar piedade, esqueça.

Reviro os olhos.

Três semanas após o acontecido...

É meia-noite. Hoje foi um dia estressante. Hora de dormir. São tantos pensamentos preocupantes rondando minha mente, que estou deitada no conforto da minha cama de olhos fechados e, mesmo assim, não consigo dormir. O maldito telefone toca... Se for Nikki a essa hora, é muita falta de noção. Aliás, qualquer pessoa que seja é muita falta de noção. A secretária eletrônica, como sempre, me faz escutar o recado indesejado:

"Garota...", aquele desgraçado de cabelo espetado está bêbado, a voz arrastada. "Destiny Kelly O'Connor...", fala embolado. "Não é justo fazer isso comigo... Não é justo... Você está fodendo comigo, porra, fodendo minha saúde mental! Dia após dia, a heroína fica mais convidativa... N-não s-sei se v-vou aguentar..."

— Filho da puta chantagista! — levanto o tronco com os cotovelos, murmurando com indignação.

Mas será que é verdade? Será que Nikki pode voltar a injetar por minha causa, só porque não quero conversar com ele? Ele gosta tanto de mim assim?!

O idiota sabe jogar sujo.

Quatro semanas após o acontecido...

Chego às 17h30 em casa e Garfield me recebe com carinho e miados. Visitei três clínicas hoje, estou exausta, há meses não palestrava tanto em um único dia. Apesar do cansaço, é extremamente gratificante.

Acendo um cigarro, pego uma garrafa de cerveja na geladeira e, como tenho feito diariamente, vou direto ao telefone para conferir os recados pendentes na minha secretária eletrônica. Não sei porque faço isso comigo mesma, é mais forte do que eu, parece um tipo de masoquismo. Bem deprimente, talvez. Te odeio, Nikki Sixx.

"Destiny! Retorna essa ligação agora! Agora!", grita descontrolado, claramente chapado. Meu coração vira um nó, as pernas ficam moles. "Retorna essa ligação agora!", e bate o telefone com força.

Sinto-me perfeitamente como ele quer: o ser humano mais desprezível do universo. Sixx é um grave dependente químico em tratamento, vulnerável, o que se somatiza ao fato de ter tido um passado traumático e problemas psicológicos em decorrência disso. É inegável que, vendo-se em um beco sem saída, ele pode ter sofrido uma recaída terrível, potencialmente fatal.

Eu não quero ser a culpada.

Tudo bem que quem causou tudo isso foi o próprio, mas, de qualquer forma, não retornei as ligações ao longo das quatro semanas nem uma vez e puta que pariu! Puta que pariu esse gostoso do caralho! Minha cabeça está num turbilhão, tento organizá-la para decidir decentemente o que farei agora.

— Devo conversar com ele, Garfield?

— Miau. — o Persa laranja responde.

— Ok, vamos ouvir o que o otário tem a dizer! — bufo, prendendo o cabelo curto em um mísero rabo de cavalo.

Pego o telefone e retorno antes que perca a coragem. O som da ligação chamando me deixa trêmula. Depois de três toques, uma mulher atende:

Alô? — num piscar de olhos, parece que eu desaprendi a falar. Caramba... É a esposa do Nikki. — Alô?! — insiste. Escuto um bebê chorando no fundo... É o filho do Nikki.

Pigarreio.

— Boa tarde, senhora! — faço uma voz amável, típica de garota de telemarketing. — Desculpa o incômodo, mas o assunto é urgente. Sou secretária da clínica Betty Ford Center e acabo de verificar que há pendências no cadastro do paciente Nikki Sixx, você o conhece?

É meu marido. Que tipo de pendências? Não estou entendendo... Qual é seu nome?

— Elizabeth. — minto sem gaguejar, como uma expert. — Pelo que consta no sistema, o Sr. Sixx é nosso paciente desde janeiro, quando o cadastro era realizado de outra forma. Devido a uma mudança recente no setor administrativo, algumas cláusulas do contrato foram alteradas e agora são necessários mais documentos. Estamos ligando para todos os pacientes, solicitando uma atualização cadastral o mais breve possível. Eu poderia conversar com o Sr. Sixx, senhora, por gentileza?

Então... Você é de Betty Ford Center? — desconfia. — Secretária daí?

— Exatamente, senhora.

Hum... Ok. Vou passar o telefone.

— Obrigada! Tenha uma boa tarde! — sorrio, comemorando internamente.

Yeah!

Hollywood está perdendo uma atriz.

Sim? — quando Nikki atende, minha pressão despenca.

— Oi. — respiro fundo. Mesmo estando do lado de cá da linha, consigo sentir seu choque e o misto de emoções ao escutar minha voz. — É a Destiny...

My Sweet Destiny | Nikki SixxOnde histórias criam vida. Descubra agora