Capítulo 45

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Alana 🥀

A Ravena tinha me mandado mensagem, e mesmo após horas olhando o celular, ainda não fazia muito sentido pra mim.

"Foi a minha mãe, Alana. Me desculpa... a Rita me acusou, e no fim das contas minha mãe disse que te reconheceu. Por favor, não conta pra ninguém. Não faz nada com ela. Por favor. Em nome da nossa amizade."

Eu não consegui responder. Não conseguia formular uma boa resposta pra isso, porque na verdade não entrava na minha cabeça que a minha cara tinha sido entregue pela tia Miriam. Ela não fez nada, não demonstrou exatamente nenhuma reação quando a gente se encontrou no momento do assalto.

Ret: Criança - ele tirou o celular da minha mão, sentando ao meu lado no sofá - Não fica com essa cara, pô. Confia no Deus. Não vai acontecer nada de ruim.

Alana: Nem você tem certeza disso - suspirei, encostando minha cabeça em seu ombro, e senti seus dedos fazerem um carinho bom pelo meu braço - Você acha que a Ravena seria capaz de me entregar?

Filipe se remexeu um pouco, parecendo desconfortável. Mas por fim respirou fundo, antes de falar.

Ret: Ela gosta pra caralho da Rita, deu pra ver isso no dia da festa lá.

Alana: Acho que ela nem gosta da Rita... sei lá, acho que no fundo a Ravena idealiza que eles serão uma família feliz um dia - o Ret concordou, balançando a cabeça - Tu acha que se ela precisasse escolher entre eu e a Rita, do lado de quem ela ficaria?

Ret: É foda falar essas paradas, porque eu nem sei o que pensar disso.

Alana: Eu acho que ela escolheria a Rita, no fim das contas. Por pura ilusão, e eu sei que depois ela vai se arrepender por isso.

Ret: Ai vai de ti perdoar ou não.

Alana: Eu amo a Ravena. Eu amo ela de verdade, Filipe. Mas se isso for verdade...

Ret: Ela poderia até ser tua irmã, mas se isso for mesmo verdade, quem vai ser cobrada vai ser ela, tu tá ligada, não tá?

Alana: Me deixa fora disso - pedi - Não sou forte o suficiente pra fazer mal pra alguém que eu amo.

Ret: Tua escolha, minha criança.

Eu concordei, e voltei a me encostar no peito dele. Acabei nem percebendo quando eu dormi, mas quando acordei continuei de olhos fechados por um tempo, ouvindo o Filipe conversar baixinho com o Grego.

Ret: Parabéns, irmão. Progresso pra família.

Grego: Tava doido pra dar uma festona, tá ligado? Sair gritando pra todo mundo que eu vou ser pai, pô. Meu sonho, vai ser muito maneiro. Mas com todo esse bololô aí vai ser melhor esperar por mais um tempo.

Ret: Tua mulher tá bem?

Grego: Ta, enjoada pra caralho - o Filipe soltou uma risadinha - Acho que ela tá gostando mais de tu depois que separou da Fabiana. Ela nem implica mais quando eu digo que vou te ver.

Ret: Até eu tô gostando mais de mim depois que separei, mané. Também nem vou julgar a Malu, foi uma vida que eu te arrastava pra farra pra dar um perdido nela.

Grego: É, pô. Minha mulher não era a tua não. Chegava em casa e eu ia dormir no chão, ficava uma semana com as costas fodida.

Ret: Tu nunca botou moral, né. Ficou igual cachorrinho.

O Grego gargalhou.

Grego: Tu tá falando o que, Ret?! Tô te vendo cuidar dessa garota como não cuida nem de ti mesmo. Tá gamadão aí.

Eu segurei o riso, mas a vontade era de mostrar pra eles que eu estava acordada e que o Filipe era sim completamente maluco por mim, mesmo tentando esconder com toda aquela marra dele.

Ret: Ai, Grego - eu nem entendi o tom de voz que ele usou. Era uma conversa descontraída, e de repente seu tom ficou extremamente sério - Só quero que tu me prometa duas paradas na vida. Eu nunca te pedi nada, tu tá ligado. Não gosto disso. Mas acho que a situação tá fugindo do meu controle.

Grego: Manda teu papo.

Ret: Se der merda pra mim, a minha mãe e a Alana tão na tua mão, pô. Na tua e na do Rato. Só isso. De mais ninguém. Se ligou? Já caí uma vez, e foi tu quem cuidou da coroa, mas agora tem a Alana também, e tu precisa fazer isso por mim, só assim eu vou ter paz. Seja na cela ou em outra parada, se for assim eu vou ficar tranquilo.

Grego: Tu tem minha palavra, Ret.

Ret: Na tua mão, parceiro. Só na tua mão. Não quero saber de Deco, FK, e o caralho a quatro, sacou?

Grego: Tô te entendendo, irmão. Fica na paz.

Ret: E se a Alana cair... se der merda pra ela, promete pra mim que a tua tropa é a minha, como tu sempre falou. Que a gente é uma parada só. E que se eu precisar tirar um por um, vapor por vapor, desse morro pra mandar pra China atrás dela, tu não vai me impedir.

Grego: Só vou te impedir se tu for se meter em uma missão suicida, Ret. Tu já foi a minha cabeça em muitas paradas, e se eu te impedir, tu vai ter que me ouvir, como eu sempre te ouvi - falou - Mas é isso. Minha tropa é a tua tropa, e se tu quiser mandar vapor por vapor até a China atrás da tua mulher, tu vai ter o meu apoio.

Aquela conversa fez duas sensações estranhas se intensificarem dentro de mim.

Primeiro, e não menos importante, o Filipe realmente gostava pra caralho de mim, mesmo que se recusasse a demonstrar isso.

E segundo, a situação realmente não era das melhores, e eu que nunca fui se sentir medo, estava me tremendo só de imaginar o que ainda estava por vir.

Lado a LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora