Capítulo 50

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Alana 🥀

Quando eu era criança eu sempre imaginava como seria morrer.

Eu tinha muito medo. Não queria ficar longe da minha mãe, dos meus amigos, e principalmente do meu irmão. Mas eu sempre idealizava que fosse uma morte tranquila, serena, onde não houvesse dor, nem sofrimento, onde não houvesse sangue e não houvessem gritos.

Eu nunca pedi por uma morte onde não houvessem choques, e me arrependia amargamente disso a cada segundo que eu sentia o meu cérebro sendo fritado por aquela máquina infernal.

Eu já tinha mandado toda a coragem que um dia existiu dentro de mim pra puta que pariu. Não aguentava mais chorar, espernear e nem gritar. Eu simplesmente me entreguei, e cada vez que o Rafael me olhava, prestes a apertar o botão mais uma vez, eu só conseguia implorar pra que ele me matasse de uma vez por todas.

Tudo doía. E nada importava.

Nada, nem ninguém me importava mais. Eu só queria que aquilo acabasse. Eu só queria morrer.

Implorei pra Deus, pelo que me pareceram anos, para que me levasse de uma vez por todas, mas parecia que o cara lá de cima tinha me abandonado.

Aliás, não só ele. Parecia que todos tinham me abandonado, e nenhuma das promessas do Filipe, do Gabriel e do Daniel, ainda faziam algum sentido na minha cabeça. Eu não conseguia acreditar em nada mais.

Rafael: Já acabaram as piadinhas? - atraiu a minha atenção, fazendo com que eu lutasse pra abrir os olhos - Vai implorar pra ser morta mais uma vez?

Alana: Vai se foder! - juntei toda a saliva que tinha restado na minha boca, e cuspi na direção do homem, mas ele foi mais rápido e desviou a tempo de ser atingido.

Senti a mão nojenta dele tocando o meu rosto, e virei pro lado.

Rafael: Quanto tempo será que tu ainda aguenta? - sua mão desferiu um tapa no meu rosto, causando um corte no meu lábio, e eu consegui sentir o gosto nojento do sangue preencher a minha boca - Tic Tac.

Eu perdi as forças, não conseguia mais lutar, não conseguia mais falar. Já nem lembrava quantas vezes eu tinha desmaiado de dor. Meus braços permaneciam pendurados encima da minha cabeça, mas estavam tão dormentes por conta dos choques que eu achava que havia os quebrado.

O Rafael soltou mais uma ou duas piadinhas, tentando me forçar a retrucar, a lutar. O cara era sádico e se divertia pra caralho com isso. Mas eu nem consegui dar o que ele queria, e apaguei mais uma vez, antes que o botão fosse acionado o os choques de eletricidade se espalhassem pelo meu corpo.

Viva.

Me promete que vai ficar viva.

Independente de pra onde eu for.

Independentemente de pra onde tu for.

Me promete que vai ficar viva.

Eu queria chorar, queria me desculpar por não ser forte o suficiente pra cumprir a promessa que eu tinha feito a ele. Mas sentia que a cada segundo estava mais perto do fim.

Vou sempre dar um jeito de voltar pra tu, criança.

Sou teu Filipe, pô.

Lado a LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora