Conheci um anjo

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Ian:

—Quando você volta?—ela perguntou impaciente

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—Quando você volta?—ela perguntou impaciente.
—Hoje a noite!—respondi.
—Estou com saudades de você!—ela falou toda melosa do outro lado da linha.
Jéssica Blake era linda, sexy, inteligente e uma ótima companhia, só havia um problema, eu não gostava dela.
Ela seria a escolha perfeita de qualquer cara em seu juízo perfeito, era parceira, beijava bem, deixava um cara louco na cama, mas não me balançava nem um pouco fora dela.
—Preciso ir!—falei—Tenho uma reunião agora!
—Beijo!—ela disse.
~Ligação off ~

Eu era um homem ocupado demais para perder tempo com ligações cheias de açúcar, precisava estar focado no que realmente importava, minha carreira e meu sucesso.
Saí da reunião direto para o aeroporto, peguei um vôo direto para Portland, após visitar o túmulo daquela que havia me abandonado a própria sorte, sorri pensando em como toda a dor e decepção que ela me causou havia me deixado mais forte.
—Espero que esteja sofrendo o castigo que merece!—falei.
Virei as costas e deixei o cemitério.
Peguei o carro no estacionamento e comecei a dirigir de volta para casa.
Estava tudo bem, até começar a chover forte quase 1 hora depois de pegar a estrada.
—De onde veio toda essa água?—questionei.
Diminuí a velocidade em que dirigia pela rodovia, até que do nada apareceu um vulto na frente do meu carro.
Freei o mais rápido que pude.
—E essa agora?—questionei preocupado.
Desliguei o motor e desci do carro.
Havia uma jovem sentada no meio da rodovia, encharcada, seu joelho estava ralado.
—Hey,  você é louca?—perguntei irritado—Como se joga assim na frente de um carro?
Ela parecia bastante assustada.
—Você está bem?—questionei.
Ela não respondia nada, apenas tremia assustada, e então ela desmaiou.
—Droga!—falei.
Peguei ela no colo e carreguei até o banco do passageiro.
Ela era bem leve.
Pus o cinto de segurança nela, entrei no carro, dei partida e peguei o retorno de volta a Portland, dirigi o mais rápido possivél até o hospital mais próximo.
Era por volta das hrs 21:00 da noite quando chegamos ao hospital e ela foi atendida.
Quase uma hora depois a levaram para um dos quartos.
—Você é parente da paciente?—o médico perguntou.
—Não!—neguei—Nem sei o nome dela, ela estava caminhando na rodovia debaixo da chuva, por sorte eu não a atropelei!
—Verificamos seus pertences, seu nome é Maya Lopez!—ele disse—Pode ir vê-la agora, se quiser!
—Obrigada!—agradeci.
Fui até o quarto acompanhado pelo médico, ela dormia tranquilamente.
Ela tinha cílios compridos, os lábios apesar de estarem esbranquiçados eram bonitos e os cabelos eram longos fios castanhos levemente ondulados, mesmo ela estando pálida e com a aparência adoentada era uma jovem muito bonita, que aparentava pouco mais de 16 anos.
—Como ela está?—questionei.
—Fraca e desidratada!—disse o médico—Parece que ela não se alimenta há pelo menos 5 dias, exames de sangue, fezes e urina não apontaram nada!
—Ela parece bem jovem ainda!—falei—Será que ela fugiu de casa?
—Ela tem 18 anos, já é maior de idade!—o médico disse olhando a ficha—Não acredito que tenha fugido de casa!
"Maya Lopez, quem é você, e o que estava fazendo numa rodovia sozinha debaixo da chuva?" Me perguntei.
—Já que ela está bem eu vou deixar a conta do hospital paga e vou embora!—falei me virando para ir embora.
—Um momento!—o médico veio atrás de mim—Nos pertences dela não há telefone, referência, nem mesmo contato para avisar alguém da família.
—E daí?—questionei.
—Como você a trouxe, e assinou os papéis por ela, torna-se o responsável legal por ela até algum familiar aparecer ou ela ter alta!—ele disse.
—Mas você disse que ela era maior de idade!—indaguei.
—E ela é!—ele reafirmou—Mas está inconsciente e não sabemos nada sobre os antecedentes dela ou histórico familiar, isso faz de você o responsável por ela!
Só podia ser brincadeira.
—Tem um hotel perto do hospital!—ele disse—Pode passar a noite lá e retornar amanhã pela manhã!
—Ok!—suspirei resignado.
Eu odiava aquela cidade, mas não havia jeito.
Peguei o carro no estacionamento do hospital e fui até o hotel mais próximo, "The Francis".
Após fazer o registro, subi para o quarto e tentei dormir, mas minha cabeça ainda martelava, "o que aquela garota fazia sozinha na rodovia?"
Já eram quase hrs 02:00 da manhã quando finalmente consegui dormir.

Cheguei ao hospital por volta da hrs08:00 da manhã seguinte ao ocorrido.
Fui direto até o quarto onde a garota estava, bati na porta e entrei.
Ela olhou para mim dos pés a cabeça.
—Você é o homem que me socorreu na rodovia?—ela questionou.
Sua voz era doce e suave, seu rosto e lábios já estava corados.
—Sim!—respondi—Deveria ter mais cuidado, por pouco não atropelei você!
—Eu sinto muito todo o inconveniente que causei!—ela disse—E por ter passado a noite em Portland por minha causa, deve ser um homem ocupado.
—Já avisou aos seus pais que está aqui?—questionei.
—Não tenho pais!—ela disse calma e sem emoção.
—Algum outro familiar que possa se responsabilizar por você?—questionei.
—Não tenho ninguém!—ela disse—Deixei Des Moines para procurar trabalho em Seatle.
—A pé?—questionei confuso.
Ela era sozinha no mundo? Assim como eu?
Ela era praticamente uma criança, e já estava sozinha no mundo!
Era lamentável.
—Não podia pagar a passagem até Seatle!—ela disse—E provavelmente não terei dinheiro o suficiente para poder pagar a você por me colocar nesse quarto!
—Dinheiro não é o problema!—falei—O problema é você não ter se dado conta do perigo que correu andando pela rodovia. Sabe que tipo de pessoa dirigi por aí a noite? Poderia ter se machucado gravemente, ser sequestrada ou estuprada, ou até ter morrido.
—Por sorte uma boa pessoa me socorreu!—ela sorriu.
—Não sou uma boa pessoa!—falei.
—Você me ajudou, para mim é uma boa pessoa!—ela disse.—Não tenho dinheiro para retribuir o favor, mas posso trabalhar, sou forte e saudável, faço qualquer coisa que me mandar!
—Não posso empregar você!—falei.
—Por quê?—ela questionou.
—É jovem demais!—respondi—Deveria estar entrando para a universidade ao invés de trabalhar.
—Não posso pagar por uma faculdade!—ela disse de cabeça baixa—Tudo que posso fazer é trabalhar para que um dia eu consiga cursar uma.
Aquelas palavras eram realmente comoventes.
Espera, o que era aquilo?Eu estava me solidarizaram com o sofrimento alheio?
Um cara frio e calculista, que não ligava para nada além do trabalho, estava se comovendo com a situação de uma garota?
Por quê?
Talvez fosse porque eu sabia como era estar no lugar dela, e ter que lutar por tudo o que quer alcançar na vida.
—Você disse que é de Des Moines?—questionei
Ela apenas balançou a cabeça em afirmativa.
Ela tinha um ar tão inocente, que não parecia humana e sim um anjo.

Meu chefe irresistível Onde histórias criam vida. Descubra agora