Um sogro do inferno pt.1

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Ian:

Estava frio.
Maya se agarrou ao meu corpo como se fosse sua corda de salvação ao despencar do Monte Everest.
Me levantei devagar e peguei mais um cobertor no armário, após jogar o cobertor sobre nossos corpos eu abracei seu corpo contra o meu e contemplei a visão de Maya Lopez dormindo agarrada a mim.
Ela apareceu do nada em minha vida.
Entrou nela da mesma forma como entrou na frente do meu carro em Portland, como um furacão.
De aprendiz a secretária. De secretária a amor secreto, e de amor secreto ao meu caso de amor que só ela queria manter em segredo.
Mas, tudo bem.
Ela não queria se tornar o centro de fofocas.
Beijei sua testa e voltei a dormir.

Estávamos tendo um fim de semana incrível em Sitka.
Apesar do frio, já havíamos feito amor em quase todos os cômodos do chalé.
Mas infelizmente, no nosso terceiro dia fomos interrompidos por um telefone que insistia em tocar.
-É melhor atende logo!-ela disse-Assim poderemos ter paz!
-Se eu atender e não for importante, eu vou matar o infeliz que me ligou!-falei pegando o celular.
Era o número César.
Poderia ser mesmo algo importante.
~Ligação on ~
-Sim!-falei ao atender.
-Senhor, desculpe interromper seu fim de semana!-ele disse.
-Pode falar César!-falei.
-Descobrimos, senhor!
-Ok!-falei apenas.
~Ligação off ~
-Precisamos voltar!-falei me levantando.
-Aconteceu alguma coisa?-ela perguntou preocupada.
-Sim!-respondi-Mas não precisa se preocupar!
-Tudo bem!-ela concordou-Vou arrumar nossas bagagens!
Finalmente encontraram o cara que estava atrás de Maya, e agora eu saberia quem era ele e resolveria o problema.

Era por volta das hrs 14:00 da tarde quando aterrissamos no aeroporto de Seatle.
Deixei Maya em casa sem entrar em detalhes sobre o que eu ia fazer e fui encontrar com César.
Dois seguranças a observavam de longe, então eu estava tranquilo.
Marcamos em um galpão antigo da empresa, que não usávamos mais.
-E então?-perguntei assim que cheguei.
-Senhor, é que...
-O quê?-perguntei preocupado-aconteceu alguma coisa?
-É só que...
-Mas que droga heim!-uma voz masculina veio de dentro do carro de César-Que merda você aprontou Ian?
-Quem está lá dentro?-perguntei.
-Não reconhece mais a voz do seu melhor amigo?-Elliot desceu do carro-É só eu me ausentar por um tempo e tudo se torna uma bagunça!
-Elliot, o que faz aqui?-perguntei confuso.
-Não vai me cumprimentar antes?-ele questionou.
Sorri e o abracei forte.
-Quando voltou de Londres?-questionei.
-Ontem!-ele disse.
Há três anos atrás eu enviei Elliot para cuidar da filial da minha empresa em Londres, já que ele era a pessoa em quem eu mais confiava.
-Ele me procurou enquanto o senhor é a senhorita Lopez estavam no Alaska!-César contou-Eu contei sobre a investigação a ele!
-Foi mais fácil descobrir com a minha ajuda!-Elliot disse-Já que eu conheço o cara!
-Como assim, conhece o cara?-perguntei confuso.
-Venha!-ele me chamou.
Nos sentamos em uma mesa e César despejou algumas fotos de um envelope em cima dela.
Era um homem de cerca de 45 anos, com aparência maltratada provavelmente pela bebida e cigarros.
-Reconhece esse homem?-Elliot perguntou.
-Não!-respondi.
-Nem poderia!-ele disse-Você nunca o viu!
-Quem é ele?-questionei.
-Seu sogro!-ele contou.
-Como disse?-perguntei em choque.
-Esse é Julian Lopez, o pai da Maya!-ele esclareceu-Sua devotada secretária e amada namorada!
-Se ele é o pai de Maya...-pensei.

-Tantos trabalhos para alguém tão jovem ainda!-falei.
-Ela trabalha desde os 13 anos, senhor!-Elliot disse-O pai é alcoolatra, a mãe é fiel a ele como um cão, a jovem teve que começar a trabalha cedo para que ela mesma pudesse levar os estudos até o fim.
-Ela disse que não tinha pais!-falei
-Eu também não iria querer pais assim!-ele disse-O pai a espancava desde criança, e a mãe fechava os olhos, vizinhos testemunhavam diariamente os maus tratos sofridos pela garota, e a negligência da mãe, o dia em que ela foi embora, os vizinhos ouviram a mãe mandar ela deixar a casa!

-Ele não quer ter uma conversa franca de pai e filha com ela!-falei-Maya estará em perigo perto dele!
-Foi o que eu pensei também!-Elliot disse-Deve descobrir o que ele quer com ela!
O celular de César tocou e ele se afastou um pouco para atender, e retornou alguns segundos depois.
-Senhor, ele foi atrás dela!-ele disse-Está rodeando a frente da casa da senhorita Lopez neste momento!
-Traga-o até mim!-pedi.
-Sim senhor!-ele concordou e voltou a falar no celular.

-Me soltem, seus brutamontes!-ouvi os gritos do homem antes mesmo que ele entrasse pela porta do galpão-Não podem fazer isso comigo!
Os seguranças arrastaram o homem para dentro do galpão e o trouxeram até mim.
-Quem é você?-ele perguntou-O que quer comigo?
-Em primeiro lugar, você sabe muito bem quem sou eu!-falei analisando o homem-Em segundo, eu faço as perguntas aqui!
Joguei as fotos dele rodeando a casa de Maya sobre a mesa.
-O que quer com ela?-perguntei sério-Julian Lopez!
Ele olhou para mim assustado, quando pronunciei seu nome.
-Por quê está rondando a Maya?-questionei.
-Nada!-ele negou-Apenas quero vê-la, saber como ela está!
-Como?-Perguntei incrédulo no que eu havia acabado de ouvir.
-Pode não parecer, mas eu me preocupo muito com a minha filha!
Sorri da cara de pau dele ao dizer aquilo.
-Se preocupa?-questionei-Quer que eu acredite nisso?
-Óbvio!-ele disse-Sou o pai dela, é normal que eu me preocupe.
-Preocupação é tudo que você não tem por ela!-falei indignado-Você e a sua esposa a espancavam e a obrigavam a trabalhar desde criança, e ainda expulsaram Maya de casa quando ela era apenas uma garota inocente!
-Inocente?-ele sorriu-E agora ela está dormindo com o próprio chefe, quanta inocência a dela, uma vagabunda maldita e ingrata, isso é o que ela é de verdade!
Eu estava ouvindo bem?
Ele chamou a minha mulher de vagabunda? Na minha frente?
Ele ousava?
Cretino desgraçado.
Eu estava faíscando de ódio.

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