Olá querida!

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Ian:

Era por volta das hrs 06:45, eu estava acabando de fechar os botões da minha camisa, quando Maya chegou.
—Ian!—a voz dela ecôou exaltada quando entrou no meu quarto—Como pôde fazer isso sem me perguntar nada antes?
—Do que está falando?—perguntei confuso.
—Sou sua secretária!—Ela disparou—Acha que sou sua prisioneira ou o quê?
—Como assim?—questionei—Por quê está tão exaltada?
—Você colocou aqueles dois brutamontes para me espionarem!—ela disse irritada.
—Ah!—sorri. Droga, fui descoberto—É isso então?
—Como?—ela pareceu ficar ainda mais irritada—É isso? Está me vijiando, por que ?
—Nada de mais!—falei—Só por precaução!
—Precaução?—ela questionou—Ian eu não sou seu brinquedinho, nem sua posse para você ficar tentando me controlar!
—Não é nada disso!—me defendi.
—Você colocou dois gorilas para me seguirem!—ela se defendeu—Eu exijo que você os tire da minha cola!
—Desculpe Maya!—vesti o paletó—Não posso fazer isso!
—Que?—ela perguntou furiosa—Não pode?
—É para o seu bem!—falei—Não questione, por favor!
—Você está louco se acha que vou aceitar andar por aí sendo vigiada por capangas seus!—ela rebateu.
—Não estão vijiando você!—neguei.
—Ah não?—ela sorriu irônica—Estão fazendo o que então?
—Estão fazendo sua segurança!—respondi.
—Minha segurança?—ela questionou—Pelo amor de Deus, você é o gênio bilionário aqui, não eu!
—Desculpe!—falei—Não posso arriscar!
—Arriscar o que?—ela perguntou—Eu estou em perigo?
—Você é muito importante para mim, e sua vida vale mais do que a minha!—falei—Isso é tudo o que você precisa saber!
—Como assim?—ela disse apreensiva—Tem algo acontecendo?
—Maya, por favor...
—Não!—ela disse alto—Eu quero saber!
—Você não precisa saber!—gritei alto—É assunto meu!
—Ian King, eu exijo saber agora o que está acontecendo!—ela disse firme.
—Exige?—sorri frustrado—Eu sou o seu chefe, só eu posso exigir algo!
—É mesmo?—ela perguntou irritada—Então saiba que eu estou me demitindo, senhor!
Sorri achando que era brincadeira.
Mas não era.
Maya ficou cada vez mais séria, suas feições endureceram, seu maxilar travou e seus olhos me encaravam com fúria.
—Está falando sério?—questionei.
—Não sou seu brinquedinho, sr. King!—ela disse—Ter dormido com você não me torna sua propriedade, sou uma pessoa, e se não vai me tratar como tal, eu me demito!
Sem dizer mais nada Maya pegou a bolsa e deixou o quarto.
—Maya!—gritei—Maya, espere!
Deixei o quarto e desci os degraus da escada o mais rápido que pude.
—Maya, espere!—segurei em seu braço e a virei de frente para mim—Me escuta!
—Escutar?—ela olhou nos meus olhos fixamente—Não quero ouvir mais nada!
Maya se soltou da minha mão e se virou para ir embora.
Antes que ela chegasse a porta eu a abracei por trás.
—Me solta!—ela pediu tentando  desvencilhar-se do meu abraço.
—Eu nunca vi você como objeto ou como brinquedo!—falei a apertando contra meu peito—Mas também não vejo você como uma simples pessoa, você é tudo o que eu tenho!
—Ian...
—Eu não quero vijiar você!—continuei—Eu só quero que esteja segura quando eu não estiver por perto, eu não posso perder você!
Maya se soltou do meu abraço e se virou de frente para mim, com um toque suave ela acariciou meu rosto.
—Ian, me diz o que está acontecendo, por favor!—ela pediu.
—Era para você nunca saber disso!—falei—Eu não queria que se preocupasse, queria que estivesse feliz e segura sem nunca precisar saber de nada!
—Ian!—ela me abraçou—Eu estarei mais segura se você me disser, não acha?

Maya:

Ian suspirou resignado, se sentou no sofá e de cabeça baixa ele disse:
—Julian Lopez!
Julian? Julian Lopez? Me questionei mentalmente diversas vezes se eu havia ouvido direito o nome que ele falou.
—O que disse?—questionei apreensiva.
—É isso mesmo que você entendeu!—ele disse—Julian Lopez, seu pai, estava seguindo você!
Me sentei para não cair.
—Como pode ser?—Perguntei amedrontada—Como ele me encontrou!
—Não é só isso!—ele disse sério—Ele, de alguma forma, descobriu que estamos juntos, agora ele pensa que...
—Eu me dei bem!—completei—Você o viu? O que ele quer?
—Sim!—ele afirmou—Dei bastante dinheiro para mantê-lo longe de você, mas tenho certeza que ele voltará quando o dinheiro acabar, tive medo por sua segurança, por isso os guarda-costas!
—Então ele sabe onde eu moro!—deduzi apreensiva—Onde trabalho!
—Me desculpa por isso, Maya!—ele disse—Se eu não tivesse me envolvido com você, talvez isso não tivesse acontecido!
—Ian, isso não é culpa sua!—segurei sua mão—É dele por ser um péssimo pai, e um mal caráter. Eu ainda me lembro claramente da risada maldosa dele e de como ele sentia prazer em me bater, eu o odeio mais que tudo na minha vida!
—Não se preocupe, ok?—ele me abraçou forte—Eu vou te proteger, aquele cretino nunca mais vai encostar um dedo sequer em você!
O abraço dele era quente e carinhoso, me fazia bem, mas não acalmava a angústia que se instalava em meu peito.
Antes era só eu a sofrer nas mãos daquele monstro, agora o homem que eu amava também poderia ser prejudicado ou até mesmo ferido por ele também.
Isso não podia ser.
Ian, apesar da má fama era um homem bom e extraordinário.
Ele me estendeu a mão quando nem sabia nada sobre mim. Ele me salvou das trevas e da dor que eram a minha vida.
Com ele eu tive estudos, um ótimo emprego, alguém em quem me apoiar,  e finalmente alguém em quem confiar, ele foi a única pessoa a se importar de verdade comigo, e mesmo tendo cicatrizes tão grandes do passado ele não se importou em cuidar das minhas.
Ian King era simplesmente o significado da palavra amor na minha vida, e eu nunca, jamais deixaria que aquele monstro tentasse machucar o meu amor.
Pelo Ian, eu não teria mais medo do meu pai.

Era por volta das hrs 14:00 quando um dos seguranças da empresa veio falar comigo, dizendo que havia alguém na sala de espera querendo falar comigo.
Mas nem nos meus piores sonhos eu imaginei que seria ele...
—Olá querida!—o sorriso dele se alargou.
Meu pai.
Ele estava na minha frente. Novamente com aquele sorriso repulsivo.
O monstro de toda a minha infância e adolescência estava novamente na minha frente, sorrindo impiedosamente.
Mas dessa vez ia ser diferente.
Eu não tinha mais medo dele.
Sorri ao constatar isso.
—Então, você teve a audácia de me procurar!—falei cruzando os braços—Você é inacreditavél!

Meu chefe irresistível Onde histórias criam vida. Descubra agora