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Cole Sprouse

Quando as portas do elevador se fecharam, a expressão irritada do meu rosto sumiu e tudo o que eu fiz em seguida foi deixar as minhas lágrimas correrem por meu rosto. Não que eu fosse mudar de ideia em me afastar dela, mas se existia algum resquício de dúvida, morreu quando ela reafirmou que não sentia nada por mim. Naquele momento eu tive certeza de que era melhor acabar com tudo antes que eu me envolvesse ainda mais.

Passei a noite na minha varanda, bebendo todo o álcool que eu tinha em casa e chorando da mesma maneira que chorei quando a minha mãe foi embora há dezoito anos. Me sentia aquele garotinho de dez anos com o coração em pedaços de novo.

No meio da madrugada, depois de reler a carta do meu pai dezenas de vezes, eu resolvi que iria confronta-lo. Peguei a minha jaqueta, guardei a carta em meu bolso e saí de moto até o prédio do meu pai. Como de costume, o porteiro me deixou passar sem precisar interfonar. Chegando à cobertura, eu fiquei tocando a campainha sem parar, mostrando a urgência daquela visita.

A porta foi aberta com muita pressa e eu encontrei o meu pai com a cara amassada e os cabelos desgrenhados ainda tentando dar um nó em seu robe. Ele havia acordado assustado com o barulho da campainha, com certeza.

— Filho, o que aconteceu? — alarmou-se. — Está tudo bem? Você está bem? — foi perguntando enquanto me puxava pelo braço para o interior do apartamento.

— Eu preciso conversar com você.

— O que? Engravidou alguém? Foi a Lili?

— Que? Não!

— Então qual o motivo de quase ter me causado um ataque cardíaco?

— Eu falei com a Melanie hoje.

Ele ficou sério e em silêncio, mas depois fez sinal para que eu sentasse no sofá, sentando ao meu lado em seguida.

— E como foi? — perguntou.

— Ela me pediu perdão, o que já era de se esperar. E depois ela me deu uma coisa. — enfiei a mão no bolso da jaqueta e tirei a carta de lá. — Reconheci a sua letra, mas eu quero que você confirme se foi você quem escreveu.

Os dedos do meu pai estavam trêmulos quando ele ergueu a mão e segurou o papel. Enquanto lia, Matthew engoliu em seco e demorou a erguer os olhos para mim novamente.

— É. Fui eu quem escreveu e enviou para a Melanie. — admitiu.

E meus olhos se encheram de lágrimas novamente. Apoiei meus cotovelos nos joelhos e cobri meu rosto com as mãos. Eu queria gritar, espernear, soluçar como um bebê ou fazer qualquer coisa que descarregasse aquela enxurrada de decepção que me invadiu.

— Eu devia ter te contado, Cole. Eu sinto muito. — pousou a mão em meu ombro. — Eu estava puto quando mandei isso. Passei anos da minha vida amargurado com a sua mãe. Só voltei a ser realmente eu depois que começamos o nosso negócio. Mas já tinha se passado tanto tempo que eu fiquei com medo de contar e te deixar magoado comigo.

— Uma hora ela voltaria e me contaria.

— Eu não achei que ela fosse voltar. Bom, talvez no seu aniversário de dezoito anos, mas ela não fez isso. Então eu sustentei a história de que ela não voltou porque ela não quis.

— Vocês dois... — fiquei de pé e comecei a caminhar de um lado para o outro enquanto o meu pai me observava. — Vocês dois são uns imbecis! — berrei. — Você me privou de ter a minha mãe presente e ela nem moveu um dedo pra lutar por mim!

— Infelizmente só me resta admitir o meu erro e te pedir perdão. Não posso mudar o passado. — lamentou, a dor transparecendo em seu rosto.

— Sabe o que eu vou fazer? Eu não quero ninguém perto de mim! Nem você e nem a Melanie. Eu preciso de um tempo longe das pessoas responsáveis por foderem com o meu psicológico!

Enemies with Benefits ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗOnde histórias criam vida. Descubra agora