Cole Sprouse
A segunda passou, a terça e todo o dia ensolarado de quarta também. Tudo o que eu fiz nesses três dias foi trabalhar arduamente, não permitindo que a minha cabeça tivesse algum espaço livre para pensar em coisas que me deixavam com uma sensação de aperto no peito.
Lili não me ligou mais depois que eu disse que não queria a companhia de ninguém. Eu imaginei que ela fosse esperar que eu tomasse a iniciativa de procurá-la. Acontece que eu nem mesmo mexi em meu celular nesses últimos dias. Ele ficou em meu bolso apenas para emergências e para que eu atendesse qualquer outra pessoa que não fosse a Lili ou a minha mãe, que me ligou tanto que só as suas ligações fizeram o meu celular descarregar mais rápido algumas vezes.
Se eu poderia bloquear o número dela? Sim, poderia. Mas a verdade era que cada vez que eu ignorava uma chamada, dizia a mim mesmo que na próxima estaria pronto para atender e ouvir. Entretanto, eu nunca estava.
E em mais uma noite afundado na minha solidão absoluta, eu abri uma garrafa de cerveja, liguei o som em um volume médio e sentei em uma das cadeiras da varanda, observando a cidade. Alguns minutos depois de me acomodar, a minha campainha tocou. Franzi minha testa, estranhando o fato do porteiro não ter interfonado.
Saí da varanda e fui até a sala. Cheguei à porta e a abri. Meu primeiro pensamento era de que seria o meu pai, mas só sendo um assunto muito urgente para ele ir até o meu apartamento sem avisar por mensagem. E para a minha surpresa, não era ele. A outra pessoa responsável por cinquenta por cento dos meus cromossomos estava ali.
— Oi, Cole. — ela soltou o ar após o cumprimento e engoliu em seco numa clara postura de nervosismo.
— Não acredito que a Lili fez isso. — resmunguei e respirei fundo.
— Por favor, não fique bravo com ela. — falou rapidamente. — Tenho certeza que depois que me ouvir vai entender o motivo de ela ter me dado o seu endereço. — ela fez uma pausa e ambos ficamos em silêncio por poucos segundos. — Eu posso entrar?
Que alternativas eu teria além de deixar que ela falasse o que precisava? Se eu não desse aquela abertura logo, Melanie não pararia de me procurar. Não estava nos meus planos reaver a minha mãe depois de tanto tempo e eu continuava com a ideia de que não precisava dela a essa altura do campeonato. Por mais que eu fosse ouvi-la, aquilo não daria em nada.
Depois que eu dei espaço para que ela entrasse, Melanie sentou no sofá e eu na poltrona. Balancei minha mão indicando que aquele era o momento certo para ela dizer o que queria.
— Eu ensaiei esse momento centenas de vezes, mas agora parece que tudo sumiu da minha mente. — suspirou. — Primeiro eu quero te pedir perdão por não ter estado presente na sua vida. Não imagina o quanto eu quis presenciar os seus melhores momentos.
— Quis? — ergui uma sobrancelha. — Bastava vir me visitar.
— Não era bem assim.
— Não era bem assim? — meu nível de irritação começou a subir. — Minha adolescência foram os piores anos da minha vida. Quando você foi embora, deixou feridas abertas que sangraram até o papai conseguir se reerguer sozinho. Ele não dava atenção pra nada e a única forma de me sentir conectado a ele era fazendo com que ele tivesse que resolver as merdas que eu fazia no colégio. Tem noção do que é passar anos vendo o seu pai definhar por causa de uma mulher que não o merecia?
Com toda certeza minhas palavras a deixaram nervosa. A respiração de Melanie ficou mais intensa e ela passou a mão no próprio rosto excessivas vezes. Quando seus olhos encheram de lágrimas, ela olhou para cima e soltou o ar devagar, uma maneira de manter a calma.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Enemies with Benefits ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗ
FanfictionO colegial foi a pior fase para Lili, que era um clichê perfeito da nerd com poucos ou nenhum amigo que vivia sendo alvo de bullying. E o grande responsável por seus piores momentos era Cole Sprouse, o clichê do bad boy popular. Não, ele não era cap...