Capítulo XVI

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Rita Skeeter conseguia sentir o cheiro de um furo de notícias a quilômetros e pouquíssimas foram as vezes em que seu tino jornalístico falhou. Ela sabia que havia potencial no que observou uma semana atrás no parque em Grimmauld Place e o desaparecimento por sete dias do herdeiro Black fomentou sua caçada por detalhes de uma das famílias mais polêmicas e, ironicamente, mais inacessíveis da aristocracia bruxa.

Não é preciso dizer o frenesi no qual a jornalista mais sensacionalista do mundo bruxo se encontrava estando sentada diante de Regulus Black, o mais intrigante dos membros daquela família, vestindo um blazer preto, uma camisa social branca abotoada de maneira um tanto casual para seus padrões, e um óculos de sol que tinha certeza absoluta ser um acessório de Sirius Black, pois o vira usando aquele mesmo óculos três dias atrás em uma saída com James por Galway. A reconciliação dos irmãos Black poderia por si só ser uma grande notícia para ocupar a primeira página do jornal, se Voldemort não fizesse nada para roubar essa posição, mas nem mesmo aquele bruxo que andava sendo o queridinho da imprensa poderia ofuscar o que realmente seria evidenciado na manchete da próxima edição do jornal. Bem ali, em uma das ruas mais caras de Paris, com o braço ao redor dos ombros de um herdeiro, estava o jovem Thomas Marvolo Riddle Jr., um escravo trouxa.

Se Skeeter estava ansiosa para uma das matérias que poderia marcar o início de uma nova geração do Conselho Bruxo de maneira histórica, o casal juvenil parecia duplamente mais interessado em colaborar com aquela entrevista, fizeram questão de convidá-la para se juntar a eles no café da manhã. Oh, se ela soubesse um terço da malícia deles por trás daquela boa vontade! Se Rita soubesse que seu venenoso jornalismo estava prestes plantar a semente da empatia em toda uma população que um dia renderia frutos venenosos para Perseus Rosier... Se ela soubesse que aqueles dois garotos tão belos, com sorrisos tão atraentes, eram um príncipe vilanesco e um anjo caído, ambos tão traiçoeiros quanto lindos. Mas Rita não poderia imaginar algo assim nem em seus mais ousados devaneios e teorias, para ela nada mais se tratava do que um ato de rebeldia adolescente para render discussões familiares, uma aventura romântica juvenil apimentada com dramas familiares.

─── Espero que não leve isso como uma ofensa, senhor Black, mas fiquei um tanto surpresa pela sua colaboração. Não é comum dos membros da sua família esse tipo de comportamento com a imprensa.

A pena mágica já batia a ponta no bloco de notas aguardando a resposta do garoto.

─── Apesar de prezar por manter minha vida pessoal fora dos tabloides, Tom e eu conversamos muito nessa última semana e decidimos cooperar para que tudo seja dito sem meias verdades ou completas mentiras. Sabemos que depois do ocorrido no parque seria inevitável nossos nomes aparecerem nos jornais por algum tempo.

─── Tom? Um apelido um tanto íntimo, hm?

Skeeter e sua acidez nada sutil, tediosamente previsível. Thomas abriu um sorriso jovial para a mulher e em seguida levou os lábios ao pescoço de Regulus, beijando entre a mandíbula e o pescoço. Os olhos da jornalista brilharam e ambos puderam ouvi-la sussurrar para a pena um "descreva isso tim-tim por tim-tim!".

─── Sendo eu um grande fã do seu trabalho, senhorita Skeeter, faço questão que também me trate pelo apelido. Claro, se assim quiser. ── Tom disse com uma intimidade simulada, a mesma que iludia seus colegas de trabalho nos portos sobre uma amizade da qual não tinham de verdade. Seu carisma encantou Rita da mesma forma com que encantou aqueles pobres homens.

─── Mas que graça! Um fã! ── e com risos compartilhados, ela acrescentou logo em seguida ── É um rapazinho encantador, Tom. Posso compreender o que levou o nosso jovem Regulus a cometer uma loucura como fugir com o próprio escravo por todos esses dias.

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