The Heirs

Capítulo XXV

Augustus Rookwood era um bajulador irritante, mas sabia cumprir bem seu trabalho. A grande ironia era alguém que naturalmente chamava tanta atenção pela boa aparência ser um excelente agente duplo, sendo que a única vez em que pisou em falso e levantou suspeitas rapidamente contornou a situação e fez Mafalda Hopkirk ganhar uma estadia de uma semana na sala de interrogatório com meia dúzia de falsas acusações e um álibi convincente.

Enganá-lo não era fácil, era praticamente um detector de mentiras ambulante e por isso estava sempre perto de Perseus em reuniões e sessões de interrogatório com prisioneiros.

A presença dele não tinha como ser ignorada, era forte, tinha tatuagens de runas no pescoço em uma altura ideal da extensão para que a barba ruiva não cobrisse. Seus olhos eram escuros, quase pretos, o que tornava até mesmo a mais suave das expressões algo intimidador. Tal como qualquer membro que tivesse a marca no braço, ele aparatou direto dentro da mansão e parecia com pressa quando veio na sua direção.

─── Barty, preciso falar com o Lorde das Trevas.

─── Ele saiu em uma busca urgente.

─── Merda. Isso também é urgente! Urgente de verdade!

─── Está insinuando que os afazeres de nosso milorde são triviais? ── acusou cerrando os olhos, aproximando do homem sem se deixar intimidar pela diferença de altura.

─── Não, estou falando que Perseus está mandando um esquadrão inteiro pra cá. Vão chegar a qualquer momento e a ordem foi de destruição total da propriedade, vocês precisam evacuar essa casa.

Oh merda, pensou, não escondendo seu descontentamento com a notícia. Pensou que as probabilidades eram baixas demais de acontecer algo assim logo naquele dia, mas lembrou do recado. Provavelmente a entrega do corpo de Pettigrew não foi apenas fazendo uma chacota pública algo a mais foi feito para tirar Perseus do sério dessa forma.

─── Quanto tempo temos?

─── Eu não sei, mal tive uma brecha para sair de lá antes, o Ministério está caótico por causa da merda que vocês fizeram!

─── Eu avisarei os outros imediatamente.

Rookwood tinha pressa para voltar, assim reforçou que precisavam evacuar o lugar o quanto antes e retornou ao Ministério antes que a ausência dele fosse notada.

Era sua vez de acelerar os passos pelo corredor para chegar à sala de reuniões. Ao seu lado, a figura do velho colega surgiu e ele estava tenso, mas não pela mesma razão, sequer devia ter ouvido a conversa, só odiava mentir para Tom.

─── Eu odeio fazer isso. ── o verdadeiro Barty disse.

─── Eu sei. ── pairando rapidamente a varinha por seu próprio corpo, desfez o efeito da polissuco para recuperar sua aparência. Barty suspirou com pesar e segurou seu braço. Era uma péssima hora para isso, péssima. ── Barty, agora não.

─── Só me dê um minuto, eu preciso que me diga o que pretende fazer aqui, Reggie.

─── O que eu disse era a verdade, vim para esperar Tom e conversarmos a sós. O que acha que vim fazer aqui?

Por um breve momento percebeu a ponta de decepção nos olhos dele. Barty de alguma forma ainda devia ter esperanças de que a vez dele chegaria. Tinha que admitir, Bartemius era um servo extremamente fiel a Thomas, mas mesmo que isso acarretasse em estar contra Regulus em situações de conflito como aquela, o coração dele ainda lhe pertencia. Sempre pertenceria, isso estava claro e era lamentável que não houve um momento em sua vida que cogitou retribuir simplesmente porque Tom ocupava todo o espaço desde muito antes de se conhecerem. Talvez se demorasse apenas um ano a mais para chegar em Grimmauld Place, as coisas poderiam ser diferentes – apesar de Reggie não desejar de forma alguma que fosse diferente.