Capítulo XX

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1981

Tremia da cabeça aos pés, era um covarde, sabia disso, mas era diante da presença de Perseus Rosier que aquela voz na sua cabeça gargalhava até chorar o chamando de covarde com a voracidade que um humorista contava sua piada favorita.

O escritório nem tinha uma paleta de cores tão escura, mas a presença intimidadora fazia tudo parecer negro, até a estátua do busto de Alexandre, O Grande enegrecia e ganhava um distorcido sorriso. Merlin, quando foi que se deixou ser rodeado por tantos loucos? Rosier, Voldemort... Não eram loucos, antes fossem, ao menos tudo o que faziam não soava tão sombrio. Eram lúcidos. Aquele par de olhos azuis o encarava com uma lucidez assustadora, o sorriso condescendente dizia "você vai dizer o que eu quero saber porque não quer acabar sendo torcido como um pedaço de trapo enxarcado bem no meio desse escritório", e estava certo, contaria absolutamente tudo, porque era um covarde e foi sua covardia que o manteve vivo até agora, por isso não se envergonhava dela.

─── Você precisa dar algo bom dessa vez, porque estou perdendo nessa guerra e suas informações têm sido inúteis.

Calmo, assustadoramente calmo estava Rosier, inclinado na sua frente com as mãos nos próprios joelhos, como se falasse com uma criança minúscula. Ele tinha que contar ou morreria, mas se contasse também morreria e não tinha certeza se algum dos lados forneceria uma morte menos pior.

─── E-eu tenho algo bom, mas...

─── Mas? ── ele perguntou quase cantarolando. Preferia que ele estivesse mostrando mais raiva, que fosse só um pouco mais transparente, porque aquela calma toda dava calafrios.

─── Se eu contar e o Lorde das Trevas-

Guinchou de susto quando as duas mãos enormes de Perseus bateram com força nos braços da poltrona. Retirava o que pensou antes, vê-lo menos calmo era mil vezes pior.

─── Não. Diga. Esse. Título. ── soltou as palavras entredentes ── Ele não é lorde de nada, não é nada.

─── D-d-d...

─── D-D-D-D! ── Perseus imitou sua gagueira desdenhosamente, mas tão súbita quanto foi a vinda daquele acesso de raiva, foi a volta à calmaria. Ele riu com camaradagem, dando palmadas leves na sua bochecha para descontrair. ── Ele não vai matar você, porque se me der exatamente o que preciso saber, o matarei antes, você entendeu? Hm?

Não conseguiu verbalizar, tremia tanto que até suas cordas vocais pareciam ter perdido a firmeza, então apenas concordou freneticamente com a cabeça. Lágrimas estavam surgindo nos seus olhos e não as forçou para dentro porque descobrira semanas atrás que ele ficava ainda menos suscetível à violência quando as lágrimas vinham rápido, bastava ter cuidado para não deixá-lo com vontade de dar um "motivo de verdade" para chorar.

─── Eu... sei quem ele é, mas não sei onde ele reside, isso fica em sigilo total de todos.

Silêncio e expectativa, esta que se transformou em impassibilidade nos olhos de Perseus.

─── Um nome. Preciso do nome.

Apertou os dedos com força na borda da poltrona. Estava morto, estava fodidamente morto se ele não matasse Voldemort antes que este descobrisse sua traição.

─── É o Tom... Tom Riddle.

Parecia que algo tinha sido iluminado na mente de Rosier, ele recuou atônito por alguns segundos e depois começou a gargalhar, andando de um lado para o outro com passos largos e lentos. Ele passou a mão no cabelo, depois desceu para a barba e caminhou até o armário de poções particular que mantinha bem protegido, tirou dali um pequeno frasco que já conhecia bem.

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