12. Tiros

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As coisas fluiram. Era fácil para os dois estarem juntos.... A atração que sentiam um pelo outro sempre os colocava no único lugar em que não brigavam: na cama.
Com a família de Robert  tudo estava na mesma, ele ia na casa dos pais sozinho assim como Ana ia na casa dos pais dela sozinha. Ambas as famílias se recusavam a aceitar aquela loucura.
4 meses se passaram desde que tudo começou e era um dia normal para ambos. Robert saiu para o estúdio e Ana para o plantão na emergência do hospital e para sua alegria o Rh tinha lhe chamado para acertar as papelada da clínica filantrópica que iria abrir. 
Ela estava saindo da sala de reuniões e ia entrar no elevador quando achou que viu a silhueta de Michael no corredor da cirurgia, mas quando voltou para trás viu que se enganou.
- Preciso de um café.- murmurou para si mesma, virou para ir a lanchonete.- Oi, jess, me vê um cappuccino com chocolate, por favor.
- Claro, Ana. – disse a atendente uma menina baixa, de cabelos loiros e olhos muito azuis.- E como está o maridão?
Ana riu. Ela sempre perguntava.
- Bem.
Jess olhou para ela.
- O tiro foi de raspão então?
O sorriso se foi. Ana sentiu um vento gelado subir pelas suas pernas.
-  Que tiro?
A garota olhou para ela, os olhos arregalados e a boca semi aberta. Sem esperar pela resposta Ana saiu correndo pelos corredores, derrapou na frente do elevador e depois de apertar o botão 10 vezes muito rápido ela desistiu e foi pelas escadas. Chegou rápido no andar da cirurgia e só não derrubou a porta doo centro cirúrgico por que Letícia e Karolaine não deixaram.
- Me larga!
- Amiga, não.
- Como não? Me solta, Letícia!- ela gritou.
Michael, Claire,  um homem que ela não conhecia e mais duas mulheres muito parecidas com Claire entraram em seu campo de visão.  Elas choravam.
- O que aconteceu?- ela praticamente gritou para Michael.
Pela primeira vez Michael estava acuado, com a feição preocupada.
- Foi um acidente.- ele disse baixo.- Ninguém no estúdio sabia que a arma estava carregada.
- O QUE?
- Ana....
- Não me mande ficar calma, Letícia.- ela gritou.- Me fala qual é  caso? FALA!
- Amiga, eu não sei.... Ele estava inconsciente.... Teve uma PCR no corredor... Tinha muito sangue....
- Qual a sala que ele tá?- Ana perguntou tirando o jaleco, ficando apenas com o pijama do STAF.
- Você não vai entrar.
- Cala a boca Karolaine ! Qual a sala?
- Sra. Pattinson?
- Me fala.
- Dra. Pattinson!
- Qual a sala?
- ANA CARLA!
Ela deu  um giro de 360 graus para olhar a voz grave que lhe chamava. Uma voz que durante a residência lhe chamou muitas vezes quando ela apontava. Era ele, seu chefe. Um homem alto, negro, já idoso. Fábio Santos.
Ao olhar nos olhos do chefe de cirurgia e entender que não adiantaria ela bater o pé, Ana desabou de joelhos no chão. Chorando copiosamente. Se permitindo ser sincera sobre o que sentia, Robert tinha entrado em sua vida e ela não podia mais ficar sem ele. Ter a certeza de que o amava foi algo rápido, ela sempre soube, mas nunca se permitiu verbalizar tal sentimento.
- Desculpa, querida, mas você sabe que não pode.- disse o homem ajoelhado na frente dela.
- Mas.... Eu... Eu.... ele...
- Sim, eu só posso prometer que vou te manter informada.- disse.
- NÃO DIGA ISSO PARA MIM!- ela gritou de novo.- Eu não sou uma pessoa qualquer,  eu sei o que isso significa!
Fábio não respondeu. Ele também sabia. Ana não teria um dia fácil. Robert, até onde Fábio sabia, estava nas mãos do Dr. Rafael, o melhor cardiologista depois dela. E o ator não estava bem, foi atingido no coração por uma arma que não devia estar carregada.
- Vamos, Ana.- os braços de Letícia a envolveram- Eu fico com você na sala de espera.
Claire Pattinson observou sua odiada nora agonizar pelo seu filho no chão  e se sentiu mal por ter tratado a garota mal. Ninguém sofreria daquele jeito se não sentisse amor.
3.... 6....10 horas depois e Ana ainda estava sentada na mesma posição, aguardando um retorno do centro cirúrgico, ela não tinha ligado para sala, sabia como era importante não atrapalhar Rafael no que estava fazendo.
A parte ruim em ser médico é  que essa profissão não te tornava imortal, você continuava sendo um simples ser humano apenas com o adicional de poder dar atestados e abrir alguém no meio sem ser preso. A sala de espera era fria e impessoal, não ajudava em nada na agonia que Ana estava sentindo.
14 horas depois Dr. Rafael surgiu acompanhado de Lívia e Bruna, suas residentes. Quando Ana levantou da cadeira a família Pattinson fez o mesmo, mas foi para a morena que Rafael se dirigiu.
- Oi...- murmurou o médico, analisando o rosto da garota.
- Fala logo.- ela não tinha paciência para aquela enrolação, odiava aquela parte, de ter que comunicar a família tudo o que aconteceu, sempre deixava para um dos seus residentes.
- Calma.- pediu dando um sorriso.  Ana rolou os olhos. – O tiro atingiu a orta,  ele chegou aqui em choque e parou no meio do corredor. A parede do coração foi dilacerada e tivemos um momento tenso na mesa. Ele precisou de transfusão de sangue, parou duas vezes mas agora está bem. Ele está acordado na uti.
- Graças a Deus.- Ana ouviu Claire se emocionar.
- Nós podemos ver ele? – perguntou uma das loiras.
Rafael olhou de Ana para elas, mas a garota estava paralisada na frente dele.
- Um de cada vez- disse o médico.- , a Dra. Bruna vai acompanhar vocês.
Ele achou que Ana gostaria de ver seu marido, mas ela lhe deu as costas no momento que ele começou a falar se poderiam ver o ator.
Ela precisava ficar sozinha. Ela precisava colocar sua cabeça no lugar. Entender o que ela estava sentindo, entender aquela necessidade de falar para ele o que sentia.
Durante a madrugada, enquanto estava escondida na sala dos controles de oxigênio do hospital, um lugar perigoso e que ninguém suspeitava que ela sabia, Ana pensou que Robert estaria dobrado por conta dos remédios e foi até a uti. Da porta ela viu ele de olhos fechados. Devagar ela abriu a porta de correr e olhou de perto os monitores,  tudo ok, pressão e batimentos estáveis. Ela puxou o prontuário ao pé da cama e leu. Ele esteve febril no início da noite...
- Você não é minha médica.
Ana baixou o prontuário e mergulhou naquele mar azul.
- Quem disse?- ela perguntou num fio de voz.
Robert sorriu de lado.
- Não entendo muito de regras da medicina, mas acredito que minha esposa não poderia ser minha médica.- ele disse tentando se divertido. Ana sentia seus olhos marejarem.-  o que é uma pena, Dra. Pattinson.
- Eu disse pra você usar um dublê- reclamou a voz embargada. – Eu pedi pra você usar uma porra de um dublê!
- Desculpa.
Um bipe diferente soou. Ana segurou as lágrimas e colocou se estetoscópio no ouvido indo até Robert e auscultando  seu coração.
- Desculpa, minha linda morena.- ele tocou sua mão na dela, em cima do seu peito e ela não aguentou.
Colocou a testa devagar no peito dele e chorou. Soluçou.
- Eu amo você.
- O que?
Ana ergueu o olhos e tocou seu rosto, unindo seus lábios num beijo lento.
- Eu amo você, Robert.- disse firme.- Não ponha a sua vida em risco, por que eu não posso ficar sem você. Eu te amo.
O inglês segurou o rosto dela, encarando seus olhos.
- Eu Pensei que você nunca fosse falar em voz alta.- murmurou delineando seus lábios.- Eu te amo. Acho que te amei no momento em que te vi na boate. Aí..
- Algum problema, Dra. Pattinson?
A Voz de Rafael na porta do quarto fez Ana pular.
-Nenhum , Rafa.- disse fazendo Robert  encarar o médico. Então aquele era o tal Rafa das mensagens.
Rafael cruzou os braços no peito.
- Verdade? Pensei que o meu paciente estava se afogando ja que você parecia fazer uma respiração boca a boca nele.
Ana sorriu, limpando suas lágrimas.
- seria incompetência sua.- retrucou acariciando o cabelo bagunçado do marido. Robert encarava os dois com os olhos semicerrados.
- Ouvimos uma alteração no batimento cardíaco do monitor, mas acho que já sei o motivo.
Ela o ignorou.
- Ele estava febril, Dr. Rafael.- comunicou.
- Isso é normal, Dra. Pattinson.
- Para os seus pacientes.
- Mas ele é meu paciente.
- E meu marido.- Robert gostou muito de ouvir aquilo sair da boca dela com tanta firmeza e orgulho.- E se houver alguma complicação, Dr. Rafael, lembre-se que eu sei como matar alguém com uma intravenosa sem deixar rastro.
Rafael rolou os olhos pegando o prontuário do ator nas mãos. Ana aproveitou para se despedir.
- Vou tomar um banho- disse beijando Robert de novo.- estarei aqui em 40 minutos.
- Eu amo você.- disse o ator, mais alto que o necessário, aos pés da cama  Rafael bufou.
- E eu amo você.

Capítulo em comemoração ao niver do nosso bebê.
Feliz niver Pattinson. Deus sabe o quanto eu te amo.
Espero nunca te ver na minha frente pois não responderia por mim mesma e acabaria presa.
Feliz 36, meu amor.

Toxic  |  Robert PattinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora