Tranquei a porta de entrada da loja e fui até os fundos para apagar as luzes, acendi a lanterna do celular e fui até meu armário pegar minha mochila. Tirei meu avental e empurrei para dentro da minúscula caixa de metal, também conhecida como meu armário, coloquei minha mochila nas costas e tranquei meu armário, respirei aliviada por estar indo embora e apaguei a última luz que faltava.
Destranquei a porta dos fundos e sai, senti o vento frio batendo no meu rosto e meu corpo encolheu automaticamente, tranquei a porta assim que sai e abri a mochila para procurar a chave do meu carro.
Comecei a andar em direção ao meu carro, ainda procurando a chave. Assim que achei, sorri animada e levantei o olhar para o carro, minhas sobrancelhas formaram um "V" quando eu vi um garoto sentado encostado na porta do motorista.
— Ei! — Chamei ele e dei um chute fraco com o pé.
Ele resmungou e continuou sentado ali sem se mexer, respirei fundo e quis gritar naquele momento, eu só queria ir para casa!
Chutei ele mais uma vez e nada aconteceu.
— Ei, eu preciso ir para casa! — Ajoelhei do lado dele e dei tapinhas em seu rosto.
Ele continuava sem se mexer, mas eu aproveitei aqueles segundos para apreciar a beleza dele, esse garoto é muito bonito, ele parece alto, tem um estilo legal e como eu disse antes, é muito bonito.
— EI! — Dessa vez eu gritei e ele abriu os olhos assustado. — Pode sair da frente da porta do meu carro? Quero ir pra casa! — Pedi quase implorando e ele começou a me analisar.
Levantei e me afastei dele com medo dele tentar alguma coisa, ele virou o rosto pro outro lado e eu corri até ele novamente, ele não pode dormir de novo!
— Acorda, nem vem! Eu quero ir pra casa e eu vou! — Falei me irritando e comecei a tentar puxá-lo pelo braço. — Ah, ele nem se mexe! — Reclamei comigo mesmo e bati o pé no chão, frustrada.
Ajoelhei novamente e comecei a procurar o celular no bolso dele. Consegui pegar o celular e comecei a pensar em uma senha, 1234? Muito óbvia, 4321? Piorou.
— 1026 — O garoto falou com a voz embolada e eu olhei para ele por alguns segundos. — Jett!
Ele falou por fim e parece que voltou a dormir, coloquei a senha no celular e comecei a procurar o telefone.
Será que Jett é ele ou será que é a pessoa para quem eu devo ligar?
Procurei o nome "Jett" nos contatos e liguei pro número logo que apareceu.
— Onde você está cara? Tô preocupado! — O tal "Jett" falou do outro lado da ligação, ele parecia mesmo preocupado.
— Whole de Sherman Oaks, estamos no estacionamento — Respondi e um silêncio tomou conta da ligação.
— Quem é você e por quê está com o celular dele? — Jett perguntou.
— Heather e você é o Jett, estou com o celular dele porquê seu amigo está bêbado e sentado na porta do motorista do meu carro! — Falei indignada.
— Estou indo até vocês, Sherman Oaks, certo? — Ele perguntou e eu escutei o barulho de chave no fundo da ligação.
— Sim, tchau! — O respondi e desliguei a chamada.
Olhei para o garoto e joguei a cabeça para frente com o cansaço.
— Você aguenta levantar? Aqui está ficando frio, melhor entrarmos no carro — Falei para o garoto que nem se moveu.
Abri a porta de trás do carro e peguei minha jaqueta que estava ali, ele está apenas com uma camiseta, deve estar com mais frio que eu.
Coloquei a jaqueta por cima dele e sentei à uma distância segura.
O tempo passava e nada do amigo desse garoto chegar, eu já tinha mexido em todas redes sociais e jogado todos os jogos do meu celular e nada, apoiei a cabeça no carro e fechei os olhos.
— Preciso ir para casa — O cara do meu lado falou e eu abri os olhos assustada.
Ele estava tentando levantar, mas parecia que um caminhão passou em cima dele, ele estava com tanta dificuldade até de tirar o segundo joelho do chão.
— Melhor não, entra aqui no carro — Falei e levantei rapidamente para ajudá-lo.
— Quem é você? — Ele perguntou confuso.
— A dona do carro que você dormiu na porta — Respondi e ele olhou pro meu carro.
— Foi mal! — Ele falou baixo.
— Entra no carro, você está congelando! — Falei e ele obedeceu, mesmo com a blusa, a parte do braço que não estava coberta, estava arrepiada.
Ele sentou no banco do passageiro e eu fui até o banco do motorista, fechei as portas e liguei o aquecedor.
— Obrigado! — Ele agradeceu e apoiou a cabeça no banco.
— Sua noite parece ter sido ótima — Falei em relação á como ele estava.
— Exagerei um pouco e já estou arrependido — Ele falou e colocou a mão no pescoço, como se estivesse com dor.
— Sempre falamos isso e sempre fazemos de novo — Falei e ele riu.
— Isso é verdade - Ele falou ainda rindo. — Falou com o Jett?
— Uhum, ele está vindo — Avisei. — Esse seu amigo mora longe em, já faz um tempo que ele avisou que estava vindo
— Moramos no Condado de Ventura, nem sei onde estou! — Ele falou e olhou ao redor.
— Está explicado a demora — Falei e o encarei. — Você está no Whole da Sherman Oaks! — Respondi a sua dúvida.
— Está realmente explicado a demora — Ele falou e riu.
Um carro buzinou e olhamos para o lado, provavelmente esse é o amigo dele, já que o garoto saiu do carro rapidamente.
— Você é maluco cara, como veio parar aqui? — O tal Jett perguntou e abraçou o amigo.
Desci do carro e apoiei no capô, fiquei observando os dois conversarem baixo.
— Obrigado por ter ficado comigo e ligado pro Jett — O cara falou e veio na minha direção.
— Não precisa agradecer... — Falei e estiquei o braço com o celular. — O seu, troque sua senha, agora uma desconhecida sabe que você usa o código "1026" — Falei e ele riu enquanto pegava o celular.
— E qual o seu nome, desconhecida? — Ele perguntou e me encarou.
— Não vamos nos ver de novo, não precisa tentar guardar meu nome já que nunca mais vamos nos ver — Falei e fui até a porta do carro. — Adeus, desconhecido que mora no Condado de Ventura! — Falei por fim e entrei no carro.
Não esperei nada para ligar o carro e sair dali, não vejo a hora de chegar em casa logo e me jogar na cama.
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