— Como um amigo que te ama muito, acho que você deveria falar com ele! — Gabriel falou enquanto organizava as maçãs nas prateleiras.
— Não sei o que falar com ele — Falei e continuei limpando o resto das prateleiras.
— "Sinto muito por ter sido babaca, gosto de você e agora podemos transar de novo?" — Gabriel imitou uma voz fina que provavelmente é a minha.
— Não gosto dele nesse sentido, ele é um bom amigo e gosto de ter ele por perto, é só isso — Falei fazendo uma careta pra ele e rimos.
— Heather, acho que você só está escondendo seus sentimentos — Ele falou e levantou as sobrancelhas como se tivesse dito o óbvio.
— Acho que você já está alucinando pelo cansaço — Retruquei e ele riu.
— Já estou terminando aqui e você? — Ele perguntou e respirou fundo pelo cansaço.
Eu e Gabriel fomos os escolhidos a arrumar todas as prateleiras de frutas do Whole hoje, a última vez que olheia as horas, eram 00:43, tenho certeza que já devem ser quase 2 da manhã agora, e para nós dois que estamos aqui desde ás 13:00, é muita coisa.
Antes que eu pudesse respondê-lo, um barulho de pneu arrastado fez um barulho alto dentro do Whole, conseguiu ser mais alto que o próprio barulho da chuva que estava fazendo um barulho muito alto no telhado do mercado, eu e Gabriel nos olhamos assustados.
— Vou lá ver, fique aqui! — Gabriel falou e começou a caminhar na direção da porta dos fundos.
— Não vou ficar aqui sozinha! — Falei com medo e corri na direção dele que já estava parado na porta.
Gabriel era maior que eu e estava cobrindo a vista da porta inteira, parei atrás dele e levantei o pé para tentar ver alguma coisa, mas as costas do Gabriel continuava cobrindo tudo.
— O que é? — Perguntei curiosa. — Ninguém bateu nos nossos carros não né? — Perguntei agora preocupada.
— Eu termino sua parte, boa noite, Heather! — Gabriel falou virando de frente pra mim e segurando meus ombros.
— O que você está falando, louco? — Perguntei rindo de nervoso e ele apenas saiu da minha frente.
Mantive os olhos na porta e minha boca abriu um pouco quando vi de longe o Vinnie encostado no carro e olhando o chão. Quis fechar a porta rapidamente e esquecer que vi ele ali, mas assim que minha mão tocou a maçaneta, ele me olhou e rapidamente caminhou na minha direção.
— Não consigo ignorar você mais! — Ele falou alto e parou no meio do estacionamento.
Fiquei paralisada vendo ele parado ali com as mãos no bolso da calça, a chuva caindo nele, deixando os cachos molhados e pingando, a respiração dele estava tão pesada que seu peito subia e descia rapidamente.