twenty two

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Assim que abri a porta de casa, me assustei com vários funcionários passando de um lado para o outro com flores, bandejas e papéis

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Assim que abri a porta de casa, me assustei com vários funcionários passando de um lado para o outro com flores, bandejas e papéis. Caminhei até o escritório do meu pai e como esperado, ele estava resolvendo algumas papeladas.

— O que é isso? — Perguntei e olhei para a porta atrás de mim.

— Você pensou em ler alguma mensagem que eu te enviei? Você não para em casa e nem ao menos lê minhas mensagens, Hera! — Meu pai respondeu frustrado e eu peguei o celular.

Procurei pelo contato dele e li cada mensagem desde o início da semana.

"Oi filha, o que acha de um jantar?"

"Oi filha, quero que conheça uma pessoa, o que acha?"

"Oi filha, pensou sobre o jantar?"

"Filha, quero que conheça uma pessoa e quero te mostrar algo, topa o jantar no sábado?"

"Poderia ao menos me responder, não acha?"

— Sinto muito! — Pedi e guardei o celular no mochila. — Quem é a pessoa? — Perguntei e o encarei.

— Estou namorando, ela quer conhecer você — Meu pai respondeu e eu engoli seco.

Não tenho propriedade para reclamar, querendo ou não meu pai merece uma nova pessoa, mas já que ele quer que eu a conheça, ela será avaliada por mim.

— Um jantar? — Perguntei e ergui as sobrancelhas.

— Virão mais alguns amigos e seus padrinhos — Ele respondeu e eu bufei.

— Quero um convite para uma pessoa então! — Falei e ele sorriu gentilmente.

— Já convidei as meninas, não se preocupe! — Ele falou.

— Não estou falando delas, é para outra pessoa! — Falei e observei o ponto de interrogação se formando em seu olhar. — Posso?

— C-Claro! — Ele respondeu ainda confuso.

— Ótimo! — Respondi e me virei para sair do escritório.

— Quero te entregar uma coisa! — Ele falou e eu voltei minha atenção para ele. — Pegue! — Ele esticou sobre a mesa um envelope branco, olhei confusa para ele e me aproximei para pegar.

Abri o envelope com um pouco de medo e tirei um cartão de lá, olhei confusa para o meu pai e tirei as outras duas folhas de dentro, uma delas era um documento sobre o cartão e a outra era uma carta, uma carta da minha mãe.

Pisquei confusa algumas vezes e olhei para o meu pai, ele já estava emocionado e isso em fez querer chorar, ela deixou uma carta para mim?

"Minha querida Hera!

Minha pequena menina!

Espero que esteja bem, espero que esteja aproveitando a vida dá melhor maneira.

Pelo que conheço você, provavelmente você está com um grande nó na cabeça e se perguntando: "Que merda é essa?"

Isso é um presente de 20 anos, esses 16 anos ao seu lado me mostraram qual seria seu maior desejo e eu espero que esse presente possa ajudá-la, deixei uma poupança para você, essa não é sua herança, é um presente de aniversário, espero que ajude na construção do seu futuro restaurante em Inverness.

Se você está lendo essa carta, provavelmente eu parti há alguns anos, sinto muito não ter sobrevivido há esse câncer, espero que saiba que eu lutei o máximo que consegui para destruí-lo, mas não consegui, sinto muito mesmo, minha pequena, Hera!

Como sua mãe e melhor amiga, quero que desfrute de todos amores que a vida está disposta a te dar, todas risadas, todos momentos bons e até mesmo as dores, desfrute de tudo, será de grande aprendizado.

Me parte o coração não poder ver você se formar, ou conhecer meu futuro genro, nem mesmo meus netos, mas seu pai será meus olhos e coração nesses momentos, eu e seu pai somos um só, então por favor, cuide dele pensando em mim também e jamais se esqueça que eu estou sempre com você, meu amor.

Com todo amor e carinho do mundo, mamãe!"

Soltei os papéis da minha mão e me apoiei na mesa, essa carta me destruiu mais do quê eu poderia imaginar, não segui os planos dela, não cuidei do meu pai, sempre o mantive afastado, não continuei sendo a garota dela, me destruí mais do que pensei ser possível.

Senti os braços do meu pai me puxando para um abraço e não pude negar, só conseguia pedir desculpas e chorar igual um bebê.

— Enfrentamos nosso luto da maneira que achamos correto, querida! — Meu pai falou enquanto fazia carinho no meu cabelo. — Eu e sua mãe sempre cuidaremos de você, não importa as circustâncias, jamais!

Não o respondi, continuei dentro do abraço dele até meu choro decidir cessar.

Voltei á mesa e peguei o documento que estava junto do cartão, um documento que me mostra a quantia de dinheiro que estou recebendo de aniversário.

— Meu Deus, pai! — Falei ainda com a voz trêmula. — Com esse dinheiro eu consigo abrir meu restaurante, ter quantos funcionários quiser e comprar até mesmo uma casa confortável!

— Sua mãe sempre pensou em tudo — Ele falou e riu animado. — Agora pode realizar seu sonho, sem medo e sem preocupações! 

Abracei aquele documento e respirei aliviada, finalmente darei tchau ao Whole e aos eventos maçantes.

— Que horas será o jantar? — Perguntei.

— Ás 19:00 — Meu pai respondeu ainda parado na minha frente, ele estava com as mãos nos bolsos e parecia apreensivo.

— Qual o nome dela? — Perguntei e ele me olhou confuso. — Da sua namorada

— Amélie! — Ele respondeu baixo. — Qual o nome do seu namorado?

— Nunca disse que é meu namorado, pai, é um amigo! — Respondi e ela levantou as sobrancelhas, como se duvidasse. — Vincent!

— Foi preso quantas vezes? — Meu pai perguntou e nós rimos, sei pelo seu tom que foi uma brincadeira.

— Sete, só por furto, não se preocupe! — Respondi entrando na brincadeira e ele riu.

— Melhor que o antigo! — Ele respondeu e eu o abracei ainda rindo.

Senti tanta falta disso.

Obrigada pela carta, mãe!

🌼🌼🌼

𝒑𝒐𝒍𝒊𝒔𝒊𝒑𝒐 - 𝐯𝐢𝐧𝐧𝐢𝐞 𝐡𝐚𝐜𝐤𝐞𝐫Onde histórias criam vida. Descubra agora