nine

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— Como sua mãe morreu? — Vinnie perguntou e comeu uma garfada da comida que Lucy nos preparou.

Olhei para Lucy que sempre ficava ao redor de nós dois, acho que no leito de morte minha mãe pediu para ela me vigiar até o último segundo, não é possível.

— Suas perguntas acabaram, já te falei — O avisei novamente e Lucy pigarreou.

— Ok, foi mal — Ele pediu e continuou comendo.

O observei de canto e segurei o sorriso que lutou para se formar em meus lábios, gostei dele aqui, não se porquê relutei tanto, ele é um cara legal e agradável de estar, além de ser bonito e ter o beijo muito bom.

— Se o Thomas te contratasse, você aceitaria? — Vinnie perguntou me tirando do transe.

— Não, eu nem trabalho com essas coisas — Respondei e dei uma garfada na minha comida.

— Você posta vídeos quase diariamente — Ele falou sorrindo e ergueu as duas sobrancelhas. — Também estudei você, Hera! — Ele falou e eu ri.

— Não tenho interesse, obrigada! — Falei tentando fugir do assunto.

— Gosta de cozinhar? — Ele perguntou e eu revirei os olhos. — Não quero ficar em silêncio, não são perguntas tão íntimas

— São sim — Respondi tentando não rir.

— Ela tinha um sonho de abrir o próprio restaurante, ela ama cozinhar! — Lucy respondeu e eu a fuzilei com o olhar.

— Por quê desistiu? — Vinnie perguntou e eu levantei da cadeira.

Senti o choro fechar minha garganta, minha vista embaçou e a única coisa que eu queria era sair dali rapidamente para que ninguém me visse cair.

— Fiquem ai e fofoquem sobre minha vida á vontade — Falei tentando ficar firme e sai da sala de jantar o mais rápido que consegui.

Ar!

Preciso de ar!

Fui até a área da piscina e sentei no chão assim que ar entrou nos meus pulmões. Eu sinto tanta falta dela, eu sinto falta da minha família, eu sinto falta de passar horas rindo com ela, sinto falta do abraço dela, sinto falta de tudo que envolva ela. Merda de doença, universo de merda, mundo de merda!

As lágrimas não paravam de rolar, meu peito doía com a dor do motivo por estar chorando, meu corpo perdeu todas as forças e para ajudar, comecei a soluçar.

— Me desculpa, eu não queria ser tão invasivo! — Escutei a voz do Vinnie perto de mim e fechei os olhos com força para tentar não surtar.

— Só preciso de um minuto! — Falei tentando manter a calma, mas sei que a voz de choro estava evidente.

Ele não falou mais nada, por um segundo eu achei que ele tivesse saído dali, mas em seguida senti os braços dele me puxando para perto e me abraçando.

Não quis abraçá-lo, não queria demonstrar fraqueza, não quero ser fraca.

Mas era impossível, meu corpo não queria me obedecer e quando percebi meus braços já estavam na cintura dele.

— Ela não deveria ter morrido, ela estava tão bem, era pro tratamento ter dado certo, os médicos estavam confiantes, ela... ela... — Falei tudo rápido e depois não soube o que falar. — Ela deveria estar aqui!

Vinnie não falou nada, apenas continuou me abraçando e fazendo um leve carinho nas minhas costas. Isso é muito bom.

É reconfortante.

Não sei quanto tempo foi gasto ali, sei que me senti bem, fiquei tranquila estando ao lado dele; Voltamos para dentro de casa e a Lucy me esperava com uma coisa que iria me reconfortar: café!

— Ela sempre vai estar com você, Hera, não duvide disso! — Lucy falou e beijou minha testa.

Sorri fraco e logo ela me deixou ali sozinha com o Vinnie.

— Podemos adiar nossa ida ao The broad? — Perguntei e olhei para fora de casa. — Já escureceu, não descansamos bem e ainda nem tomei banho! — Ri fraco e bebi um pouco do meu café.

— Se prometer não fugir de mim até nosso próximo encontro — Ele respondeu e eu ri.

— Prometo não fugir — Falei e ele sorriu.

Ele me observou por alguns instantes e passou as mãos no bolso, olhou ao redor e sorriu.

— Acho que já vou então! — Ele avisou e se levantou.

— Não quer passar a noite? — Perguntei e ele me olhou surpreso. — Temos quarto de hóspedes.

Ele sorriu e voltou a se sentar, estiquei a xícara de café e ele pegou para tomar um pouco, não separamos nossos olhares por nenhum segundo, não me senti constraginda, pelo contrário, estava adorando sentir o olhar dele em mim.

— Um filme? — Perguntei e me joguei na cama.

— Depende — Vinnie respondeu e deitou na cama ao meu lado.

Peguei o controle da televisão e entrei na netflix, começamos a procurar um filme, ou eu comecei a procurar, já que percebi que ele estava me observando, sorri e virei de frente pra ele.

— Já está apaixonado? — Perguntei rindo e ele sorriu.

— Talvez — Ele respondeu ainda sorrindo e eu parei de sorrir.

— Não faz isso — Falei chateada e ele curvou as sobrancelhas em "V".

— Não entendi — Ele falou e eu o encarei.

— Não se apaixone por mim, nem pense nisso — Falei séria e ele riu fraco.

— Seria tão ruim? — Ele perguntou com um sorriso no rosto.

— Não estou disposta a me apaixonar e se isso acontecer, eu vou fugir de você e de tudo que me cerca — Falei e o sorriso dele sumiu.

— É tão ruim se apaixonar? — Ele perguntou sério.

— Se eu me apaixonar vou me importar com mais uma pessoa e tenho medo de perder mais alguém, não vou conseguir enfrentar nada se mais alguém partir da minha vida — Respondi sendo sincera e ele engoliu seco. — Então, Hacker, não se apaixone por mim!

Ele sorriu fraco e deitou de barriga para cima, fiquei encarando ele por mais alguns segundos antes de imitá-lo.

— Vamos poder transar? — Ele perguntou e nós rimos.

— O quanto você quiser! — Respondi ainda rindo. — Menos hoje que estou cansada

— Também só quero dormir e esquecer o mundo — Ele respondeu e soltou um suspiro alto.

Me aproximei dele e passei meu braço e perna por cima do corpo dele, levantei a cabeça para encará-lo, ele já estava me olhando e sorrindo.

— Boa noite, Hera! — Ele falou sorrindo e beijou minha testa.

— Você precisa tomar banho, Hacker! — Falei e ele fingiu estar dormindo.

— Quem é Hacker? — Ele perguntou e eu ri.

Deitei a cabeça no corpo dele e relaxei a mente ali, olhei para frente e sorri com minha placa de meta para ir embora daqui, falta pouco, muito pouco.

Não vejo a hora de estar longe.

🌼🌼🌼

𝒑𝒐𝒍𝒊𝒔𝒊𝒑𝒐 - 𝐯𝐢𝐧𝐧𝐢𝐞 𝐡𝐚𝐜𝐤𝐞𝐫Onde histórias criam vida. Descubra agora