24. Xeque-mate

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Bem cedo na manhã de domingo, antes mesmo de o sol aparecer no céu claro e frio, Severus Snape se viu no escritório do diretor mais uma vez.

Ele ainda estava terrivelmente zangado com o velho por permitir que o último ataque ocorresse sem impedimentos, mas, por mais que odiasse admitir, Snape entendia o raciocínio de Dumbledore.

O sucesso do ataque provaria sua lealdade a Voldemort de uma vez por todas, aos olhos do Lorde das Trevas, e como Snape era o fornecedor da poção a ser usada em quaisquer ataques futuros, as chances eram de que ele fosse incluído em seus planos. Isso não apenas lhe daria a oportunidade de evitar mais mortes, mas também, ao sabotar propositalmente as missões, ele poderia direcionar as suspeitas do Lorde das Trevas para outros Comensais da Morte.

— Ah, Severus — o Diretor disse, aparecendo por uma porta lateral do escritório, vestido com um ridículo roupão azul coberto de estrelas amarelas. — A que devo o prazer de uma visita tão precoce?

— Há algo que precisamos discutir, Diretor — Snape disse rigidamente, cruzando os braços sobre o peito.

— Espero que você não tenha mudado de ideia sobre nosso acordo, Severus — o homem mais velho disse, franzindo a testa ligeiramente enquanto se sentava em uma poltrona perto do fogo e gesticulava para Snape se sentar na outra cadeira. — Você percebe que é para...

— Sim, sim — o mestre de Poções disse impacientemente, descartando o convite para sentar e andando em frente ao fogo. — Não se preocupe, velho. Você estava certo sobre isso, como sempre. Estou aqui por causa de outra coisa que aconteceu.

Dumbledore ergueu os olhos bruscamente. — Algo que você deixou de me informar ontem à noite?

— Não, algo que aconteceu desde então.

Dumbledore parecia vagamente confuso. — Você entrou em contato com Tom novamente desde...

— Tudo o que falo com você tem que ser sobre o Lorde das Trevas, Albus? — Snape interrompeu irritado.

Na verdade, Snape pensou que seria muito mais fácil falar sobre Voldemort do que informar o Diretor sobre sua indiscrição anterior com Hermione. Isso tinha que ser feito, no entanto. Se o Diretor descobrisse de outra forma – e o velho tinha um talento especial para saber tudo o que acontecia no castelo, com o tempo – os resultados poderiam ser desastrosos.

Dumbledore estava recostado na cadeira, olhando para Snape com uma expressão contemplativa. Por fim, ele disse: — Claro que não, me perdoe. Acontece que você nunca pareceu ansioso para discutir quaisquer outros assuntos. Você nunca gostou de conversa fiada, Severus.

— Isso não é conversa fiada — disse Snape. — Temo ter feito algo imperdoável.

O diretor olhou para ele por cima dos óculos de meia-lua. — Sente-se, meu garoto, antes que você caia. Você parece ainda mais pálido do que o normal. O que você precisa me contar com tanta urgência?

Ele se sentou na poltrona em frente a Dumbledore e pensou na melhor forma de expressar o que estava prestes a dizer. Sua garganta de repente ficou muito seca.

— Eu... eu tenho... ah, droga, Alvo, eu a beijei... Srta. Granger.

Ele se inclinou para frente para apoiar os cotovelos nos joelhos, a cabeça entre as mãos, não querendo ver a decepção nos olhos do Diretor. O silêncio tornou-se sufocante depois de algum tempo e ele murmurou: — Bem, diga alguma coisa, velho. Não vim aqui para me confessar.

— Isso é tudo?

Sua cabeça se ergueu ao ouvir o tom suave da voz do Diretor, e ele encontrou o homem mais velho olhando para ele com expectativa.

Before the Dawn | SevmioneOnde histórias criam vida. Descubra agora