25. A escuridão chama

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— Senhorita Granger, Severus está morrendo.

Morrendo. A palavra ecoou na cabeça de Hermione enquanto ela olhava para o Diretor sem acreditar. Ela deu um passo para trás e suas mãos nodosas caíram de seus ombros.

— Lamento muito — disse ele suavemente, parecendo pela primeira vez ter vivido cada minuto dos seus cento e cinquenta e quatro anos.

— Não — ela disse, balançando a cabeça. — Você está errado. Deve haver algo que você possa fazer, algo que alguém possa fazer. Ele não pode estar... nem agora... nem depois... agora não...

— Senhorita Granger.

— O que há de errado com ele? Onde ele está? — ela continuou, olhando ao redor da sala até que seus olhos pousaram na porta fechada do quarto. — Ele está lá?

Ela se moveu em direção a ele, seu coração batendo em uma cadência frenética em seu peito. Ele estava do outro lado da porta. Ela sabia disso; ela podia sentir isso... sentir ele.

— Senhorita Granger, espere! — A voz de Dumbledore era firme, mas Hermione não lhe deu atenção, e ela ignorou a mão cautelosa que ele colocou em seu ombro quando ela abriu a porta e entrou no quarto.

Ela parou logo depois da porta, olhando para o cenário diante dela.

As pesadas cortinas de veludo estavam fechadas na janela, a única luz no quarto emanava de tochas colocadas em dois candelabros, as chamas lançando sombras nas paredes de pedra áspera e um brilho suave e quente na cama onde o mestre de Poções estava deitado.

Fawkes, a fênix, estava empoleirado no canto da cabeceira da cama, e o pássaro levantou a cabeça de onde seu olhar estava fixo no homem caído para observar Hermione se mover mais para dentro do quarto.

Os olhos de Snape estavam fechados; os únicos sinais de vida eram o leve subir e descer de seu peito e a expressão de dor em seu rosto que revelava seu estado de consciência. Ele estava deitado em cima do edredom azul-escuro, mas um lençol combinando estava frouxo sobre suas pernas, que ainda pareciam estar vestidas com suas habituais calças pretas. Eram as únicas roupas que restavam em seu corpo.

Enquanto Hermione se movia para o lado da cama, algo brilhando à luz do fogo chamou sua atenção, e ela desviou o olhar para o torso pálido e exposto de Snape. Ela ofegou suavemente ao ver o intrincado cabo prateado de uma faca projetando-se grosseiramente sob as costelas do lado direito do peito.

Não havia sangue ao redor do ferimento, apenas um hematoma que parecia irradiar da faca em um padrão semelhante a uma veia sob a pele. Ela estendeu a mão involuntariamente para tocá-lo, mas foi interrompida por um som agudo do diretor, que se moveu para ficar do outro lado da cama.

— Por que ainda está nele? — ela perguntou trêmula.

— Não posso removê-la — disse Dumbledore.

Ao som de suas vozes, Snape abriu os olhos e, depois de um momento, virou ligeiramente a cabeça e focou no Diretor.

— Albus — ele cumprimentou fracamente, o timbre habitual de sua voz áspero pela dor.

Dumbledore sorriu severamente para Snape e depois olhou para Hermione. O mestre de Poções seguiu seu olhar, seus olhos escuros encontrando os dela apenas por um momento antes de virar a cabeça novamente.

— Por que ela está aqui, Albus? — ele disse resignadamente. — Ela não precisa ver isso.

— Você negaria a ela a chance de se despedir, Severus? — o diretor disse suavemente.

Snape fechou os olhos novamente, de dor ou vergonha, e Hermione foi incapaz de conter o soluço que crescia em sua garganta ao perceber por que Dumbledore a trouxera.

Before the Dawn | SevmioneOnde histórias criam vida. Descubra agora