44. A hora mais sombria

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Voltando da estação de trem com Harry e Ron, Hermione se viu observando o ambiente com um toque de melancolia. Por todas as vezes que percorreu o caminho dos altos portões de ferro até as portas do castelo, ela se perguntou se alguma vez havia realmente apreciado a glória que era o castelo e os terrenos de Hogwarts. O sol quente do verão brilhava no lago cintilante, a Floresta Proibida e os gramados extensos formavam um sutil caleidoscópio de marrons e verdes. As pedras do castelo, fortes e antigas, mudavam de cor com a luz e a hora do dia. Cinzenta e fresca pela manhã, a parede voltada para oeste tornava-se castanha à luz do sol da tarde, irradiando o calor do dia que desvanecia.

O próprio castelo parecia vibrar com uma energia silenciosa, ou Hermione estava simplesmente imaginando coisas? Talvez fosse a sua própria expectativa que ela pudesse sentir, mais evidente agora, na ausência da distração que seus colegas de classe haviam proporcionado anteriormente.

— Quando o resto da Ordem chegará? — A voz de Ron quebrou o silêncio quando chegaram às sombras do castelo.

— Esta tarde, de acordo com Dumbledore — disse Harry. — Eu não acho que nada esteja acontecendo esta noite, no entanto. Ele provavelmente convocará uma reunião pela manhã para discutir tudo. Já passamos por isso um pouco, mas ainda não sei qual é o plano.

Hermione olhou para o amigo preocupada.

— Isso não te incomoda, não ter uma ideia clara do que você vai ter que fazer?

— Sim — disse Harry lentamente quando chegaram às portas do castelo. Ele segurou a porta aberta para Hermione e Ron, seguiu-os para dentro e fechou-a antes de falar novamente. — Dumbledore diz que ficará claro o que devo fazer quando for necessário, que pode ser a coisa mais simples, no final, que nos fará vencer. É a profecia... tem que acontecer de uma certa maneira. Posso não saber como é esse caminho agora, mas saberei.

— Parece um pouco como ir para a batalha com os olhos fechados — Ron murmurou hesitante, parecendo, como Hermione, relutante em dissuadir a confiança misteriosa de Harry.

— Parece que sim — ele concordou, — mas eu realmente não tenho escolha. Esta é a única chance que temos de atrair Voldemort para uma armadilha. Se não conseguirmos que isso aconteça na segunda-feira, quem sabe quanto tempo levará até que outra oportunidade apareça? Eu sei que posso fazer isso – nós podemos fazer isso. Temos que fazer.

Apesar de se sentir um pouco desconfortável com a falta de um plano claro, Hermione sabia que Harry confiava no julgamento de Dumbledore e, acima de tudo, simplesmente queria que a espera e as dúvidas acabassem. Se ele fosse derrotar Voldemort na segunda-feira, isso aconteceria, e se não fosse para ser...

Hermione estremeceu com o frescor repentino do castelo depois do calor de estar ao ar livre... ou foi resultado dos pensamentos perturbadores que passaram por sua mente? Ela os afastou, tentando se concentrar novamente na conversa das amigas, que havia se voltado para outros assuntos. Muitas pessoas tinham sacrificado muito para que isso acabasse mal agora, ela disse a si mesma com firmeza. Eles prevaleceriam... e se ela ainda não conseguia acreditar nisso, ela poderia pelo menos ter esperança.

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Naquela tarde, Hermione arrumou o restante de seus pertences, guardou-os em seu baú Transfigurado e saiu do quarto da Monitora-Chefe pela última vez. Com os outros alunos da Grifinória fora durante o verão, Harry, Ron e Ginny decidiram passar as noites restantes no castelo, na sala comunal. Hermione levitou seu malão e o colocou ao lado do de Ginny, atrás de um dos longos sofás.

A Weasley mais nova lançou-lhe um olhar estranho enquanto Hermione se sentava em uma das poltronas, dobrando as pernas embaixo dela.

— Você vai ficar aqui conosco?

Before the Dawn | SevmioneOnde histórias criam vida. Descubra agora