45. Consequências

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— Severus!

Hermione gritou o nome dele novamente, balançando os ombros dele com força. Ele não respondeu, e ela moveu uma mão para seu rosto, colocando-a em concha. Estava quente sob a palma da mão, manchada de sangue e suja, mas os olhos dele estavam fechados... por que ele não respondia?

— Severus, por favor — ela soluçou, sacudindo-o novamente.

Ele tossiu.

Ela congelou e puxou a mão, pensando em sua histeria que tinha imaginado aquilo. Mas não, ele tossiu de novo e rolou para o lado, para longe dela, com um gemido áspero.

— Oh! Graças a deus! — ela engasgou, lágrimas de alívio escorrendo por seu rosto.

Ele tentou se levantar, respirando fundo enquanto lutava para respirar novamente. Outro ataque de tosse o dominou, e então ele ficou de quatro, vomitando e vomitando na grama alta.

Hermione apoiou as mãos nos ombros dele, apoiando-o; ela podia sentir todo o corpo dele tremendo sob seu toque, e havia um leve cheiro de carne queimada no ar. Virando-se e caindo no chão novamente, seu rosto se contorceu em uma careta de dor e uma mão começou a arranhar a frente de suas vestes.

— Tire isso, tire isso de cima de mim — ele ofegou.

— O que é? O que está errado? — Suas unhas arranharam as mãos dela enquanto ela empurrava o roupão para o lado e lutava com os botões da camisa. Tanto o manto quanto a camisa tinham uma pequena marca de queimadura onde a última maldição o atingiu, e os olhos de Hermione se arregalaram em confusão quando ela finalmente desabotoou os botões superiores e empurrou o tecido macio para o lado.

O pingente rúnico que ela lhe dera para usar na noite anterior nada mais era do que um pedaço grotesco de metal derretido, grudado em sua pele, que estava com bolhas vermelhas e raivosas ao redor. Hermione estendeu a mão para pegá-lo e depois recuou bruscamente quando o metal escaldante queimou as pontas de seus dedos.

— Dói — Severus engasgou, desta vez agarrando a corrente, tossindo enquanto lutava para recuperar o fôlego.

Alcançando ela mesma a corrente, Hermione encontrou a trava e a soltou, tentando o mais gentilmente que pôde puxar o metal quente para longe da pele dele. Severus sibilou quando finalmente se libertou, a pele embaixo estava cheia de bolhas, vermelha e sangrando. Ela estendeu a mão timidamente para tocá-lo, mas ele a deteve antes que seus dedos roçassem sua pele.

— Não. Está tudo bem.

Sua voz ainda estava dolorida e ele se deitou completamente, apoiando a cabeça no chão, ainda segurando a mão direita dela com a esquerda e respirando pesadamente. Agora que ela foi capaz de olhar para Severus mais de perto, Hermione percebeu que seu braço direito parecia estar em um ângulo estranho no lado oposto dele de onde ela estava ajoelhada, e um corte profundo em sua testa estava sangrando profusamente, o vermelho brilhante mancha em sua pele pálida, encharcando seu cabelo e escorrendo até seus olhos.

Mas nada disso importava. Ele estava vivo.

— Qual foi essa maldição? — Hermione ainda podia senti-lo tremendo e agarrou seu braço enquanto ele lutava para se sentar novamente.

— Maldição da Morte. — Enquanto falava, ele soltou a mão dela e pressionou a palma contra o peito, cobrindo o pequeno ferimento. Ele soltou um suspiro lento e medido.

— Impossível — ela sussurrou. — Como...?

Ele balançou a cabeça sem dizer uma palavra, os olhos vagando para a corrente que ainda estava pendurada em seus dedos. Ela o ergueu e os dois olharam para o pedaço de metal arruinado. Um colar trouxa no formato da runa de proteção que protege alguém da Maldição da Morte? Era inconcebível... impossível.

Before the Dawn | SevmioneOnde histórias criam vida. Descubra agora