Capítulo 11

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No primeiro dia do retorno de Eliza a grande capital paulista, uma leve brisa de outono circundava a sua volta, fazendo-a sentir-se melhor comparado ao estar imersa aos destroços do terremoto que lhe atingira no início da tarde de quarta quando o sol fagulhante cozinhava aquela pele alva como a areia da praia. A jovem constatou que voltar para o aconchego de seu apartamento foi a coisa mais sensata a se fazer naquele momento mórbido onde não tinha a quem recorrer. Embora tivesse umas duas amigas, não era o tipo de mulher que costumava se desidratar diante de qualquer pessoa em uma situação como a qual estava vivenciado, preferia cuidar das feridas com o cérebro calmo e sereno, pois dessa maneira, as chances de cometer erros eram menores.

O tempo parecia não querer se mostrar amigável com a jovem engenheira, o ponteiro do relógio marcava meio dia e vinte quando uma batida na porta a fez largar a louça que lavava.

— Tyler, Tyler, eu aposto que vai querer trazer o almoço pronto, pelo menos não terei que cozinhar. — Eliza falou sorrindo indo atender a porta.

Quando girou a maçaneta e escancarou a porta, para seu espanto, teve o desprazer de se deparar com o lindo rosto do noivo.

— Olá meu amor, você saiu sem se despedir e sem dizer nada, imagino que esteja com problemas, certo? — Ruan disse aproximando-se para beija-la, mas não foi correspondido pois a noiva já virava para desvencilhar-se dele. Tentava soar o mais natural possível, mas era impossível atuar tão bem.

— O que droga você faz aqui? — indagou Eliza já caminhando dando as costas para Ruan, a testa encontrava-se vincada e o coração quase saltando da caixa tórax. Precisou de um enorme esforço para manter-se calma e controlada.

A última coisa que queria era mostra-se inconsolada, optava por agir racionalmente mantendo a compostura, não era por falta de amor ou insensibilidade, mas queria ser capaz de lidar com situações ruins sem baixar a compostura, desse modo acreditava que poderia trabalhar melhor seu controle diante de grandes impactos desastrosos sem sofrer demasiadamente. No fundo nem ela acreditava nessa teoria e não sabia se poderia manter o muro erguido por tanto tempo.

Ruan media cada palavra que saia de sua boca, buscava no cérebro as melhores e coerentes orações para formar as sentenças precisas que mais lhe favorecesse naquele momento.

— Você teve uma boa viagem?

— Ótima. — Ela respondeu fria como um freezer recheado com pedras de gelo.

— Que bom, quem bom, me preocupei. — Disse sinceramente, afinal estava bastante preocupado.

Eliza o observava com olhos frios e penetrantes, continuou calada esperando a próxima cena que no fundo sabia de qual assunto tratava-se. Ela podia ver o desespero naquele rosto grego, seu corpo falava por si só. Presumiu que a mãe comentará sobre ela ter passado o dia com Clara, e como Ruan tinha visto a amiga na festa, ficava fácil ligar os pontos.

Ruan continuou então:

— Escute, você já almoçou? Podemos sair para almoçar agora?

— Eu acabei de colocar uma comida no fogo, então podemos almoçar aqui se não se incomodar.

— Tudo bem, vou tomar uma água, você tem Whisky?

— Tenho algo por aí, vou buscar.

Eliza foi até a dispensa e trouxe a bebida, serviu o noivo que bebeu o líquido de um só gole como se fosse água natural.

— Você sabe que a amo, não sabe querida? Não vou ficar de muita enrolação, serei direto. Sim! Preciso ser direto! Você sabe que teve um tempinho atrás que não estávamos indo muito bem, não foi culpa minha ou sua, não estou iniciando esses argumentos como justificativa, apenas dizendo que talvez tenha sido um dos gatilhos.

Prenda-me Se For CapazOnde histórias criam vida. Descubra agora