Capítulo 15

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— No nível um ou básico, a pessoa que domina não usa de tanta força, é para mais os iniciantes. As tapas, chicotadas e açoites são bem leves, para que a submissa se familiarize com a situação. No nível dois ou intermediário, a brincadeira fica mais séria, o dominador usa de maior força e jogos mais intensos, como asfixia, enforcamento, tapas violentos de ficarem marcadas as nádegas a ponto de levar a dominada a sofrer e até pedir para parar. Lembrando que, quanto mais se pede para parar, maior aumenta a excitação, impulsionando o sádico a continuar. No nível três ou avançado, a pessoa sente prazer em maltratar a outra pessoa ao extremo, a depender da situação e se estiver afetando a vida ou beire a tortura do objeto sexual, é preciso que a pessoa busque tratamento psiquiátrico, ou pode machucar a parceira ou parceiro seriamente.

— Em qual desses você se enquadra?

— Não se preocupe, eu não a machucaria...

— Isso tudo, é muito novo para mim, Chris.

— Sim, eu sei, eu sei, mas com o tempo você acostuma e passa até a sentir prazer.

— É possível que eu me torne sádica ou masoquista?

— Você teria que fazer o papel de masoquista nesse caso, sendo passiva apenas. Torna-se sádico ou masoquista na primeira infância. Ou você é, ou você não é, não pode se tornar na vida adulta.

Eliza estava pensativa, nunca em sua vida ela havia cogitado a ideia de ter uma conversa daquelas, e menos ainda, de ter envolvimento com alguém com uma mente que ela julgava beirar a insanidade. Não criticou nem julgou, apenas ouvia absolvendo os mínimos detalhes. A sua vida sexual era boa, ela gozava sempre, nunca havia tido necessidade de usar fantasias para melhorar o sexo. Ela jamais poderia imaginar que um assunto daquele poderia partir de Christian, sempre o achou tão calmo, gentil e carinhoso, e agora aquela conversa estranha fazia-a olha-lo com outros olhos.

— Você está me dizendo que, irei gostar de ser maltratada?

— É como funciona uma relação sadomasoquista, eu gosto disso, você não precisa gostar exatamente e inicialmente, apenas obedecer e ser minha submissa. — Propôs ele.

Embora não pretendesse, Eliza não pôde conter-se diante da última palavra de Christian, soltou uma gargalhada estridentemente debochada que quase lhe saltaram lágrimas dos olhos.

— Christian, meu querido, você é lindo de fato, mas, de onde tirou a ideia que eu sou o tipo de mulher submissa e que me renderia as suas vontades?

— Nunca disse isso, minha linda, você nem de longe é o tipo de mulher submissa. Estamos falando aqui, de um jogo sexual sado, onde interpretamos papeis. No sadomasoquismo existe um que manda na relação, e outro que obedece, normalmente são os homens que mandam. No nosso caso, eu mandaria e você obedeceria.

— Muito machista, não acha?

— Não tem a ver com relação de gênero minha linda Liz, estamos falando de comportamento sexual sadomasoquista. Você, poderia ser um homem, mas teria que escolher um papel para interpretar, você me entende? Existem mulheres que são as dominadoras também nesse tipo de relação.

— Uau, isso é demais para assimilar, eu tenho muitas dúvidas e muitas perguntas.

— Tudo bem, tudo bem. Estou aqui para lhe responder a todas as perguntas e eliminar as suas dúvidas. — Dizia ele tocando no braço de Eliza com a voz mais acolhedora e melódica do mundo, capaz de envolver qualquer indivíduo normal.

Eliza era normal e não conseguia desvencilhar-se dele. Aquele toque fazia sua pele queimar.

— Eu quero saber, como funciona na prática, entende? Qual meu papel e qual o seu.

— A BDSM, trabalha com bondagem, onde o parceiro fica imobilizado, pés ou mãos, ou ambos ao mesmo tempo, usa-se qualquer objeto que seja capaz de imobilizar uma pessoa, podendo ser algemas, cordas, fitas adesivas e o que estiver à disposição. Tem ainda a disciplina, na qual está ligada ao comportamento da pessoa submissa diante das regras do dominador, nesse caso, se a submissa desobedecer a qualquer acordo combinado, ela sofrerá as consequências, sendo aplicados castigos que, o dominador escolher dentro do que foi tratado. Caso ela se comporte e seja boazinha, ganhara recompensa.

— Quais são esses castigos e recompensas.

— Como punição, você poderia por exemplo, ser chicoteada, privada de gozar, receber palmatórias, colocada no cantinho de castigo e assim por diante, conforme o que você aceitar no nosso acordo. Existem uma centena de castigos e punições, o que é decidido quando se aceita os termos e assinando o contrato.

Christian agora falava em primeira pessoa, levando Eliza a pensar neles dois naquela situação.

— Contrato, de que contrato você está falando?

— De um contrato que é assinado pelos praticantes, concordando que aceitam com os termos estabelecidos.

— Eu teria que assinar um contrato para você me castigar?

— Não seja tão exagerada. Você poderia assinar um contrato ou não, desde que as regras fossem aceitas e cumpridas em comum acordo, de modo a garantir a sua segurança, se você aceitar assinar um contrato, tudo bem, mas se não quiser, podemos usar de palavras, embora eu prefira um contrato.

— Nossa, eu não sei o que pensar...e se as coisas saírem do controle, existe essa possibilidade?

— Para isso existe o contrato, temos uma senha de segurança, ou, se preferir, palavra de segurança que é dita quando a submissa não estiver aguentando.

— Não estiver aguentando?

— Por exemplo, se eu estiver chicoteando você com força e isso estiver muito ruim, você usa a senha de segurança e eu paro imediatamente.

— Caramba, pelo menos tem um botão de stop.

— Tem um botão de pare, é necessário esse código de segurança.

— Você não disse quais as recompensas que ganho.

— Eu sou a recompensa, você me terá, lhe darei presentes, mimos e prazeres.

— Você como recompensa?

— Sim. Além de brinquedos eróticos que você usaria para mim, quando eu mandasse.

— Oh. — Demonstrou espanto.

O que te faz ser tão exibido?

— E, porque eu faria tudo isso por você?

— Porque eu quero, Eliza, simplesmente por isso, para me agradar e porque sinto-me feliz com tudo isso.

— Meu papel é para lhe servir e proporcionar-lhe prazer?

— Você também recebera prazer, você verá, lhe garanto.

— Você iniciou essa vida quando, faz isso com todas as mulheres com quem se relaciona?

— Eu só me relaciono com submissa.

— Você consegue sentir prazer sem essa coisa toda?

— Não, eu preciso do sadomasoquismo para gozar, se é o que estás querendo saber. Sem essa prática, em um sexo normal, preciso pelo menos visualizar estar executando os jogos, e é cansativo, na realidade é mil vezes mais prazeroso.

— Que coisa mais louca...

— Viver nessa sociedade em si é uma loucura, para aguentarmos, precisamos fazer algo de diferente para garantir nossos prazeres.

Aquela noite, nem de longe foi o que Eliza esperava. Tudo passou longe de sua imaginação, mas, ela não havia desanimado, mesmo que Christian tivesse um comportamento sexual insano, ela havia decidido transar com ele a qualquer custo. Parte daquela conversa a deixou excitada, era até possível imaginar Christian montado nela dando umas tapinhas não tão pesadas e a fodendo forte, como ele havia dito que gostava de fazer. Ela lembrava-se do nível um dito por ele, poderia testar este e ver no que as coisas resultariam. Não estava com medo, encarava como um desafio.

— Bem, talvez, você devesse me fazer uma demonstração. — Propôs.

— Claro, se você insiste.

Prenda-me Se For CapazOnde histórias criam vida. Descubra agora