Capítulo 21

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Ela atendeu o celular em meio a uma agoniação, poderia ter ignorado a chamada, mas não se atrevia, não vinda do seu chefe favorito.

— Alô, Chris, como vai?

— Estou ótimo, e você?

— Estou no meio do serviço, mas estou ótima.

— Só liguei para confirmar nosso encontro de hoje à noite, e para saber se você já assinou o contrato.

— O contrato? Ah, sim, sim, mais tarde eu lhe entrego.

— Muito bem, hoje quero que você use meu presente, e vista apenas um casaco por cima, ok?

— Aquela roupa esquisi...tudo bem, entendi...

— Até mais, bom trabalho.

A ligação foi encerrada.

Uma das situações que mais irritava Eliza, era a falta de tempo durante a semana para ela encontrar-se com Christian. A rotina de um ser humano adulto, não passa de uma verdadeira luta incessante, que gira em torno de trabalho, roubando toda a beleza da vida. assim pensava Eliza. Ela sentia falta da época de quando o seu cotidiano não era tão intenso e o trabalho não lhe roubava os dias sugando toda sua força vital.

"Maldição, eu bem que poderia não fazer e viver como madame se houvesse casado com Ruan. Espero que a modelo considere a possibilidade.", pensou rindo.

Em seguida, novamente:

"Eu não falo sério, por Deus que não, amo meu trabalho mais que tudo, minha independência não tem preço, é o mínimo que uma mulher no mundo de hoje merece: ser independente. Quero conquistar o mundo, ser o topo daquela empresa assim como Adriana, será que é sonhar de mais?".

Eliza tinha a mania de navegar em seus pensamentos quando estava em público e não podia falar em voz alta.

Foi despertada de seu transe com a voz feminina a chamando:

— Engenheira, a senhora poderia vir aqui, parece que algo deu errado...

— Impossível, o projeto foi bem planejado.

— Parece que houve uma complicação, o novato trocou um dos fios e houve uma pequena explosão, não foi nada grave, ninguém se feriu.

— Novato, que novato?

— Chegou uma nova equipe, e o eletricista...

— Se eu não supervisionar tudo, é capaz de explodirem toda a obra, puta que pariu Cristina, cadê a porra do engenheiro que eu deixei lá? Não posso fazer tudo sozinha, cada um tem uma função, é um trabalho em equipe, não é?

— Claro, senhora, mas sabe como é, as pessoas as vezes brincam em serviço, como diz o ditado. É um ditado bem real, não é mesmo?

— É sim, Cristina, agora pare gastar saliva e me dê um alicate de corte, anda.

Aquele era o último dia de trabalho de Eliza na nova obra que ela era a responsável, o dia havia sido estressante, um eletricista por pouco não morreu eletrocutado sob a sua responsabilidade. O dia não poderia estar pior. A engenheira odiava erros no seu turno, agora ela precisaria se entender com a chefa e dizer o que havia acontecido. Saiu do canteiro de obra direto para a sede da Real Engenharia, chegou na sala de Adriana, mas ela a mesma havia ido embora, sem muito o que fazer foi para casa.

Quando tirou o sapato, teve a certeza de que não sentia os pés, o cansaço apoderou-se dela por inteiro. Eliza foi para o banheiro e desejou naquele momento, ter alguém que preparasse seu banho. Sentiu-se tentada a ajudar alguém pagando um salário para ajudá-la em algumas tarefas básicas de casa, era demasiadamente cansativo para ela, fazer tudo sozinha. Mas se recusava fazer parte do grupo de pessoas que no Brasil adoram uma "secretária do lar". Ela era jovem, tinha dois braços e duas mãos, a saúde era perfeita e não ia se amolecer por preguiça. Achava ridículo um ser humano gozando de um bom estado físico não dar conta de sua própria casa.

Prenda-me Se For CapazOnde histórias criam vida. Descubra agora