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- Anda

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- Anda... Logo!
Me joguei na porta, mas ela permanecia trancada. Bufei de raiva, respirei fundo, ergui a perna e chutei, gritando e a porta abriu. Assenti, respirando fundo, cansada.
- Tá aí, eu sou mais teimosa.
Atrás de mim, Negan negou com a cabeça. - Bastava ter pedido ajuda.
Olhei ele, estreitando os olhos e abaixando para pegar a minha mochila colcando no ombro e levantando de novo.
- Não preciso de nada que venha de você. Agora entra. Se eu perco você, Rick manda me crucificar. - Ri, entrando atrás do empecilho, e fechei a porta. - Não seria uma maneira legal de morrer. - Falei sozinha. - Joguei a mochila no sofá e olhei ele. - Vou dar uma olhada. Vê se fica quieto.
Negan assentiu e sentou no sofá, olhando em volta.
Balancei a cabeca, tirei a arma do cinto e segui na direção da cozinha, saindo quando vi que não tinha ninguém e subindo nos quartos.
Havia sangue ali, mas quem quer que fosse, já tinha sumido faz tempo. Mas para onde, se a porta estava fechada?
- Negan. - Falei e corri para as escadas.
Ele já não estava no sofá.
- Droga! - Reclamei.
Avancei pela casa e depois cheguei num quartinho, por baixo das escadas, que servia para guardar coisas... Negan estava aí, segurando um morto pelo pescoço mas a pele dele estava cedendo e ele iria matar Negan.
O que eu havia de fazer? Ele podia morrer.
Depois lembrei de Rick e revirei os olhos, erguendo a arma de novo. - Merda, Rick. - Respirei fundo. - Negan, abaixa!
Ele me olhou, mas abaixou a cabeça e eu atirei.
O corpo do zumbi caiu no chão e Negan ergueu a cabeça, me olhando. Assentiu.
- Obrigado.
Ergui o queixo, dei as costas e regressei na sala, trancando a arma e colocando no cinto.
Olhei ele e franzi o cenho. - Obrigado?
Avancei, vendo Negan dar um passo atrás e, assim que cheguei perto o suficiente, empurrei ele com as duas mãos.
- Obrigado?! - Gritei. Fechei a mão e soquei seu rosto. - Obrigado pelo quê? Você deveria estar morto! - Outro soco. - Só matei o andarilho por causa do Rick! Ele que quer que você seja um exemplo! - Outro soco e Negan nunca ergueu a mão para mim. - Você deveria estar morto! E por mim - Chutei a perna dele, fazendo ele cair de joelhos. - Por mim já estaria!
Olhei ele, sangrando e com um corte feio perto do olho. - Anda, reage! - Gritei.
Negan negou com a cabeça. - Não.
- Porquê? Perdeu as bolas, foi?
Abaixei, segurei a camisa dele e soquei seu rosto, uma e outra vez.
- Reage, cuzão!
- Me mata. - Ele falou. - Me bate o quanto quiser, eu... Eu não vou reagir. Não vou bater em você.
Os nervos e as lágrimas tomaram conta de mim e soltei ele, que sentou no chão, encostando na parede.
Sentei, abaixando a cabeça, e limpei o rosto. - Eu te odeio! Eu te odeio e agora estou presa a você!
Ele assentiu. - Eu sei.
- Mas eu não vou matar. Você merece sofrer todos os dias da sua vida. Aquilo que você está sentindo, já é um castigo bastante bom. - Sorri. - É, sim. - Olhei ele. - Deveria ter me agredido.
Negan limpou um pouco do sangue que escorria do ferimento.
- Não. Você foi a que mais sofreu daquele grupo. Eu tirei sua irmã de você, da pior forma possível. Eu fiz coisas com ela que... Eu mereço sua raiva.
Eu ri e levantei. - Vai cantar, agora? - Limpei uma lágrima traiçoeira. - Cala a boca, Negan, de uma vez por todas.
Me afastei, subindo num dos quartos e olhando pela janela.
Comecei a chorar, como acontecia sempre que lembrava da Laiane.
Olhei minha mão, fechada, e vi o sangue do Negan sobre a minha luva negra, sem dedos, sujando ela. Fiquei olhando. Eu queria tanto que ele não existisse! Mas eu falara a verdade. Deixar ele vivo era um castigo maior.

Quando me acalmei o bastante, saí do quarto e desci, vendo que ele permanecia ali.
Peguei minha mochila, tirei um adesivo e uma lata de comida e joguei no sofá, do lado dele.
Negan me olhou e pegou as coisas.
Passei na sua frente, indo sentar junto da janela e abrindo uma das latas, olhando a rua e comendo. Precisávamos de um plano. Aquela casa era perigosamente perto da floresta, pelo que teríamos de achar outra pela manhã.
- Desculpa.
Olhei ele, sem prestar grande atenção, e depois continuei olhando a rua, sem responder.
- Você tem razão. - Negan continuou. - Eu mereço sofrer, eu fiz uma merda enorme.
Mexi no conteúdo da lata, sem olhar ele. - Teria feito diferente? Se fosse agora?
Ele riu fraco. - Teria. Teria matado todos vocês.
Olhei ele, chocada e Negan deu de ombros. - Pelo menos ainda teria minhas coisas, e minha comunidade... Mas... - Abaixou a cabeça. - Todos esses anos, fechado, serviram para eu pensar.
Assenti e sorri. - É para eu ter pena de você? Porque não está resultando.
Coloquei mais um pedaço de comida na boca e olhei a rua.
- Não, não é. - Falou. - É a verdade.
- Ah. - Olhei ele por cima do ombro. - Já acabou com esse filme?
Negan suspirou.
- Porque se já acabou - Continuei. - pode calar a boca, está me fazendo dor de cabeça.
Negan riu fraco de novo. - Você é tão diferente.
Franzi o cenho e olhei ele. - Diferente?
- Dela. Ela não era tão dura.
Joguei a lata na sua direção, e ela quase bateu na sua testa. Depois levantei, me aproximei e segurei ele pela camiseta, olhando nos seus olhos.
- É a última vez que você fala dela, entendeu? A última! - Soltei ele, empurrando. - Você nem imagina como eu quero matar você.
- Só estava falando.
- Pois então não fale!
Negan me olhou e depois assentiu.
- Lamento que tenha de ser você a ficar para lá e para cá comigo.
Eu ri, olhei para cima e depois de novo para ele. - Lamenta coisa nenhuma. Se você tivesse a chance, você me mataria e esse tempo aqui seria a oportunidade perfeita. Não tem ninguém, seria fácil.
- Não quero matar você.
- É... Eu tentei matar você, invadi o Santuário, matei homens seus, te mataria sem piscar... Ah fala sério, Negan. Virou santo agora?
Ele franziu o cenho. - Eu não quero matar você. Como já falei, você já sofreu o bastante e a culpa é minha.
Ri novamente. - Meu Deus, o mundo está realmente perdido.

Heart By HeartOnde histórias criam vida. Descubra agora