Heart By Heart

32

Hilltop estava preparando tudo, desde armas a barricadas, qualquer coisa que nos ajudasse a enfrentar a Alpha e sua estúpida horda.
Eu liderara um grupo em busca de coisas que pudéssemos usar, mesmo que nosso ferreiro estivesse incansável no fabrico de armas cortantes. Depois, fora com Daryl, Jesus, Jerry e uns outros, preparar o Hospital abandonado, que seria nosso ponto número dois, para onde iríamos se algo desse errado.
Enquanto eu puxava uma corda, Daryl se aproximou.
- Ele vai regressar no final?
Olhei ele, entendendo, e assenti.
- Negan voltará se a gente não morrer até lá.
Daryl assentiu. - A gente não vai morrer.
Assenti novamente. Era mais fácil falar do que acreditar, e ele sabia.
Tirámos o pessoal de Alexandria, deixando ela vazia, apenas Aaron e Alden ficaram para trás, para garantir e verificar os passos de Beta.
Nesse dia, acordei ansiosa. Minhas mãos tremiam ao trocar de roupa, ao fazer minha trança, já que eu não precisava de fios de cabelo na frente do rosto enquanto estivesse lutando.
Parei, me olhei no espelho e respirei fundo. Eu tinha de me manter calma.
Desci e dei de caras com Jesus, que me sorriu naquele jeito dele.
- Oi, preparada?
- Não. Eu fugi de uma guerra, no passado. Desse género, já é a segunda, nesse apocalipse.
Jesus riu. - Que mau humor, Dragomir. Já imaginou que se a gente ganhar, terá o Negan de volta?
Revirei os olhos, andando do lado dele por Hilltop.
- Você nem gosta dele. Aliás, ninguém gosta. E só terei ele aqui se a gente não morrer ou a Alpha não descobrir a traição dele.
Jesus assentiu. - Vai dar certo.
Olhei as crianças, brincando.
- Eles ficam?
Jesus assentiu de novo. - Até ordem para sair. Temos homens prontos para levarem eles assim que for necessário.
Respirei fundo.
Parei junto do portão. Havia um conjunto de paus, amarrados juntos,  com pontas afiadas e em todas as direcções, mais na frente, para bloquear a passagem dos zumbis da Alpha e dos próprios Sussurradores. Mas eles não deveriam ser burros ao ponto de vir na frente dos mortos, eram?
Senti a mão de Daryl no meu ombro e olhei ele, sorrindo.
- Por aquilo que Negan falou, hoje é o dia. Esperamos até Aaron comunicar alguma coisa e depois avançamos. Beta deve ser o último a chegar aqui, pelo que enfrentaremos a Alpha primeiro.
Assenti.
- E se não der certo, Daryl?
Deu de ombros. - Têm um exército, é verdade, mas não são imortais.
Assenti, respirando fundo e olhando em frente. Aquela poderia ser a última vez que veriamos Hilltop, que veríamos nossos amigos... até poderia ser a última vez que eu veria o Daryl. Essa parte doeu.
Abracei ele, que perdeu um pouco o equilíbrio, por causa da perna, mas ele me abraçou de volta.
- Hey, isso vai dar certo. Já sobrevivemos a coisas piores.
Me afastei e olhei ele.
- O que foi pior do que isso? O Governador? O Terminus? Não teve nada pior do que isso, Daryl. Nem mesmo o Negan era tão frio e cruel.
- Seja, mas vai dar certo. - Ele colocou a mão no meu ombro e apertou ligeiramente.
Bati no peito dele, devagar, e me afastei  deixando ele ir terminar de verificar as coisas junto do Jesus e da Tara.
Andei por Hilltop e parei junto de Lydia e Tyler. Abaixei até ficar na altura do menino e ajeitei sua camiseta.
- Se mandarem vocês ir, vocês vão, sem discussão. - Falei.
Ele revirou os olhos. - Porque não podemos ficar?
Suspirei. - É perigoso, Tyler, muito perigoso. É um exército de andarilhos, não é a mesma coisa que quando a gente acha um andarilho na estrada.
Tyler assentiu e se afastou, para junto dos filhos do Jerry.
Levantei e percebi Lydia me olhando e sorri, negando com a cabeça.
- Não, a senhorita também não pode ficar.
- Mas Neela...
- Nada de mas! É uma guerra, Lyd, contra sua mãe.
- Exato, eu posso ajudar!
- Me sentiria melhor se soubesse que estaria protegendo o Tyler enquanto eu e o Daryl não conseguirmos.
Eu sabia que ela adorava o garoto e que, se eu pedisse, ela ficaria de olho nele e que não seria capaz de recusar.
Ela pareceu entender porque assentiu sem vontade e sorriu de canto.
- Boa jogada... Romênia.
Bati no seu ombro mas depois puxei ela para um abraço apertado.
- Toma cuidado, e não abandona o Tyler por nada. A gente encontra vocês quando terminar.
- Se a gente sair.
Sorri. - Sim. - Depois me afastei e olhei ela. - Aconteça o que acontecer, não deixa o Tyler sozinho.
Lydia franziu o cenho. - Neela...
- Promete.
- Prometo.
- Agora vai, sua mãe deve estar chegando.
- Neela!
Olhámos para trás e vi Daryl me fazendo sinal com a mão. Beijei o topo da cabeça da Lydia e me afastei, suspirando. Só queria que aquele inferno terminasse logo.
Parei junto do Daryl e ele me olhou com aquela cara de quem está ferrado.
- Está chegando. Beta acabou de sair de Alexandria, então, a Alpha deve chegar aqui assim que o sol se puser. - Balançou a cabeça. - Seu amiguinho vem com ela, certo?
Assenti. - Acho que sim.
Daryl assentiu. - Ótimo. Seria bom ter um traidor dentro do grupo da Alpha.
Fiquei vendo ele preparar as pessoas. Mesmo mancando, Daryl era uma força da natureza.
Tara deixou ele dar as ordens, até porque parecia que ele sabia o que estava fazendo.
Assim que escureceu, Daryl me olhou e não resisti a abraçá-lo, apertando forte.
Depois afastámos e ele assentiu uma vez.
Andei do lado dele, até o portão, e Daryl pegou uma arma diferente da besta, e saimos andando para junto da barricada de paus afiados.
Parámos olhando em frente e, do nada, alguns zumbis começaram a sair do meio das árvores.
Respirei fundo, me sentindo nervosa.
Senti Daryl apertando minha mão uma vez e depois ficámos ali, lado a lado, esperando o exército de milhares que saía agora da floresta, em nossa direção.
Tinha, por fim, começado.