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Olhei em volta, franzindo o cenho, e coloquei as mãos na cintura.
Dog estava ali, correndo com Tyler  a moto de Daryl também estava... Mas onde estava o caipira?
- Neela.
Olhei e vi Jesus se aproximando e respirei fundo.
- Viu o Daryl?
Jesus olhou o chão e eu soube que ele sabia onde estava o meu irmão.
- Jesus...
- Ele saiu hoje cedo. Foi atrás da Alpha.
- O quê?! - Me afastei, correndo, ignorando Jesus e fui na direção do portão.
- Neela!
Vi Lydia correndo e neguei com a cabeça. - Não, eu vou sozinha.
- É a minha mãe...
- É o Daryl. - Olhei para o lado. - Dog! - O cachorro veio correndo e eu mandei proteger a Lydia.
Fiz carinho no rosto dela e saí, andando sob o sol quente. Eu tinha de achar ele antes que uma catástrofe acontecesse. Agora que Negan estava do lado dos Sussurradores, quem sabe o que poderia acontecer.
Além disso, nunca iria deixar Alpha matar o Daryl.
Fiquei seguindo o rastro deixado por alguém desde Hilltop, seria Daryl, com toda a certeza.
Cheguei no riacho e olhei em volta, tinha sinal de luta ali.
Depois olhei as pedras e quase morri. Tinha sangue ali. Bastante.
Olhei em redor, respirando rápido, e já imaginando Daryl surgindo na forma de um zumbi, mas felizmente não aconteceu.
Queria chamar por ele, mas isso só serviria para atrair os das peles se eles andassem por ali.
Tirei a arma do coldre e segurei ela para baixo, andando, seguindo o sangue. Minhas mãos tremiam e tentei me acalmar.
"Dragomir, se acalma! É uma SWAT ou não?" - Dizia minha mente.
Sorri sem vontade. - Não, nesse momento sou um nada.
Mais na frente, vi o que antes fora um estabelecimento de reparação de carros. A porta estava aberta e o sangue seguia para dentro.
Com cuidado, entrei, erguendo a arma na minha frente.
Tudo estava envolto numa sinistra manta verde, já que a natureza tomara conta de quase todo o lugar.
De repente, escutei barulho, mas foi tarde demais e senti algo bater no meu rosto, com força.
Larguei a arma e segurei o nariz, tonta.
Algo me segurou e jogou no chão.
- Daryl! Sua amiguinha se juntou a nós.
Aquela voz. Alpha.
Deitada no chão, rodei, ficando de costas e ela sentou em cima de mim, sorrindo.
- Oi Neela.
Sorri. - Eu não sou o Negan para você poder sentar.
Ela bateu no meu rosto, um tapa com bastante força. Depois aproximou a boca do meu ouvido. - Mas já dormiu com ele? Porque é a melhor das sensações. Ele sabe como fazer as coisas.
Cerrei os dentes e ergui a cabeça com força, batendo na dela. Depois segurei pelos ombros, ergui o joelho, e tirei ela de cima de mim.
Levantei e Alpha me atacou, com uma faca na mão.
Desviei e Alpha protestou, me atacando de novo.
Chutei a mão dela e depois me aproximei, socando seu rosto.
- Neela!
Parei. Era Daryl e parecia fraco.
Alpha aproveitou minha distração e me jogou na parede, onde bati com as costas e com a cabeça.
Estiquei os braços e vi um ferro, igual ao que Negan achara quando éramos só nós, peguei e bati em Alpha, fazendo ela recuar.
Respirei fundo, pela boca, e rodei o ferro na mão. Ela se aproximou e ergui a mão, socando seu nariz. Isso enfureceu ela.
Alpha rodou e segurou minha trança, puxando. Fechei os olhos.
- Negan gosta de você, eu sei que sim. Mas ele vai adorar quando eu levar você andando e juntar você às fileiras do meu exército. Sabe? Nunca pensei que ele dormisse comigo... Ele ama você.
Abri os olhos. O quê?
- Mentirosa. - Falei entre os dentes.
- Verdade. Aquele lá daria a vida por você, loirinha.
Do nada, Alpha lambeu o meu rosto e riu. - Vamos ver se vai amar sua versão zumbi. Aposto que sim.
Sentindo a raiva crescendo, abaixei e ela veio junto, segurei e joguei contra a parede. Avancei, segurando sua cabeça e batendo na parede. Depois chutei suas pernas e joguei no chão.
Sentei em cima dela, socando uma ule outra vez e depois vi a faca, no chão. Estiquei o braço e peguei. Olhei Alpha.
- Beta vai amar ver sua versão zumbi!
Espetei a faca na barriga dela, com força, e ela gritou.
Depois saí de cima dela, caindo no chão. Todo o meu corpo doía, minha testa sangrava, minha boca... Minhas costelas pareciam ter sido arrancadas.
Ela riu de novo. - Eu vou morrer, mas você também.
- Veremos.
Depois lembrei de Daryl e rodei, ficando de barriga no chão, e tentei levantar. Segurei minhas costelas e andei feito zumbi pelo espaço, quase caindo, batendo nas coisas e me segurando em tudo.
Até que vi ele.
- Daryl!
Tentei correr, mas não consegui.
Daryl estava no chão, com sangue por todo o lado. Seu rosto manchado de sangue, sua perna escorrendo sangue, uma faca suja de vermelho do seu lado...
Abaixei e segurei seu rosto. - Não, por favor, não.
Ele sorriu bem fraquinho. - Ainda... estou aqui. Vai embora. A Alpha...
Eu ri, segurando a cabeça dele. - Cala a boca, ela está pior do que eu. - Olhei para os lados. - Como vou tirar você daqui?
- Vai você, me deixa.
Franzi o cenho. - Nunca.
Sentei no chão, sentindo uma dor muito forte nas costelas e encostei na parede, com a cabeça de Daryl no meu colo.
- Não dorme. - Pedi.
- Nem você.
O que me pareceram horas depois, escutei um som e lembrei da Alpha. Abri os olhos, assustada, e vi algo se aproximando. Era baixo, parecia que pulava enquanto andava e assim que chegou perto, lambeu meu rosto, minhas mãos e depois Daryl.
Sorri erguendo as mãos. - Dog.
Vi alguém se aproximando e franzi o cenho. Esse alguém trazia a besta do Daryl e minha arma. Abaixou na minha frente e me sorriu.
- Lydia...
- Temos de tirar vocês daqui.
Assenti. - Eu consigo andar, devagar, mas consigo. - Indiquei Daryl, que estava desacordado. - Ele não.
Lydia assentiu. - Daryl é pesado demais para mim e você está ferida.
Assenti, tirei a cabeça dele das minhas pernas e levantei, gritando de dor.
- Neela...
- Não, eu consigo.
Abaixei, fechando os olhos quando senti meu corpo ser tomado por dor, e coloquei o braço do Daryl sobre os meus ombros.
- Droga, Dixon! Você pesa feito chumbo!
Lydia foi do outro lado e segurou ele, me ajudando.
Arrastámos um Daryl pesado e desacordado até à floresta e colocámos ele apoiado numa das árvores.
Deixei que meu corpo caísse junto de outra árvore. Fechei os olhos de cansaço.
- Deixei ela viva.
Olhei Lydia e entendi que falava sobre Alpha.
- Eu entendo.
Ela assentiu. - Eles virão buscar ela.
Assenti. - Escuta, sabe fazer curativos?
Lydia assentiu.
Indiquei Daryl. - Precisamos cuidar dele.
- Fica aí. - Lydia abaixou junto de Daryl e examinou o rosto dele. - Eu cuido do Daryl.
Assenti e fechei os olhos. - Posso dormir só um pouquinho?
Nem esperei para saber a resposta, apenas fechei os olhos.

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