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– Posso saber por que chegou tão cedo? – Talles perguntou rispidamente, vendo Rafaella arrumar as coisas necessárias para o dia.
Sua primeira pessoa a atender seria Gizelly e isso melhoraria consideravelmente seu dia, levando em conta que não a via desde o dia anterior e que seu dia estava sendo horrível, pois a madrugada havia sido repleta de gemidos de Mari e Bianca, vindos do banheiro.
Comemoravam mais um mês juntas e tal festejo fez Rafaella mal pregar os olhos.
– Ainda não estou em meu horário, não preciso te dar satisfações. – Rafaella respondeu com a rispidez igualada a dele. Ela sempre fora gentil, por tal razão Talles estranhou sua resposta.
– Exatamente. Você não tem autorização para mexer em nada aqui fora do seu horário. Desfaça tudo e deixe como encontrou. – Exigiu.
– Não. – Ela respondeu secamente, bocejando logo em seguida.
– Rafaella, não me faça tomar medidas drásticas.
– Talles, eu entro em quatro minutos. Para que desarrumar tudo, sendo que terei que reorganizar as coisas exatamente assim?
– Porque eu estou dizendo para fazer. – Exigiu, trincando seu maxilar.
– Não pode tratar as pessoas como se fossem meros pedaços de lixo. – Rafaella disse, vendo o homem se aproximar com a expressão rígida em seu rosto.
–Eu as trato como eu quiser. – Falou a encarando. – Agora faça o que eu mandei ou tornarei seus próximos meses aqui um inferno. – Rafaella respirou fundo.
– Tudo porque eu disse que não precisava te dar satisfações?
– Assim aprende a ser menos rude com as pessoas. – Avisou ele.
– Rude? – Ela perguntou. – Jura, Talles? -- Ela indagou sentindo-se cansada e derrotada. – O que eu te fiz?
– Como?
– O que eu te fiz? –Repetiu com veemência. – De todos os dez alunos que estão sob sua responsabilidade eu sou a única que você trata assim. – Disse. –Eu sou a única que fica até mais tarde para te ajudar a organizar tudo, mesmo sem precisar, e não faço isso para puxar seu saco e sim porque imagino o quão cansado deva estar. – Falou umedecendo seus lábios. – Então o que eu te fiz para me tratar todos os dias como um pedaço de lixo? Como se eu estivesse abaixo do subsolo? – Talles riu e negou com a cabeça.
– Tudo bem, Rafaella. Então além de arrumar isso tudo você terá que ir buscar café para mim. – Ele disse, se encostando tranquilamente na pilastra dali. A menina apenas se sentou no chão e apoiou o rosto sobre suas pernas, puxando fortemente o ar para seus pulmões. – Não me ouviu?
– Quem não ouviu foi você. Não estou em meu maldito horário; cheguei mais cedo porque me voluntariei para tornar o ambiente melhor para Gizelly, então se você quiser seu bendito café mexa essa bunda preguiçosa e vá buscar você mesmo. – Ela disse irritada, só não sabia como o quê, exatamente.
Rafaella sempre fora pacífica; sempre acatara tudo o que Talles dizia sem problemas, mas talvez o cansaço, o mau-humor, a solidão e a TPM estivessem um pouco reunidas demais. A ligação de sua mãe naquela manhã à deixou sensível, não era para menos, sentia saudade de sua família e isso a fez pensar sobre toda a sua vida: Ela era uma tremenda solitária. Sempre fora.
Seus amigos eram como uma pequena segunda família, porém mal se viam, tendo em vista que os horários eram todos incompatíveis. Ela não tinha mais ninguém além deles, Madalena e Gizelly agora se incluíam nisso, exatamente por isso ela acordou com o propósito de fazer o dia mais legal para aquelas duas, haviam passado por um bocado de coisas, mereciam ser felizes.
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Em um piscar de Olhos (Girafa)
FanfictionGizelly Bicalho tinha apenas seis anos quando seus pais decidiram tirar as tão famosas férias em família. Iriam para a Tailândia, porém, o destino lhes foi cruel, causando o choque de um caminhão desgovernado contra o carro onde estavam durante o ca...