– Posso, hum, entrar? – Gizelly perguntou fitando seus próprios pés e Rafaella estranhou aquela ação.
– Claro. Entre! – Rafaella disse, dando espaço para Gizelly passar.
– Me desculpa, Rafinha? – Gizelly pediu baixinho, com a voz carregada de dor e Rafaella olhou Arthur, quem assistia tudo preocupado.
– Arthur, vou conversar com ela lá em cima, tudo bem? – Rafaella avisou, entrelaçando seus dedos com os de Gizelly antes de ver seu amigo acenar positivamente com a cabeça. – Vem cá, Amor... – Rafaella chamou, subindo as escadas com Gizelly em seu encalço.
Elas entraram no quarto e Rafaella mal teve tempo de fechar a porta, pois Gizelly se jogou em seus braços, enterrando a cabeça em seu pescoço.
– Hey, o que houve, vida? – Rafaella perguntou, levando uma mão até o cabelo de Gizelly e acariciando.
– Ela não é minha amiga. Você tinha razão. – Gizelly disse, apertando ainda mais forte os braços ao redor de Rafaella.
– Por que diz isso? – Rafaella indagou.
– Ela me beijou. Rafinha, desculpa. Eu quebrei nossa promessa de dedinho. Eu sou horrível. – Rafaella sentiu seu peito se comprimir e sentiu uma mistura de dor e desespero, porém tratou de manter a calma.
– Você... você retribuiu? – Rafaella perguntou, prendendo a respiração.
Não sabia que poderia sentir tanto medo de uma resposta até aquele dia, mas precisava perguntar.
– Não. Eu empurrei ela. – Gizelly disse e Rafaella soltou o ar de seus pulmões. – Por favor, por favor, me desculpa? Eu fui uma boba.
– Você tem não culpa da maldade que há no coração dos outros, Amor. – Rafaella disse, depositando um beijo na testa de Gizelly. – Você não descumpriu nossa promessa, teria descumprido se você tivesse beijado ela de volta.
– Eu deveria ter te ouvido quando disse que ela me olhava diferente. – Gizelly disse e Rafaella a puxou, sem sair do abraço delas, até a cama, colocando Gizelly para se sentar sobre seu colo. – Eu prometo nunca mais ter amigas para não correr o risco de quebrar nossa promessa. – Rafaella riu e negou com a cabeça.
– Não quero que não tenha amigas. – Rafaella disse. – Eu ficaria muito triste se fizesse isso, na verdade. – Rafaella falou e Gizelly a abraçou forte, sentindo Rafaella depositar um beijo em sua clavícula.
– Eu fui boba.
– Vou te contar uma história, real dessa vez. – Rafaella disse e Gizelly a fitou esperando para ouvi-la. – Às vezes a gente cresce quebrando a cara. Eu já quebrei muito a minha e vou continuar quebrando. Você também. – Rafaella disse. – Você é ingênua em muita coisa e ainda tem muita coisa para desenvolver, foram muitos anos em coma. – Rafaella removeu o cabelo do rosto de Gizelly antes de prosseguir. – Essa é a primeira vez que você se magoa com alguém. Sabe essa dorzinha que está fazendo suas florzinhas morrerem?
– Como sabe que está doendo? – Gizelly perguntou.
– Porque todos passamos por isso. A gente se ofende por termos sido idiotas ao ponto de acreditar em alguém, mas a verdade é que idiota foi a pessoa que nos magoou.
– Jura?
– Sim. – Rafaella disse. – E com o tempo a gente vai perdendo a ingenuidade e ficamos mais espertos em algumas coisas, porque infelizmente é comum da natureza humana errar e, bem, nós nos adaptamos. Sabe a Sandy? Ela não vai ser a última pessoa a te magoar, mas cada dorzinha dessa nos ensina algo. Só quero que me prometa algo.
– O quê? – Gizelly perguntou suspirando.
– Nunca se sinta alguém ruim, alguém boba por ter dado sua confiança a alguém. Isso só mostra o quão puro seu coração ainda é. – Gizelly esboçou um princípio de sorriso ao ouvir aquilo. – Nem se acontecer muitas e muitas vezes. Há corações que mesmo apanhando preferem acreditar que alguém nesse mundo pode ser melhor.
– Como você. – Gizelly disse, encostando sua testa na de Rafaella. – Você é o que os contos de amor narram, Rafa. Você existe aqui na vida real e é o meu amor.
– E você é o meu. – Rafaella disse, sentindo os lábios de Gizelly esbarrarem sutilmente sobre os seus.
– Eu te amo muito. – Gizelly disse.
– Também te amo. Agora me conte o que aconteceu lá. – Rafaella pediu e Gizelly assentiu.
– No primeiro dia ela só me ofereceu vinho e pela insistência eu acabei aceitando uma taça. Ela bebeu muito e eu iria voltar andando porque eu não tinha levado dinheiro e meu celular tinha descarregado. – Gizelly disse e Rafaella assentiu. – O telefone dela estava quebrado, de acordo com ela, então não deu para chamar você ou a minha mãe. Ela queria me trazer, mas não deixei porque ela tinha bebido, aí ela pagou meu táxi.
– Hm. – Rafaella disse em um murmúrio para Gizelly dar continuidade.
– E hoje ela começou a fumar maconha e me ofereceu. Disse que eu ficaria com tesão e você iria gostar disso. Eu fiquei confusa, mas aí lembrei que você disse que gosta de mim do jeitinho que eu sou, então eu vi que não precisava daquilo e disse não.
– Ela aceitou sua decisão?
– Não. Insistiu mais e mais e eu quis vir embora, mas ela pediu desculpas e começou a falar dos livros. – Gizelly disse. – Quando ela já estava bem chapada ela acabou confessando que foi afastada do serviço por ser viciada em bebida e em drogas.
– Não acredito que te deixei com essa mulher. – Rafaella exclamou irritada.
-- Aí ela começou a cheirar e eu saí de lá, dando um tchau e dizendo que tinha que sair com minha mãe. Ela correu atrás de mim e me beijou, aí empurrei ela e liguei para a minha mãe, mas menti que era para a polícia e ela pediu desculpas e entrou.
– E sua mãe trouxe você aqui. – Rafaella deduziu e Gizelly assentiu.
– Sua folga e a idiota aqui foi passar com outra pessoa. – Gizelly disse chateada consigo mesma.
– Hey, o que eu disse sobre não falar assim de você?
-- Mas isso não foi porque ela foi uma idiota. – Gizelly retrucou. – Foi porque o fato de ela ter sido uma idiota me abriu os olhos, eu também fui, mas com você.
– Já está perdoada e sabe de uma coisa? – Rafaella disse e Gizelly negou com a cabeça. – Ainda é minha folga e podemos passar abraçadinhas assistindo séries. Que tal?
– Deus está me recompensando por todos os anos que fiquei em coma, juro! – Gizelly disse, distribuindo beijos por todo o rosto de Rafaella. – Nunca mais trocarei de passar sua folga com você, por nada nessa vida. – Rafaella riu pelo jeito eufórico de Gizelly e a fitou.
– Acho bom mesmo. – Rafaella disse semicerrando os olhos antes de se inclinar e encaixar seus lábios com os de Gizelly em um beijo um pouco mais apaixonado.
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Acho bom tbm!
Spoiler do próximo capítulo: A Gizelly vai realizar um sonho 😏
Até a próxima 🔥
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Em um piscar de Olhos (Girafa)
Fiksi PenggemarGizelly Bicalho tinha apenas seis anos quando seus pais decidiram tirar as tão famosas férias em família. Iriam para a Tailândia, porém, o destino lhes foi cruel, causando o choque de um caminhão desgovernado contra o carro onde estavam durante o ca...