Capítulo 47

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– Posso, hum, entrar? – Gizelly perguntou fitando seus próprios pés e Rafaella estranhou aquela ação.

– Claro. Entre! – Rafaella disse, dando espaço para Gizelly passar.

– Me desculpa, Rafinha? – Gizelly pediu baixinho, com a voz carregada de dor e Rafaella olhou Arthur, quem assistia tudo preocupado.

– Arthur, vou conversar com ela lá em cima, tudo bem? – Rafaella avisou, entrelaçando seus dedos com os de Gizelly antes de ver seu amigo acenar positivamente com a cabeça. – Vem cá, Amor... – Rafaella chamou, subindo as escadas com Gizelly em seu encalço.

Elas entraram no quarto e Rafaella mal teve tempo de fechar a porta, pois Gizelly se jogou em seus braços, enterrando a cabeça em seu pescoço.

– Hey, o que houve, vida? – Rafaella perguntou, levando uma mão até o cabelo de Gizelly e acariciando.

– Ela não é minha amiga. Você tinha razão. – Gizelly disse, apertando ainda mais forte os braços ao redor de Rafaella.

– Por que diz isso? – Rafaella indagou.

– Ela me beijou. Rafinha, desculpa. Eu quebrei nossa promessa de dedinho. Eu sou horrível. – Rafaella sentiu seu peito se comprimir e sentiu uma mistura de dor e desespero, porém tratou de manter a calma.

– Você... você retribuiu? – Rafaella perguntou, prendendo a respiração.

Não sabia que poderia sentir tanto medo de uma resposta até aquele dia, mas precisava perguntar.

– Não. Eu empurrei ela. – Gizelly disse e Rafaella soltou o ar de seus pulmões. – Por favor, por favor, me desculpa? Eu fui uma boba.

– Você tem não culpa da maldade que há no coração dos outros, Amor. – Rafaella disse, depositando um beijo na testa de Gizelly. – Você não descumpriu nossa promessa, teria descumprido se você tivesse beijado ela de volta.

– Eu deveria ter te ouvido quando disse que ela me olhava diferente. – Gizelly disse e Rafaella a puxou, sem sair do abraço delas, até a cama, colocando Gizelly para se sentar sobre seu colo. – Eu prometo nunca mais ter amigas para não correr o risco de quebrar nossa promessa. – Rafaella riu e negou com a cabeça.

– Não quero que não tenha amigas. – Rafaella disse. – Eu ficaria muito triste se fizesse isso, na verdade. – Rafaella falou e Gizelly a abraçou forte, sentindo Rafaella depositar um beijo em sua clavícula.

– Eu fui boba.

– Vou te contar uma história, real dessa vez. – Rafaella disse e Gizelly a fitou esperando para ouvi-la. – Às vezes a gente cresce quebrando a cara. Eu já quebrei muito a minha e vou continuar quebrando. Você também. – Rafaella disse. – Você é ingênua em muita coisa e ainda tem muita coisa para desenvolver, foram muitos anos em coma. – Rafaella removeu o cabelo do rosto de Gizelly antes de prosseguir. – Essa é a primeira vez que você se magoa com alguém. Sabe essa dorzinha que está fazendo suas florzinhas morrerem?

– Como sabe que está doendo? – Gizelly perguntou.

– Porque todos passamos por isso. A gente se ofende por termos sido idiotas ao ponto de acreditar em alguém, mas a verdade é que idiota foi a pessoa que nos magoou.

– Jura?

– Sim. – Rafaella disse. – E com o tempo a gente vai perdendo a ingenuidade e ficamos mais espertos em algumas coisas, porque infelizmente é comum da natureza humana errar e, bem, nós nos adaptamos. Sabe a Sandy? Ela não vai ser a última pessoa a te magoar, mas cada dorzinha dessa nos ensina algo. Só quero que me prometa algo.

– O quê? – Gizelly perguntou suspirando.

– Nunca se sinta alguém ruim, alguém boba por ter dado sua confiança a alguém. Isso só mostra o quão puro seu coração ainda é. – Gizelly esboçou um princípio de sorriso ao ouvir aquilo. – Nem se acontecer muitas e muitas vezes. Há corações que mesmo apanhando preferem acreditar que alguém nesse mundo pode ser melhor.

– Como você. – Gizelly disse, encostando sua testa na de Rafaella. – Você é o que os contos de amor narram, Rafa. Você existe aqui na vida real e é o meu amor.

– E você é o meu. – Rafaella disse, sentindo os lábios de Gizelly esbarrarem sutilmente sobre os seus.

– Eu te amo muito. – Gizelly disse.

– Também te amo. Agora me conte o que aconteceu lá. – Rafaella pediu e Gizelly assentiu.

– No primeiro dia ela só me ofereceu vinho e pela insistência eu acabei aceitando uma taça. Ela bebeu muito e eu iria voltar andando porque eu não tinha levado dinheiro e meu celular tinha descarregado. – Gizelly disse e Rafaella assentiu. – O telefone dela estava quebrado, de acordo com ela, então não deu para chamar você ou a minha mãe. Ela queria me trazer, mas não deixei porque ela tinha bebido, aí ela pagou meu táxi.

– Hm. – Rafaella disse em um murmúrio para Gizelly dar continuidade.

– E hoje ela começou a fumar maconha e me ofereceu. Disse que eu ficaria com tesão e você iria gostar disso. Eu fiquei confusa, mas aí lembrei que você disse que gosta de mim do jeitinho que eu sou, então eu vi que não precisava daquilo e disse não.

– Ela aceitou sua decisão?

– Não. Insistiu mais e mais e eu quis vir embora, mas ela pediu desculpas e começou a falar dos livros. – Gizelly disse. – Quando ela já estava bem chapada ela acabou confessando que foi afastada do serviço por ser viciada em bebida e em drogas.

– Não acredito que te deixei com essa mulher. – Rafaella exclamou irritada.

-- Aí ela começou a cheirar e eu saí de lá, dando um tchau e dizendo que tinha que sair com minha mãe. Ela correu atrás de mim e me beijou, aí empurrei ela e liguei para a minha mãe, mas menti que era para a polícia e ela pediu desculpas e entrou.

– E sua mãe trouxe você aqui. – Rafaella deduziu e Gizelly assentiu.

– Sua folga e a idiota aqui foi passar com outra pessoa. – Gizelly disse chateada consigo mesma.

– Hey, o que eu disse sobre não falar assim de você?

-- Mas isso não foi porque ela foi uma idiota. – Gizelly retrucou. – Foi porque o fato de ela ter sido uma idiota me abriu os olhos, eu também fui, mas com você.

– Já está perdoada e sabe de uma coisa? – Rafaella disse e Gizelly negou com a cabeça. – Ainda é minha folga e podemos passar abraçadinhas assistindo séries. Que tal?

– Deus está me recompensando por todos os anos que fiquei em coma, juro! – Gizelly disse, distribuindo beijos por todo o rosto de Rafaella. – Nunca mais trocarei de passar sua folga com você, por nada nessa vida. – Rafaella riu pelo jeito eufórico de Gizelly e a fitou.

– Acho bom mesmo. – Rafaella disse semicerrando os olhos antes de se inclinar e encaixar seus lábios com os de Gizelly em um beijo um pouco mais apaixonado.

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Acho bom tbm!

Spoiler do próximo capítulo: A Gizelly vai realizar um sonho 😏

Até a próxima 🔥

Em um piscar de Olhos (Girafa)Onde histórias criam vida. Descubra agora