Capítulo 24

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– Mamãe, eu posso pedir algo de presente de natal? – Gizelly perguntou, fazendo sua mãe lhe fitar.

– Querida, não posso comprar mais nada agora, já é quase meia noite. – Sua mãe informou enquanto comia.

– Não, mamãe. Não é nada que precise comprar.

– Então diga, querida.

– Posso mostrar meu quarto para a Rafa? O James está aqui hoje, ele pode me levar lá em cima. – Rafaella, que limpava o canto de sua boca com o guardanapo, olhou surpresa para Gizelly.

– Eu fiz certo em não comer nada durante o dia. Isso aqui está uma delícia. – Arthur mencionou, alheio às pessoas na mesa.

– Já terminaram de comer, hm? Então, sim, querida. Podem ir. – Madalena disse, chamando James no momento seguinte. – Rafaella só se certifique de descerem antes da meia noite para abrirmos os presentes.

– Pode deixar comigo. – Ela disse, vendo James adentrar a cozinha e começar a empurrar a cadeira de Gizelly até a escadaria da sala. A garota se levantou e viu Caon sussurrar algo que a fez enrubescer:

– Tchuneves. – O rapaz sibilou sem que a mãe da garota pudesse ver. Ele ergueu seu corpo, simulando uma investida em alguém e logo tremeu os dedos no ar, como se estivesse masturbando uma mulher.

Rafa ignorou a ação estúpida e indecente de seu amigo, até porque sabia que ele estava apenas brincando, e seguiu Gizelly e James, pedindo licença antes de sair da cozinha. O homem embalou Gizelly nos braços e a levou escada acima, a colocando na cadeira de rodas que tinha no piso superior.

– Obrigada, deixa que daqui eu consigo. – Rafa disse gentilmente, fazendo o homem assentir e voltar para a sua refeição.

– É na última porta, Rafinha. – Gizelly explicou, apontando para o fim do corredor.

– Sim, senhora. – Rafaella brincou, rindo.

– É senhorita, Rafa. Eu não sou casada. – Gizelly disse e Rafaella riu, chegando ao fim do corredor.

Gizelly empurrou com a mão a porta branca e os olhos de Rafaella se encantaram com o que viram. Havia pequenas fadas de gesso para todos os lados. Sobre sua cama havia as que se sustentavam por um pequeno fio de Nylon transparente, dando a sensação de que voavam. O tilintar dos metais pendurados que se esbarravam pelo vento que provinha da janela aberta soou como melodia para Rafaella. A sensação de que havia entrado no mundo do Peter Pan, no mundo dos sonhos, era bem real.

– O seu quarto é incrível. – Rafa comentou completamente embasbacada com tudo.

– Eu gosto muito de fadas. – Ela confessou, entrelaçando seus dedos com os de Rafaella quando a maior parou ao seu lado. – Você se parece com elas. – O pescoço de Rafaella, na mesma hora, se virou de encontro com Gizelly, surpresa demais ao ouvir aquilo.

– Pareço? - Perguntou, vendo Gizelly assentir e puxar seu braço. A maior entendeu o recado e se inclinou, colocando as duas mãos, uma de cada lado, no apoio braçal da cadeira de rodas de Gizelly.

– Sim. – Gizelly disse, levando sua mão aberta até o rosto de Rafa e acariciando. – A sua pele é macia igual a delas parece ser. – Disse pondo toda a atenção de seus olhos nos traços de Rafaella. – E você é fisicamente delicada e meiga igual a elas.

– Uau. – Rafaella sentiu-se completamente lisonjeada.

– E a sua voz é doce. – Disse suspirando. – E os seus olhos são cativantes. Você só não tem asinhas, mas eu acho que você cortou elas para enganar todo mundo. – Disse franzindo o cenho. – Sabe mais o que eu acho, Rafa?

– Não. O quê? – Rafaella perguntou sorrindo.

– Que você é uma fada disfarçada. – Disse acariciando o rosto de Rafa, presa demais à beleza inegável da garota. – E que você apareceu na minha vida e jogou seu pozinho mágico de fada em mim e por isso eu acordei.

– Você acha mesmo isso? – Rafaella perguntou sorrindo, extremamente encantada com as palavras de Gizelly.

– Sim. Você é a minha fada. A fada Rafinha. – Rafaella riu graciosamente, Gizelly a via de uma maneira tão pura e linda que foi impossível não se sentir transbordando emoção.

– Meu coração é fraco demais para aguentar tanto elogio de você. – Rafaella brincou rindo.

– Rafinha, me conta uma estória de pirata? – Gizelly pediu, fazendo dois "O's" com as mãos e as levando aos próprios olhos, como se fosse um binóculo.

– Acho que não conheço nenhuma assim. – Rafaella disse. – Vem, vou te ajeitar na sua cama para você ficar mais confortável. – Dito isso, fechou a janela, pois estava muito frio e empurrou a cadeira de rodas até a beira da cama. Ela levantou Gizelly nos braços, a colocando sobre a cama. A menor se arrastou até o cantinho e franziu o cenho.

– Ops. Eu não deveria querer ouvir estórias. – Disse com a expressão repleta de culpa.

– Tem uma onde a Rafaella é pirata, mas em só uma parte da estória.

– Por quê? – Gizelly perguntou curiosamente.

– Porque é uma estória sobre reencarnações. Se chama "O amor nunca morre." – Explicou, se sentando na cama.

– Deita aqui, Rafinha. Já falei que gosto de você pertinho. – Gizelly disse e Rafaella sorriu, obedecendo-a. Deixou apenas seus pés para fora da cama e se recostou na cabeceira, tendo Gizelly se encostando em seu corpo.

– Melhor assim? – Rafaella perguntou e viu Gizelly assentir.

– Onde você aprendeu tanta estória? – Gizelly perguntou.

– Eu nunca tive tantos amigos, nunca fui muito sociável, então passava todo o meu tempo estudando ou lendo por hobby.

– Oh! – Gizelly expressou. – Rafa, a mamãe vai brigar comigo. – Gizelly disse, coçando os olhos.

– Por quê?

– Porque eu estou com sono. Não vou aguentar meia noite. – Disse, bocejando no momento seguinte. Rafa se esquivou dela e retirou os seus sapatos, fazendo o mesmo consigo mesma.

– Vem aqui. – Rafaella chamou assim que se deitou de vez na cama. Gizelly não hesitou em se aconchegar nos braços da garota, afinal ela adorava estar ali.

– Você vai ficar aqui comigo? – Gizelly indagou, fechando os olhos ao sentir o carinho de Rafaella em seus cabelos.

– Assim que você dormir eu chamo a sua mãe para vir vestir roupas mais confortáveis em você. – Rafaella disse.

– Dorme comigo hoje? – Gizelly pediu.

– Não sei se devo. – Rafaella disse verdadeiramente.

– Eu peço para a mamãe como presente de natal. – Disse, se forçando a manter-se acordada.

– Pensei que já tivesse pedido para eu conhecer o seu quarto. – Rafaella disse rindo, jamais cessando suas carícias.

– Dormi por quatorze anos, Rafinha. Tenho mais treze pedidos de natal. – Gizelly disse, fazendo Rafaella gargalhar.

– Muito bem pensado. – Ela disse suavemente, depositando um beijo na testa de Gizelly.

– Você não vai descer para abrir os seus presentes? – Gizelly perguntou, se aconchegando melhor sobre o corpo quente de Rafaella.

– Meu melhor presente de natal é poder passar um tempinho com você. – Sussurrou, sentindo Gizelly suspirar sobre si.

– Boa noite, Rafinha. – Gizelly sussurrou, totalmente dopada de sono. – Feliz natal para a minha fada. – Rafa sorriu bobamente.

– Boa noite, Gi – Retribuiu. – E feliz natal para a minha princesinha.

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Boa noite, meus amores! 😘❤️🦒

Em um piscar de Olhos (Girafa)Onde histórias criam vida. Descubra agora