Capítulo 18

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Enquanto Rafaella ajudava Gizelly a descer do táxi e se sentar na cadeira de rodas, Madalena foi na frente para abrir a porta e levar as coisas que Gizelly havia ganhado de Rafaella, tais como a flor e a cesta de chocolates.

A casa era a típica tradicional americana: Um belo jardim na frente, um gramado estendido por todo o local, que só se perdia na trilha de calçada que se formava até a entrada da casa. Mais ao lado havia a calçada que dava para a enorme garagem, de porta branca de aço.

– Mãe, eu dormi por quatorze anos, não foi? – Gizelly elevou sua voz, fazendo-a alcançar os ouvidos de sua mãe.

– Sim, meu amor.

– Então por que ainda está tudo tão... – Seus olhos percorreram toda a extensão. -- Igual? – sorriu antes de replicar:

– Eu sonhava com o dia em que seu pai voltaria para esta casa, mas infelizmente ele não voltou. – Ela disse tristemente, porém trazia consigo um sorriso inabalável. – Depois fui deixando igual, somente renovando a pintura e mantendo tudo assim, apenas para que quando você voltasse não se assustasse com a mudança. – Confessou. – Demorou quatorze anos, filha, mas você voltou.

Gizelly sorriu, sem barreiras, sem pudor. Sorriu de uma forma tão pura que atingiu cada canto da alma de Madalena e, é claro, de Rafaella, que assistia tudo.

– Eu te amo, mamãe. – Gizelly disse. – Mas se eu jamais tivesse acordado eu realmente gostaria que você enfeitasse a casa de um jeito que não te lembrasse de dias ruins.

Sem ao menos perceber Madalena estava chorando. Não um choro triste, muito pelo contrário, eram apenas lágrimas de alegria, de alívio, de paz. Sua filha estava bem, no final das contas.

– Ora, não me faça chorar na frente de Rafaella meu amor. – Madalena pediu, levando o dorso de seus dedos até o canto de seus olhos para livrar-se das lágrimas. – Vamos, não fiquem paradas aí, venham.

Rafaella assentiu e começou a empurrar a cadeira na direção da casa. Seus olhos curiosos analisaram tudo, porque ao contrário do exterior, o lado interior da casa não se assemelhava em nada com o tradicional. Qualquer um notaria que uma

A família de classe alta vivia ali.

Todos os móveis de madeira maciça davam destaque dentre as paredes amarelas e brancas. Os enormes quadros abstratos que enfeitavam as paredes, com suas molduras douradas, entregavam o amor pela arte. Na sala, que era o cômodo onde se encontravam, o enorme tapete preto felpudo cobria o chão, contrastando com o lustre de luzes brancas no centro do cômodo.

– Mamãe, posso mostrar meu quarto para a Rafa? – Gizelly perguntou animada, lembrando-se da quantidade de brinquedo que costumava ter.

– Vamos ter que deixar isso para a próxima. Seu quarto fica em cima e não quero que Rafaella tenha que tentar te subir. Dei folga para os empregados, então hoje terá que dormir em um dos quartos daqui debaixo.

– E quando eles voltam?

– Amanhã. – Madalena informou.

– Então a próxima vez que a Rafinha vier posso mostrar a ela? – Perguntou esperançosa, vendo Madalena assentir.

– Sim, querida. – Disse gentilmente. – Rafaella sente-se, por favor. Fique à vontade. -- Pediu. – Vou preparar algo para comermos.

– Obrigada, senhora Bicalho.

– Madalena, querida. Me chame de Madalena. – Pediu sorrindo.

– Certo, dona Madalena.

– Sem o dona. – Disse, fazendo Rafaella rir.

– Tudo bem, Madalena. – Disse vendo a mulher desaparecer no cômodo.

– Rafa, temos uma piscina grandona. Você acha que as minhas pernas vão ficar boas até o verão? – Perguntou. Rafaella caminhou até o sofá e deixou a cadeira de frente para ele, sentando-se diretamente de frente para Gizelly.

– Eu acho que até a primavera elas já estarão boas, Gizelly. – Respondeu. – Suas pernas estão perfeitas, só precisam aprender a se adaptar ao seu novo tamanho e peso e recuperarem a força.

– E você vai vir nadar comigo?

–Se você quiser que eu venha, virei.

– De maiô? -- Perguntou arqueando uma sobrancelha. – Não se deve entrar na piscina de roupa.

– De maiô ou de biquíni, tanto faz. – Deu de ombros. – Sua casa é muito bonita.

– Você também. – Gizelly respondeu dando um sorriso suave.

– Obrigada. – Respondeu naturalmente; ela já estava acostumando-se aos elogios de Gizelly, eram puros e genuínos, algo que enchia o coração de Rafaella de um sentimento bom.

– Posso me sentar aí no sofá com você? – Perguntou, vendo Rafaella assentir e se inclinar, puxando Gizelly para o sofá com toda a delicadeza que havia em si. – Obrigada. Acho que estou cansada.

– Quer descansar um pouco? – Rafaella perguntou, vendo Gizelly assentir – Então deite-se que eu ficarei ao seu lado até que pegue no sono.

– Deita comigo? – Pediu, coçando um de seus olhos.

– Claro. – Ela disse, se deitando no sofá e trazendo Gizelly para cima de si.

– Rafa, a Lylla também quer um abraço seu. – Gizelly disse, prendendo a visão na girafinha que estava na cesta sobre a mesinha de centro. Rafaella riu e esticou o braço, pegando a girafinha e a colando sobre o outro lado do seu peito.

– Assim está bom? – Rafaella perguntou e sentiu Gizelly assentir antes de afundar seu rosto na curva do seu pescoço.

– A Manu me disse ontem que depois que ela cresceu ela parou de ouvir estórias. – Gizelly informou com a voz mais baixa, fechando os olhos ao sentir o carinho de Rafaella em seus cabelos. – Então eu decidi que como estou ficando grandinha não vou mais ouvir também.

– Tem certeza? – Rafaella perguntou, surpresa demais, afinal Gizelly adorava ouvir contos e estórias, principalmente as românticas. – Gizelly não precisa parar com as estórias.

– Eu já me decidi. – Ela disse com veemência, levando seu braço esquerdo até a Lylla, abraçando assim ela e Rafaella ao mesmo tempo.

– Tudo bem, então. – Rafa disse, mantendo suas carícias em Gizelly.

– Rafinha? – A voz rouca voltou a soar.

– Sim, meu amor? – Perguntou com a voz repleta de doçura e paciência.

– Será que você poderia contar uma estória para a Lylla? – Rafaella riu graciosamente, desfrutando do calor do corpo de Gizelly sobre o seu.

– Contar uma estória para ela? Acha que ela gostaria?

– Sim. Ela ainda é neném. – Respondeu.

– Suponho que ele queira ouvir romance, hm? – Rafaella perguntou em tom divertido.

– Sim. Ela adora romance. – Gizelly disse e Rafaella assentiu.

– Bom, era uma vez uma garota que se chamava Bela...

– Não, Rafa. Essa não! – Gizelly a interrompeu. – Conta uma onde a garota se chama Rafaella. – Rafaella riu alto, pois todas as estórias que contara à Gizelly ela havia substituído os nomes dos protagonistas por Rafaella e Gizelly e, aparentemente, Gizelly havia gostado disso.

– Certo. Era uma vez, uma garota que se chamava Rafaella... – E assim foi, contou sua estória até o sono chegar. Ela não soube dizer quem dormiu primeiro, mas quando Madalena apareceu na sala não resistiu em rir baixinho diante da cena que vira:

Rafaella abraçava com possessão o corpo de Gizelly com um braço, enquanto como outro fazia o mesmo com a girafinha de pelúcia. Já Gizelly, com apenas uma braço abraçava os dois ao mesmo tempo. A mulher suspirou bobamente, aquela definitivamente fora as coisa mais fofa que já presenciara em toda a sua vida.

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Madalena me representa vendo essas duas. 🥰

Em um piscar de Olhos (Girafa)Onde histórias criam vida. Descubra agora