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Exausta. Era assim que Rafaella se sentia; Talles havia abusado de seu poder e feito Rafaella trabalhar muito mais do que o normal, incluindo ter que buscar café do outro lado do hospital para ele várias vezes.
Ela sabia que isso aconteceria, pois Talles não estava lidando muito bem com o fato de ela, ainda não estando formada, pegar um caso tão raro e importante quanto o de Gizelly, Gizelly era um milagre da medicina e, apesar do pouco tempo que estava acordada, seu nome já se destacava nas principais manchetes por todo o país. Juntamente com seu nome, se destacava o nome de todos os médicos e envolvidos no tratamento, obviamente o sobrenome Kalimann ficaria conhecido dentre o cenário da saúde e, certamente, Talles gostaria de seu nome estar junto.
Rafaella fez o favor de deixar o homem ainda naquela lista, não por ele obviamente, senão por Gizelly, mas o homem não parecia satisfeito com isso, afinal tantos anos de carreira não serviram para tirá-lo do cargo de auxiliar em uma manchete importante, ele se sentia humilhado provavelmente.
A maior tomou um banho rápido no próprio hospital e se dirigiu ao quarto de Gizelly. Madalena a recebeu com a mesma gentileza de sempre e disse que já havia deixado na recepção a autorização para ela passar a noite com Gizelly explicou também que sobre a mesinha havia seu número anotado em um papel. Rafaella o anotou em seu celular por garantia, ela era desastrada havia tempo suficiente para saber que um pedaço de papel poderia ser facilmente destruído de várias formas.
Gizelly não queria que sua mãe fosse, mas quando Rafaella explicou que Madalena precisava dormir em uma cama confortável e comer algo saudável Gizelly acabou por concordar com Rafaella.
– Hey, Gi, minha irmã tem algumas bonecas em minha casa. Ela não mora aqui, mas às vezes vem me visitar. Gostaria que eu trouxesse para brincarmos? - Gizelly fez uma careta e negou.
– Eu não gosto de bonecas. – Rafaella riu e assentiu.
– Para ser sincera eu também nunca gostei. Gizelly assentiu sem sequer olhar para Rafaella. – Hey, o que você tem?
– Nada. – Gizelly disse baixando seus olhos para suas mãos.
– E o que está gerando essa carinha triste, então? – Gizelly começou a piscar rápido demais para Rafaella considerar algo normal. – Gizelly, você está bem? – Os olhos não pararam de piscar, tendo Gizelly os pressionando fortemente no momento seguinte e então Rafaella segurou sua mão. – Eu vou chamar um médico, espere.
– Rafinha... – Gizelly disse, segurando sua mão apressadamente fazendo a menor lhe fitar novamente. – Não!
– Então respire. Tudo bem? Sente alguma dor? Algo fora do comum? – Rafaella perguntou, subindo na cama e embalando Gizelly em seus braços. Gizelly negou lentamente, começando a parar de piscar tão rápido. Rafaella ficou acariciando suas costas até a garota voltar ao normal.
– Desculpe. – Gizelly pediu baixinho, afundando seu rosto na curva do pescoço de Rafaella.
– Não tem porque se desculpar, anjinho. – Rafaella disse calmamente. – Eu vou precisar comunicar o médico sobre isso, de qualquer forma, tudo bem para você?
– Não, por favor. – Gizelly pediu, começando um choro baixinho. – Não me deixa sozinha.
– Shhh, tudo bem. Não vou sair do seu lado. Esperarei alguma enfermeira vir para a ronda noturna então, mas se algo mais estranho acontecer eu precisarei ir, tudo bem? – Gizelly assentiu, virando seu rosto na direção de Rafaella prestando atenção em cada detalhe.
– Eu não sou normal? – A garota perguntou subitamente, fazendo Rafaella olhar na direção de seu próprio ombro, que era onde o rosto de Gizelly estava.
– Por que está me perguntando isso? – Gizelly enrubesceu e Rafaella notou os olhos voltarem a piscar muito rápido, deixando a sensação de preocupação inundar seu ser novamente. Rafa decidiu se virar e apertar o botão ao lado da cama, que era usado somente para urgências. Depois se desculparia por isso, mas precisava de alguém ali.
– O moço da TV falou de vida amorosa, que era normal na minha idade, mas eu... – Os olhos não paravam de piscar e Rafaella começou a balançar lentamente as duas, como se estivesse ninando a garota. – Eu não sou normal? – A voz saiu baixa e triste.
Rafaella não pôde responder àquela pergunta, pois o quarto fora invadido por toda uma equipe de médicos, com equipamentos prontos para uso. Rafaella sorriu sem graça e desceu da cama.
– Então, eu precisava de alguém aqui. – Rafaella começou sua explicação, um pouco envergonhada. – Mas eu não podia sair do quarto então eu... oh, céus, sinto muito. – Ela disse enrubescendo Algumas pessoas reviraram os olhos e saíram, mas um médico ficou.
– Pois não? -- Ele perguntou gentilmente.
– Estávamos conversando e, de repente, ela começou a piscar muito rápido e às vezes pressionava os olhos fortemente. Eu fiquei preocupada, isso não é normal. – Rafaella disse.
– Era para tentar parar. – Gizelly disse e então o médico se aproximou da cama.
– Tentar para o quê? -- O doutor perguntou, acendendo sua pequena lanterna nos olhos da garota. – Siga meu dedo com os olhos. – Ele pediu e Gizelly o fez.
– De piscar. – Gizelly replicou. – Eu apertei os olhos fortemente para tentar parar de piscar.
– Sentiu algo? Tontura, dor, mal-estar? Algo diferente? – Gizelly pareceu pensar e logo assentiu.
– As minhas bochechas arderam. – O Médico assentiu, olhando para Rafaella.
– Sobre o que falavam?
– Rafinha, não! – Gizelly pediu com veemência, enrubescendo; seus olhos começaram a repetir o mesmo de alguns minutos antes ao piscarem rapidamente. Gizelly apertou fortemente eles e negou com a cabeça. -- Não param! Argh! – Gizelly disse.
– Vou levá-la para uma ressonância e precisarei que você toque neste mesmo assunto com ela quando estivermos lá. – Ele disse, fazendo Rafaella assentir.
– Devo ligar para a mãe dela? – Rafaella perguntou aflita, cruzando os braços. O doutor apenas sorriu e negou.
– Se for o que eu estou pensando então não tem com o que se preocupar. – Ele disse calmamente. – Vamos fazer a ressonância, hm? Depois disso, se o resultado for algo negativo você chama a mãe dela, mas eu acredito que não será necessário. – Rafaella assentiu, vendo o homem acariciar seu braço sem malícia, apenas a confortando.
– Hey, princesa... – Rafaella chamou assim que o médico saiu, se debruçando sobre a cama. – Vamos fazer um exame rápido em você, tudo bem? Eu vou estar lá com você.
– Vai doer? – Gizelly perguntou assustada.
– Não. O médico só vai tirar uma foto do seu cérebro. – Ela disse, sentindo os dedos de Gizelly se entrelaçarem nos seus.
– Igual o moço da TV? – Perguntou curiosamente e Rafaella negou com a cabeça.
– De jeito nenhum. O moço da TV é um homem bobo. Não quero que pense que você tem algum problema ou que é anormal tudo bem?
– Mas eu não sou igual a maioria da minha idade. Eu deveria ser. – Ela disse, sentindo Rafaella acariciar seu rosto.
– Vou contar um segredo. – Ela disse baixinho. – Ninguém é igual a ninguém. Não quero que se sinta triste com o que ele disse, tudo bem?
– Você promete que não liga? – Rafaella sorriu e assentiu.
– De dedinho. – Rafaella respondeu, entrelaçando seu dedo mindinho com o de Gizelly.
– Então eu deixo o médico tirar foto do meu cérebro. – Gizelly disse sorrindo, fazendo Rafaella sorrir também, porém internamente ela sentia um medo avassalador. Mesmo com o médico achando não ser algo preocupante, Rafaella só se acalmaria quando soubesse do que se tratava aquele piscar de olhos.
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O que será que a Gizelly tem? 👀
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Em um piscar de Olhos (Girafa)
FanficGizelly Bicalho tinha apenas seis anos quando seus pais decidiram tirar as tão famosas férias em família. Iriam para a Tailândia, porém, o destino lhes foi cruel, causando o choque de um caminhão desgovernado contra o carro onde estavam durante o ca...