Capítulo 22

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Olá, Girafinhas!

Uma att pra deixar esse dia menos sofrido.

Madalena não era boba, sabia que algo não estava certo; conhecia sua filha o suficiente para ver sua expressão triste e confusa. A mulher retirou seu casaco e o pendurou, caminhando até o sofá e se sentando ao lado da garota.

– O que houve, querida? – Perguntou com doçura, pois não queria de maneira nenhuma assustar sua filha. Gizelly entortou o canto dos lábios e negou com a cabeça.

– Eu não sei, mamãe. – Ela disse, tentando discernir o que estava acontecendo.

– Por que essa carinha triste?

– Eu... – Seus olhos castanhos encontraram o de sua mãe e por um momento ela corou, desviando o olhar para qualquer outro ponto. – Eu não sei o que está havendo comigo.

– Tente explicar para mim, hm? Quem sabe eu possa te ajudar. – Madalena disse, vendo Gizelly se virar de frente para ela e assentir com a cabeça.

– Está bem. – Disse, deixando seus ombros caírem. – Desde que eu acordei no hospital eu gosto da presença da Rafaella, mãe. – Ela confessou. – Mas não é igual antes, com as minhas amiguinhas da escolinha, ela é uma amiga diferente.

– Diferente como? – Madalena perguntou, já tendo uma leve noção do que se tratava, mas mesmo assim querendo ouvir de sua filha.

– Eu não sei. – Disse em um suspiro frustrado. – Eu gosto de colorir, mas aí de repente não estou mais prestando atenção no desenho, estou lembrando de como ela sorri quando me conta uma estória. Eu estou confusa; eu... – Sua voz se perdeu quando ela começou a chacoalhar a cabeça e seus olhos começaram a tremer, seus cílios piscarem e ela bufar irritada.

– Calma, filha. – Madalena pediu, pegando uma das mãos de Gizelly e acariciando.

– Não. Eu... Eu não gosto disso. A Rafa ficou brava comigo por isso. – Disse piscando ainda mais, seu rosto levemente corado pela fúria de si mesma.

– Ela ficou brava? – Madalena indagou.

– Eu acho que sim. – Gizelly disse, suspirando pesadamente. – Eu vi alguns filmes onde duas pessoas se beijavam. – Explicou, começando a brincar com os dedos de sua mãe, que não se importou com aquilo. – E eu entendi o que eu sentia quando estava perto dela, Era isso que eu queria fazer, mas eu não sabia antes.

– E você disse isso a ela?

– Não. Eu mostrei. – Falou, olhando para sua mãe com a expressão repleta de culpa. – Liga para ela e pede desculpas por mim? Eu prometo de dedinho que não vou fazer mais isso. – Falou levemente afobada. – Mamãe, eu juro que guardo a vontade na caixinha de segredos do coração e não faço mais, mas pede para a Rafinha não ficar brava comigo, por favor..

– Querida, você a beijou? – Madalena ainda estava presa naquela informação, boquiaberta e surpresa demais para dizer qualquer outra coisa.

– Eu... Não sei o que está acontecendo comigo. – Ela disse tristemente. – Meu cérebro quebrou em alguma das cirurgias e não voltou mais ao normal, mamãe.

– Querida, o que está acontecendo com você é absolutamente normal. – Explicou brandamente. – E aposto que Rafaella não ficou brava, talvez surpresa.

– Ela me disse no hospital que também sente as florzinhas. – Confessou cabisbaixa. – Eu pensei que ela... Eu pensei... – Bufou. – Eu não sei o que eu pensei. Eu não gosto de ter o cérebro quebrado. – Madalena riu e acariciou os cabelos de Gizelly.

Em um piscar de Olhos (Girafa)Onde histórias criam vida. Descubra agora