ℂ𝕒𝕡𝕚𝕥𝕦𝕝𝕠 𝟛: Presos ao passado que persegue

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Quando fui para escola no dia seguinte me dei conta de que estava condenada. Eles liberariam os resultados semana que vem e os meus certamente seriam decepcionantes.

Meu humor foi murchando lentamente, e não consegui me manter realmente otimista nem quando Becky veio correndo em minha direção.

-- Eai amiga, conseguiu achar seu lenço? – já chegou perguntando.

-- Achei. – respondi sem empolgação – Quer dizer, não fui eu que encontrei, foi Damian.

Os olhos de Becky brilharam e ela soltou um grito agudo e histérico, tão de repente, que me assustei.

-- Anya, ele encontrou o seu lenço e o guardou para você! Você não percebe? Ele está caidinho por você. Esse será o gatilho para uma grande história de amor! – Disse, derretendo de amores.

-- Becky, normalmente eu tenho confiança no seu bom senso, mas você já está ficando doida. Ele só encontrou meu paninho e guardou para mim, não tem entrelinhas ou romance.

Ele cruzou os braços e fez um biquinho.

-- É, talvez esse gesto não tenha sido especificamente romântico, mas isso não muda o fato de que ele tá na sua desde os seis anos.

-- É, definitivamente você está vendo coisas.

Ela deu de ombros e disse baixinho algo como "você uma hora vai ter que notar, até pelo bem do coração dele."

O sinal tocou e nos pusemos a andar em direção a sala.

Eu não acreditava no que ela dizia, mas a verdade é que ela plantou uma pequena paranoia em minha mente. E se...

Balancei a cabeça e tentei afugentar essa loucura da minha linha de pensamentos. O Damian afim de mim? Até parece! Mas e se...

Sem que pudesse impedir, meu cérebro passou a reviver todas as memorias, tentando investigá-las e decifrá-las. Tentando ver se havia realmente algo a mais desde sempre e eu nunca fiz questão de notar. Mas por que esse repentino estranhamento dentro de mim?

Cheguei à sala e me sentei, me pegando a desejar ter lido os pensamentos dele ontem, sobre o que ele refletia tão intimamente e envergonhado enquanto a aula não começava.

Ouvi a porta se abrir, e por ela passou o metido. Estranhei, ele nunca chegava depois do sinal. Estiquei meu pescoço para enxergá-lo, mas tudo o que pude ver antes que ele se virasse foram seus olhos avermelhados.

Okay, alguma coisa estava definitivamente errada.

Tentei me aproximar dele a todo momento para perguntar o que se passava, mas toda hora acabava me desencontrando. Eu me enganava se dizia que era somente pela missão. Não era especialmente próxima de Damian, mas existia algum acordo velado entre nós de provocações bestas.

Aquele amizade onde os dois se perturbam eternamente, negam qualquer envolvimento, mas que no fundo se preocupam com o bem-estar do outro. E mesmo nos piores dias eu nunca havia visto o metido pra baixo como ele estava, era inevitável me preocupar.

No fim da aula, deixei propositalmente minha garrafinha na sala de aula, e torci para que Damian permanecesse nela um pouco mais como havia feito no outro dia. Repeti as mesmas coisas de ontem, disse a Becky que havia esquecido algo quando já estávamos saindo e parti em direção a sala.

Corri, com medo de ser pega, da sala já ter sido fechada ou do Damian já ter voltado ao dormitório. As luzes já estavam apagadas, mas a porta ainda não estava trancada. A abri, silenciosamente, e bisbilhotei lá dentro, tentando descobrir se havia alguma alma viva ali.

In my Mind -- Anya X DamianOnde histórias criam vida. Descubra agora