ℂ𝕒𝕡𝕚𝕥𝕦𝕝𝕠 𝟙𝟞: O melhor (menos pior) caminho.

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Existe os tratamentos que irei citar, mas não da forma que vou citar. O caso de Anya é único e deve ser tratado dessa forma. E eu queria dar mais uns meses de vida a ela, então...


-- Acho que posso pedir para o doutor nos encaixar amanhã. Aí já veríamos os detalhes do tratamento e começaríamos ele. Assim será mais fácil de conseguir aprovação da escola. O que acha?

-- Mas amanhã é quinta, temos aulas em período integral, não podemos faltar o dia todo. – Reclamei.

-- Ele está certo. – Rebateu meu pai. – Sua saúde vem em primeiro lugar, e quanto antes tratarmos melhores as chances. Também quero participar para debatermos o melhor tratamento.

Damian concordou com a cabeça e meu pai logo começou a pedir que ele ligasse ao consultório, coisa que meu namorado se pôs a fazer. Embora parte de minha mente quisesse reclamar do complô feito contra mim, eu não pude deixar de sorrir. Eles estavam se dando tão bem!

Suas mentes também estavam em sincronia, seus pensamentos naquele momento trabalhando para um único fim: cuidar de mim. Me senti genuinamente amada. Como uma criança se sente ao se enrolar no cobertor favorito ou quando o gato ronrona em seu colo.

Eu ri e eles olharam para mim, despertando do estupor.

-- Então vamos fazer isso. Marque a bendita consulta, que eu vou encarar meus demônios de frente.

Loid sorriu com seu sorriso de pai bobo e orgulhoso, e Damian deu apoio total. Minha mãe me incentivou e meu gosto- cof cof... meu namorado, arranjou uma consulta rapidamente, com a capacidade persuasiva que só ele tinha.

O dia seguinte reservaria suas próprias surpresas, mas por hoje era o bastante, então resolvi bater o ponto. Becky chamou sua limosine, e Damian o chofer discreto e particular. Eles se foram e eu fui para a cozinha lavar os pratos. Meu pai caiu logo depois na cama, exausto pelas notícias e as missões que estavam sendo bombardeadas nele.

Minha mãe foi para a cozinha fazer mais uma vez aquele chá esquisito que ela tirou a receita de não sei onde. Mas ela estava gostando, então bastava. Ela bebia e me analisava cuidadosamente. Era fácil esquecer que eu tinha acabado de contar a ela que era adotada.

Ela era muito tranquila com a ideia. Eu sabia que não importava tanto mais, mas ainda sim é difícil pensar que alguém lida tão bem com o assunto. Por fim suspirou e falou como se fosse ela a telepata da casa:

-- Eu nunca encontrei semelhanças significativas entre você e o Loid. Vocês se amavam e pela convivência adquiriram hábitos em comum, mas, a menos que a mãe tivesse uma genética forte, meu íntimo sempre considerou a possibilidade da adoção. Mas acho que não posso culpar seu pai por esconder.

Ela suspirou, e prosseguiu:

-- Órfãos sempre tem uma vida complicada gratuitamente, e ele queria te proteger, nem que fosse do mundo inteiro. Também já tive de mentir e omitir para proteger o Yuri, então não me acho no direito de cobrar. Sou órfã, mas não tive quem me adotasse, então eu tive de assumir as coisas lá em casa. Tive de fazer coisas terríveis para dar a Yuri a melhor vida possível. Fico grata ao Loid por ter te dado uma chance melhor.

Eu não esperava por isso. Desde pequena escutei dos pensamentos de minha mãe ela tratar com tranquilidade sobre o assassinato, mas nunca imaginei o quão penoso foi para uma criança ter que fazer o trabalho sujo de caras cruéis. Matar porque ela preferia condenar a própria vida para melhorar a do irmão. Sem que ninguém soubesse.

Ela, como também eu, e o papai, nunca achamos que encontraríamos alegria de verdade. Mas para garantir a alegria dos outros nos encontramos a felicidade na nossa família pequena e quebrada. Uma felicidade que residia em tudo, nos pequenos diálogos, nos pequenos momentos, nas pequenas ações. No quanto cada vez mais éramos uma família verdadeira, e pessoas verdadeiras. Mostrando sentimentos reais, contando o que era omitido e abrindo o jogo, pouco a pouco.

In my Mind -- Anya X DamianOnde histórias criam vida. Descubra agora