O inferno começou as cinco da manhã.
Levantei da cama e corri para o banheiro vomitando tudo o que havia comido na noite anterior. Fiquei sentada no chão, inclinada sobre o vaso, sem aguentar dar nem um passo. Mesmo depois de botar tudo para fora, as náuseas permaneciam. Toquei minha cabeça, fadigada sem explicação.
Meu pai entrou correndo no quarto e ao me ver desamparada sob o piso frio, ele agiu rapidamente. Me segurou e ofereceu apoio. Me ajudou a ficar de pé para escovar os dentes e ver se melhorava a sensação ruim. Depois me deixou na beirada da cama e foi buscar um banquinho. O pegou e colocou dentro do box, me ajudando a caminhar e sentar.
Ligou o chuveiro no quente e deixou que a água caísse mesmo eu estando vestida. Foi um alívio para todo o corpo. Ele pegou xampu e começou a esfregar meus cabelos de um jeito carinhoso que só ele sabia. Mesmo que o enjoo não tenha sumido magicamente, isso melhorou consideravelmente meu estado geral.
Depois de enxaguar e começar a passar o condicionador ele resolveu quebrar o silêncio:
— O que foi que aconteceu filha? Está se sentindo melhor?
Sorri de leve, me sentindo acolhida.
— Eu acordei enjoada, e acabei largando tudo assim que cheguei no banheiro. E eu 'tô melhor, não estou 100%, mas ainda sim melhor.
Ele respirou mais tranquilo e voltou a massagear meu cabelo. Depois dessa limpeza do estômago naturalmente me sentia fraca, mas ao menos a náusea passava.
— Obrigada pai; de verdade.
Ele olhou para mim triste, e seu pensamentos ressoavam em harmonia e tristeza sem igual. Condenava-se por não ter percebido. Acreditava que se tivesse notado mais cedo o tratamento não seria tão penoso desde o início. Mesmo que soasse como não usar do bom senso eu não podia evitar. Tinha que confortá-lo.
-- Me desculpe pai, por não ter te contado desde o início. Eu fiquei com medo. Falando agora, percebo que foi tolice. Mas não se culpe por nada, ok?
Ele se inclinou e me abraçou, não se importando de ficar molhado. Me abraçou até que ficasse apertado.
-- Pai, não consigo respirar.
Ele riu e se afastou, mantendo as mãos em meus ombros. Limpou uma gota que escorria de meu rosto com o polegar calejado. Aquilo era do banho ou eram minhas lágrimas? Eu nem ao menos sabia.
-- Filha, você é o primeiro raio de sol a entrar em meu mundo. Não me imagino num lugar em que a Anya não exista. Obrigada por ser tão forte e corajosa. Você é meu maior orgulho. Eu te amo.
Agora sim eu tinha certeza de que o que escorria eram lágrimas.
-- Também te amo, pai. Obrigada por ter me resgatado daquele lugar. Obrigada por ser meu lar.
Encostamos nossas testas e ficamos assim até que qualquer enjoo dissipasse. Ainda não tinha muita energia, mas estava feliz.
-- Onde está a mamãe? – questionei curiosa.
-- Ela está no quarto. Disse que não se sentiu bem e que estava com cólicas. Pedi que não fizesse esforço, então está na cama. – respondeu enquanto ligava o chuveiro.
Pude não apenas ver, mas sentir a ansiedade de meu pai. Mesmo tomando todo cuidado pra disfarçar sua expressão, mexer com sua família é como declarar guerra a paz mundial; à paz de seu mundo. Essa foi a minha vez de consolá-lo.
Fiz uma força e me ergui para abraçá-lo.
-- Vai ficar tudo bem com a mamãe, não se preocupe.
Ele concordou e me abraçou de volta, suas mãos apertadas em minhas roupas molhadas. Ele tinha o hábito de querer sustentar tudo. Mas eu sabia o quanto doía fazer isso.
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In my Mind -- Anya X Damian
FanfictionDurante anos, Anya lutou para se tornar uma aluna imperial e se aproximar de Damian. Nunca teve real sucesso, mas sua vida dá uma virada brusca quando algo abala a Operação Strix e sua família de "mentirinha". *Sinopse temporária* História de Isabe...