CAPÍTULO 24 - Estrelas

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Saray: - S/n... S/n... Ô S/n!

Olho para o lado, era a cigana me chamando. Nos levantamos da cama, Saray pega duas blusas de frio e abre as celas. Como?

- Espera aí, como você...

Saray: - Eles deixam as celas abertas durante a noite agora, graças ao Palácios. Na Cruz Del Sur tinha uma diretora chamada Miranda, ela fazia isso também para diminuir as taxas de suicídio e termos mais liberdade. Mas quase ninguém sai, só saem para ir ao banheiro ou fumar. Porém não vamos fazer nenhuma dessas coisas...

Tá, mas como eu não sabia disso? Fico muito surpresa, acho que ando muito avoada...

Saray segura minha mão e corre para o pátio. Damos gargalhadas baixas tentando não acordar ninguém, como crianças que estão aprontando. Uma vez a Maca me disse que aqui de noite, dá para escutar tudo e todos, e é verdade. Enquanto descia as escadas e cruzava os corredores, eu conseguia escutar a pia pingando, roncos baixos, o som da cama quando mudavam de posição, um pouco assustador eu diria.
Fomos de roupa que usamos para dormir, shorts amarelos, regata, meias e crocs.
Chegamos lá e não tinha nada e nem ninguém, apenas a quadra e as arquibancadas.

- Afinal, o que estamos fazendo aqui?

Saray: - Ah, esses dias você me contou o quanto sentia falta de deitar na grama e olhar as estrelas, como você fazia quando precisava relaxar. Eu não posso te dar a grama, mas as estrelas eu consigo. - nossos olhares se acoplaram, os olhos da cigana estavam com um brilho diferente, um que eu nunca havia visto antes. Que combinava com a luz da noite, lua e estrelas.

Realmente eu disse isso para a Vargas. Gostava de lembrar como as coisas eram mais fáceis e confortáveis quando estava fora daqui.

Nós colocamos as blusas de frio, nos deitamos no meio da quadra, olhando para o céu.

Saray: - Aqui nessa prisão até o céu é ruim, não está tão estrelado. Mas meu bem eu te prometo, nós vamos sair daqui juntas, e quando sairmos vamos morar onde todas as estrelas do universo se alinhem no nosso quintal. E vamos ter uma filha, chamada Estrella, em homenagem a algo que você gosta tanto.

Eu gosto do jeito que a Saray fala do futuro, me faz sentir mais apaixonada no amor que sinto por ela.

É, agora eu acho que estou completamente entregue a Saray.

Saray: - Você já pensou em se casar? Algum dia ou sei lá...

- Eu não sei, acho que nunca cheguei nessa fase do relacionamento em que quero casar ou me imagino. Eu só me relacionei duas vezes fora da prisão e um deles durou 2 meses.

Saray: - Você sabe, eu quero me casar com você, me imagino casando com você, eu te amo muito!

- Eu te amo muito cigana! Mas vamos pensar nesse lance de casar mais para frente...

Nossos lábios se encontram, era um beijo calmo e que aproveitava todo o segundo como se não houvesse amanhã. A posição estava um pouco desconfortável, já que estávamos deitadas uma do lado da outra, então Saray se vira, ficando em cima de mim. Ela sabe que sou muito tímida e reservada, então temos poucos tempos de intimidade na Cruz Del Norte. Com isso, eu tomo a iniciativa de tirar a blusa de Saray. A blusa de frio, a blusa amarela de botão e logo em seguida a regata, ficando apenas com seu sutiã branco. Levanto meu tronco ainda com os beijos que estavam ficando mais quentes, agora ela está no meu colo e seu quadril se movimentava devagar. Sua mão passa por baixo, dentro da minha blusa, acariciando meus seios. Nossos corpos estavam pedindo por algo além disso, mas Saray para com um último selinho.

- Onde está indo meu bem? Perdeu o petite?

Ela sabia muito bem o que estava fazendo.

Saray: - Olha ali. - ela aponta para a diagonal de uma das paredes, enquanto se veste. - tem câmeras aqui Pim pim.

Eu adoro quando ela me chama de Pim Pim, é tão bonitinho.

Saray: - A gente também viu... Está sempre escolhendo uns lugares complicados.Sempre somos interrompidas. - ela ri enquanto acende um cigarro. - Inclusive eu acho que a gente se fudeu um pouco. Se o carcereiro não estiver dormindo no seu horário de trabalho, ele viu a gente nas câmeras.

Nem deu tempo de responde - la, pois umas luzes que começaram a se mover atrás de nós tomou conta das nossas atenções. Olhamos para atrás, era Palácios, Millán e Hierro com suas lanternas.

Palácios: - O que que eu falei sobre o pátio á essa hora? Não é permitido! Desculpa mas teremos que revistar vocês, não aceito mais tráficos aqui dentro.

Saray: - Que isso Palácios está me estranhando? Eu não sou traficante não.

Millán nos revista ali mesmo.

Palácios: - Ok, mas de qualquer maneira vocês vão para a solitária meninas.

Saray: - Ai Palaciozinho, a S/n é novata, ela não sabia que não podia vir para cá a essa hora.

Palácios: - Ah não me fode, ela já está aqui tem mais de um ano.

Então Hierro leva a gente direto para a solitária. Estava mais escura e úmida do que o normal.

Saray: - Meu bem?- ela tenta se comunicar comigo pela ventilação que passava de uma solitária para a outra. - Está acordada?

- Oi meu amor.

Saray: -Eles vão nos tirar daqui em menos de uma semana, não se preocupe.

-Eu tô tranquila, vale a pena dormir na solitária depois de nós termos aquele tempo no pátio...

Já eram mais de uma hora da manhã, eu estava começando a ficar com sono. O bom da solitária é que a sirene de manhã vem bem mais baixa então eu poderia acordar mais bem humorada e tarde também, pois não tem contagem.

- Boa noite minha cigana!

Saray: - Boa noite Pim pim!

Amar - ellos💛Onde histórias criam vida. Descubra agora