S/N POV
Eu não tinha chegado a ter uma vida adulta fora da Cruz Del Norte, mas agora eu tenho e posso afirmar que é muito difícil!
Fazem quatro meses que eu não vejo Saray e as meninas pois eu ando muito ocupada tentando recuperar os anos perdidos. Agora além de ter um emprego de meio período, estou fazendo faculdade e tendo uma porrada de trabalhos para entregar. Estou cursando administração, e lá na minha faculdade fiz alguns amigos que saio aos finais de semana, quando não temos trabalho para entregar segunda. E esses novos amigos são Laura (que todos chamam de Flaca), Triana e Monica, elas são bem legais porém meio doidinhas.
Mas depois desse tempo todo eu posso visita - las, em um sábado que eu e minha irmã estávamos de folga.
- Quem você quer visitar senhorita?
- Saray Vargas de Jesús, Macarena Ferreiro Molina, Goya Santos, Teresa Gonzales Largo, Antônia Trujillo Díez, Zulema Zahir, Luna Garrido e hum... Acho que não estou esquecendo de ninguém. - fico impressionada como eu sei o sobrenome de todas elas.
- Todas elas do bloco 3? - ela pergunta assustada com a quantidade de nomes. A carcereira olha umas fichas e papeladas de todas elas.
- isso mesmo. - abro um sorriso simpático de canto.
- Tem que ser uma de cada vez ok?
- Tudo bem.
Elas chegam todas de uma vez ao contrário do combinado, super empolgadas, cada uma do seu jeito. Não sabia para quem olhava ou para quem prestava atenção.
Saray: - Achei que você tinha esquecido de mim. - ela me abraça forte e me enche de beijos.
Millán: - Se soltem, sem contato por favor!
- Eu estou trabalhando e fazendo faculdade. Minha vida está um pouco corrida, desculpa meu bem.
Antônia: - Mulher... Tem umas fofocas para te contar...
Terê: - Deixa a Saray contar o que ela precisar contar primeiro.
- O que foi gente? Conta logo. - todas elas não parecem estar com uma cara muito boa, começo a ficar preocupada e curiosa.
Saray: - A Altagracia faleceu, ela suicidou-se na solitária. Ninguém sabe o motivo.
- Nossa... Nem sei o que dizer. - Altagracia era chata comigo mas eu não consigo não sentir tristeza com a morte de alguém que conheci e convivi. Ela poderia estar passando por algo difícil que não sabemos...
Goya: - E também, o bloco 3 inteiro está aplaudindo a Saray! - ela diz sorridente.
- Por que? O que que a cigana aprontou? - pergunto desconfiada.
Macarena: - Então, é melhor a gente ir né pessoal? Vem cá me dar um abraço s/n! - Então as meninas se despedem de mim para deixar eu e Saray conversarmos a sós.
Saray: - Relaxa tá?... - ela se senta a mesa, e eu o mesmo.
- Saray você já está me assustando, fala logo. - começo a ficar tensa. Em minha mente, vem o pensamento da possibilidade de Saray ter feito algo que aumentasse sua sentença, o que não seria nada bom.
Saray: - Eu estou grávida. - sua expressão fica sério e ela logo desvia seu olhar direto em suas mãos.
- O que? Mas como? - eu não sabia o que pensar, estava paralisada. Saray não era do tipo de trair assim, muito menos com homem e um carcereiro, guarda, médico ou sei lá quem fosse.
Saray: - Calma, eu não te traí. Eu fui estuprada por um carcereiro daqui. - ela diz com dificuldade.
- Quem? Quem fez isso com você? Você precisa me contar, eu posso fazer alguma coisa, qualquer coisa. Você já disse para Palácios? - o ódio e fúria se espalha em meu corpo. As coisas não eram justas na vida, muito menos na Cruz Del Norte e aquele cara precisava de uma punição severa.
Saray: - Não precisa, eu já dei um jeito nele. Cortei o pau e as bolas desse maldito. Acabou correndo pelos corredores a fofoca da razão de eu ter feito isso, então o diretor ficou sabendo e logo em seguida Castillo. Não sei mais o que aconteceu com aquele puto, mas ele não trabalha mais aqui, talvez tenha sido preso.
- Ai cigana, eu sinto muito mesmo... O que vai fazer? Vai abortar?
Saray: - Não! Eu sou cigana e crianças são sagradas para mim! Confesso que a primeira coisa que eu pensei quando descobri, foi em um aborto. Mas quando estava na solitária por semanas por "ser agressiva" e ter cortado o pau daquele filha da puta, a única companhia que eu tinha era esse bebê cigano... - ela olha para sua barriga e um sorriso de canto se forma.
- Eu vou te apoiar no que for, no que você decidir!
Um bolo na minha garganta se fez presente, a vontade de chorar era imensa por tudo que ela estava passando, o que com certeza era muito difícil. Me sentia culpada por ter passado esse tempo longe dela, e a mesma passando por coisas horríveis, mas pelo menos Vargas tinha sua companheira Zulema e as outras meninas para apoia - la todos os dias.
- Mas cigana, se você não se incomodar, ou conseguir contar como isso aconteceu...
Saray: - Eu fui para a solitária, ele me drogou com aquelas porras que nos dão toda manhã quando acham que somos agressivas, aquelas merdas para acalmar. E o resto você já sabe. - olhava em seus olhos e podia ver o ódio e desprezo tomando conta de toda sua feição.
- Nossa... Ele não merece nem estar vivo. Mas Saray você será uma mãe incrível, nós seremos pois irei criar junto a ti. - lágrimas caem dos olhos da cigana, me fazendo o mesmo.
O ruim da visita é que não pode ter nenhum contato para não ter o risco de passar objetos ou drogas, mas eu queria tanto abraçar - la e nunca mais soltar.
- vou te visitar sempre que eu puder para acompanhar sua gestação. E inclusive, você está de quantos meses?
Saray: - Três. - ela diz acariciando a barriga. - E vai ser uma ciganinha, forte como a mãe! - seu sorriso se abre e seus olhos brilham.
- Ah, você já sabe o sexo? Esqueci que é a partir de dois meses... Uma menina! E o nome, qual vai ser?
Saray: - Estrella, como prometido a você. - seu sorriso fica radiante.
- Cigana, a prisão não é um lugar nada bom para se crescer. Então eu posso me disponibilizar a cuidar dela enquanto você cumpre sua pena, se você quiser e permitir, claro.
Saray: - Eu iria ficar no pavilhão das mães, mas não tem mais vaga. E também, eu não quero que a primeira cor que minha filha veja seja amarelo, não quero que ela cresça pensando que o paraíso fica atrás grades e muros que contornam Cruz Del Norte. Não quero ficar longe da minha Estrella, mas não quero que ela tenha uma infância ruim. É claro que eu aceito!
Volto para a minha casa, hoje minha irmã está na casa de seu namorado, então a casa está bem silenciosa. Chego, janto e tomo um banho quente demorado na banheira. Tentando processar todas as informações que recebi hoje, Altagracia morta e Saray grávida. Ela é muito forte de enfrenta - lo e fazer justiça com as próprias mãos!
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Amar - ellos💛
FanficCondenada á 12 anos de prisão por homicídio, s/n foi parar na Cruz Del Norte. Ela, que não esperava encontrar um amor na prisão, acabou encontrando dois. * A imaginação é com vocês, s/n pode ter a aparência que quiserem que ela tenha. * Os personage...