Não era uma opção ou não, Sakusa se mostrava totalmente descontente com a idea de não saber sobre o corvo. Provavelmente enquanto estava lendo sem mim, descobriu. Aquele velho deve ter escrito algo, me admira um pouco mais ele saber sobre...foi descuido meu. Não queria falar de Shoyo por saber os problemas que aquele piriquito preto poderia me oferecer, além dos outros que já tem causado.
─ Veja bem, não era nem para você saber dele, então por qual motivo eu falaria sobre? Nem sabia que o meu antigo dono sabia, inclusive.
Sakusa inspirou e se levantou, parecia nem acreditar nas palavras do companheiro.
─ Então quer me convencer que ele não sabia de algo tão importante quanto o caderninho que fala e que isso não é importante a ponto de me dizer? Miya, foi por causa daquele corvo que você ficou assim, eu já vi ele, ou vai me dizer que o corvo que apareceu aqui não tem nada haver com esse? esse lugar nunca teve corvos e ele é o UNICO que eu já vi na cidade, incrivelmente só no nosso quintal. Então, me diga, estou ficando maluco?─As orelhas de Miya se abaixaram, Sakusa tinha voltado a olha-lo ao terminar de falar.
─ Talvez seja, mas...isso não muda os fatos. Você não pode se misturar com ele.
─ Seu antigo dono fez.
─ É, ele fez e agora está morto.
Um silêncio nada confortavel prevaleceu no quarto. Miya não iria mudar de ideia e Sakusa também não, a pequena vantagem dessa vez foi nenhum dos dois ter começado uma briga. Miya saiu da janela e foi andando até a porta do quarto que estava com uma brecha que ele poderia facilmente abrir mais com uma das patas, assim fazendo.
─ Apenas lembre que em momento algum eu errei ou menti para você, mesmo que eu tenha escondido sobre esse detalhe para o seu bem. Me escute mais vezes, garoto.
O gato saiu e Sakusa já não queria mais continuar pintando. O rapaz voltou a se sentar ao lado da janela, pensando se deveria mesmo ouvir o gato. O que leu informava claramente que o corvo tinha total envolvimento com o que aconteceu com o gato e isso estava lhe causando muito mais que uma empatia. Era como se o problema não fosse apenas o que aconteceu com o gato, sentia que era muito além e não entendia o que significava.
Se passaram apenas uns cinco minutos assim para notar que atrás do cercadinho que tinha em volta da casa, Kageyama e Hinata estavam passando juntos, conversando algo. Sakusa lembrou de quando o gato disse para não se misturar com eles, mas quando o ruivo olhou a janela do quarto de Kiyoo e sorriu acenando, o mais alto se levantou e saiu da casa.
─ Eles realmente fizeram isso?! Cara, que vacilo!─Disse Hinata, indignado.
Os três estavam saindo de uma lanchonete onde Sakusa comprou pão de queijo, Hinata um picolé de morango e Kageyama estava apreciando o doce gosto de uma rosquinha de chocolate. Sakusa tinha acabado de falar para eles sobre a ausência total de reação dos seus pais quando voltou tão tarde para casa, além de não ter ligação alguma ou mensagem deles pergutando onde ele estava e se estava bem.
─ Para quem disse que os pais ficariam loucos, parece que eles já sabem que você tem idade suficiente para se virar e viver.─Kageyama teve uma reação bem mais neutra se comparada com a de Shoyo. O ruivo não gostou muito.
─ Mano? claramente eles não se importam com o filho, olha isso! ele sendo de maior ou não, continua sendo filho deles! ainda acho ridiculo.
─ Bom, talvez eles tenham dormido antes e pensado que cheguei alguns minutos depois, eu meio que não falei nada sobre isso para eles no dia seguinte e nem depois.─Mesmo concordando com o baixinho, já que estava magoado, tentou dar pano aos seus pais.
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Sete Vidas - Sakuatsu
FanfictionSakusa era só um jovem que ainda não se conhecia direito. Tinha problemas com os pais, mas não era algo visível aos seus responsáveis meio ausentes. Com a mudança de cidade e de vida, o protagonista acaba conhecendo uma figura curiosa e felina. Miy...