— E como você pretende fazer isso sem que o pai use o diário ao favor dele? sabe que ele vai saber o que você está passando.
Rintaro não tinha conseguido ligar para Komori, pelo menos naquele momento o castanho não atendeu a ligação. Eles ainda estavam dentro do estabelecimento do dono da bancada de jornal.
— Rintaro tem razão, é um risco e você pode acabar adiantando seus pés na cova, não podemos mais garantir se o próximo a sumir é você ou outra pessoa, tão pouco quanto tempo falta para isso ocorrer.
— Eu sei perfeitamente o que estou fazendo, se ele usa o corvo e o diário como espiões, somente preciso agir como frágil na frente deles. As minhas reais intenções ficam guardadas para quando é seguro, entendem agora? Rintaro, Komori não atendeu?
— Ah, faz sentido, mas nem sempre teremos certeza se o corvo está por perto então ainda acho um risco...tipo, caras, esses idosos eles são tão estranhos quanto a ideia de um corvo. Não, ele não entendeu, depois tento de novo.
Rintaro murmurou baixinho o início, queria evitar que aquele velho brotasse do inferno e escutasse.
— Está querendo dizer que a população daqui...
—Cara, não é difícil, a cidade é uma maquete, não duvido que a sociedade também seja formada por marionetes. Aquela moça do posto sabia! Sabia e não quis falar!
— mas se ela sabia e deu pistas, isso faz ela não ser uma marionete, não? Se não ela nem iria ajudar, ele não daria pistas. Além disso, o senhor nos deu os jornais de boa vontade, se fosse uma marionete...
Miya se levantou, um pouco cansado de ficar deitado em cima da pilha de jornais. Esticou as patas enquanto atrapalhava Sakusa.
—Sakusa, se eles lhe recusassem isso, aí sim seria suspeito, não acha? Quem come calado, come mais. Não tem como suspeitar de quem não nos da motivos.
Rintaro estralou o dedo e se sentou na frente de Miya, estendendo o punho que bateu com a patinha do gato num "toca aqui".
— Que isso? Viraram amiguinhos, foi?
—Apenas eu e Miya dividindo a melhor capacidade de pensar da investigação. Aposto que quando era um ser humano, você era um...uma...Miya, feminino ou masculino? Digo, você era...?pensando bem, Miya não é tipo sobrenome? Qual era o seu nome completo? Agora que me toquei que nunca perguntei nada sobre quando você era humano.
A pergunta era de Rintaro, mas o interesse também era de Sakusa. Ele não perguntava sobre a vida de Miya, não fez questão de saber nome e sobrenome, gênero, idade, nada.
— Para vocês é Miya o gato preto, quando eu pensar que merecem algo, aí sim, eu conto isso daí. Então, já que não conseguimos nada aqui, que tal voltarmos para casa e comermos? Senti cheiro de lasanha antes de sairmos, tenho certeza que estava bom.
Ele pulou da mesa e foi até a porta, passando a patinha na brecha até a abrir e sair por ali. Amu pulou e foi atrás, os garotos se olharam. Sakusa organizava os jornais junto a Suna, devolvendo os papéis ao local que estava antes.
— Sakusa, antes você falava mal do Miya. Até onde sei, também odiava gatos...O que te fez mudar de ideia?
Kiyoo olhou para o amigo, um pouco surpreso com a pergunta, mas era um choque particular de quem...não sabia o que fez mudar.
— Não sei, acho que o convívio. Ele é bem irritante as vezes, mas com o tempo eu me acostumei.
— Você meio que passou anos sem querer amizades. Não vou contar com Tobio e Hinata, aquilo não é amizade, é uma troca de interesses...seja lá quais são os maldosos deles, e claro, conhecidos. Mas dá pra ver que você se importa com aquele gato.
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Sete Vidas - Sakuatsu
FanficSakusa era só um jovem que ainda não se conhecia direito. Tinha problemas com os pais, mas não era algo visível aos seus responsáveis meio ausentes. Com a mudança de cidade e de vida, o protagonista acaba conhecendo uma figura curiosa e felina. Miy...