22- Pai

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Os momentos em que lia sozinho o diário do antigo Dono de Miya, Sakusa entendia um pouco mais sobre o que não lhe era contado.

"Aparentemente, o tempo de Miya logo encontrará o seu fim. Esse corvo tem aparecido mais vezes e parece despreocupado. Meu gato tem resistido menos e voltado a ter comportamentos estranhos. tem um tempo que comecei a conversar com aquele diário e notar que ele me trata apenas como um passa tempo. Pelo que entendi, roubar minha vida não lhe é de interesse. Acredito que seja minha idade avançada, iria ter pouco proveito, talvez se eu fosse mais novo ele tentasse. Além disso, com a idade, aprendemos muito, deve ser mais fácil manipular um jovem. Mas ultimamente tenho tentado algo novo, mesmo sendo pouco o que me resta de vida, tentarei fazer uma troca."

"Ele tem mostrado interesse! Se tudo ocorrer bem, logo tomará minha vida em troca da liberdade de Miya. Aquele gato terá sua vida humana de volta, finalmente. Se o tempo chegar antes, Miya se tornará um gato comum para sempre, sua alma humana vai sumir dessa terra sem chances de voltar a viver."

"As coisas parecem estranhas, não sei se devo confiar tanto assim no plano. Esconderei esse diário na esperança de algum dia um próximo dono encontra-lo e entender melhor sobre a situação. Principalmente, sobre confiar em Miya."

Depois daquelas páginas não existiam mais anotações. Sakusa entendia que o antigo Dono teria dado a vida dele para tentar recuperar a de Miya, mas pelo resultado do gato ainda estar na mesma maldição...não tinha dado certo. O pai teria mentido? Ou só não deu certo pelo homem ser velho demais e seu restante de vida não servir? Quem sabe no fim ele fugiu ou só não escreveu mais nada e morreu de velhice. De qualquer maneira já entendia que se fosse tentar algo, isso seria a primeira opção para salvar Miya. Sua vida era longa, o moreno ainda era jovem, sem dúvidas seria uma troca muito mais vantajosa.

*Retornando ao tempo*

Quando amanheceu os garotos desceram do quarto um pouco depois dos pais de Sakusa irem embora. Miya e Kiyoomi estavam comendo juntos e talvez Kiyoo estivesse de bom humor já que o felino comia em cima da mesa.

─ Acordaram tarde, belas adormecidas.

Sakusa disse para os garotos que pareciam ter sido atropelados por um caminhão.

─ Fala isso por não ter dormido com seu amigo aqui no mesmo quarto. Porra, Rintaro me deu cada chute...

─ Fala isso por não ter ouvido seu ronco, parecia uma motoca...

─ Que mentira, eu não ronco! Eu acho...bem, tanto faz. Sakusa, dormiu na sala?

─ Dormi com meus pais ontem. Ninguém dorme com vocês no quarto e corrigindo, os Dois roncam. A diferença é que Rintaro começa e depois para, mas você parece estar ligado numa tomada.

Sakusa deu um sorrisinho ao ver a cara feia dos dois quando ouviram que ambos roncavam. Komori começou a se servir e Rintaro começou a montar a comida de Amu, normalmente o alto só tomava uma xícara de café.

─  Aquele cara que atacou vocês pode voltar hoje, lembrem do que Kei me falou do corvo. Provavelmente era ele, na verdade, tenho certeza.

─ Você tá com a arma do Tsuki ainda, a gente atira nele qualquer coisa. 

─ Tá maluco?! Não posso atirar em alguém! Como vai falar para a polícia que estava se defendendo de um corvo que está tentando amaldiçoar seu amigo? Vai falar sobre um gato que fala também?!

Sete Vidas - SakuatsuOnde histórias criam vida. Descubra agora