Durante a madrugada daquela noite o sono pesado daquele gato não se fez tão pesado assim. Miya acordou quando eram quatro da manhã. Se chocou quando viu estar sendo abraçado por Sakusa de novo, olhando aquele rosto humano dormindo tranquilamente.
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Já faz alguns meses que esse pirralho se mudou para cá, no início, ele parecia odiar tudo e todos. Odiava a casa, odiava a forma que seus pais nem sabiam estar o tratando, odiava a cidade e me odiava. No início pensei que ele continuaria assim e viraria um gato em menos de quatro meses, mas até que não foi tão impossível como achei que seria o fazer começar a falar com seus pais.Sakusa tinha um problema enorme de guardar as coisas para si. Bom, até que não me surpreendi. Nas nossas conversas ele sempre dizia que sempre foi um bom filho, boas notas, quieto, educado, que não trazia problemas para casa e se tinha algum ele resolvia sozinho. Isso me fez pensar que ele guardava dentro de si o ato mais simples de questionar os pais se eles notavam como ele se sentia, se eles notavam a forma que cuidavam dele e de fato, ele guardava. As vezes algo enorme pode ser alterado com uma fala, uma fala pequena e rápida. Na cabeça de Sakusa ele iria morrer se falasse o que o incomodava, que eles tinham que notar sozinhos...patético, mas acontece tanto com tantos humanos.
Mas não posso ser tão tosco e dizer que o achava tudo de ruim antes, tinha momentos que ele sabia ser divertido.
*Flashback*
─ Sakusa, você não vai parar um pouco para ir comer?
Já se faziam horas que Sakusa estava no quintal da casa pintando uma tela. Tinha uma lona enorme armada no gramado para não sujar a grama com tinta e ainda bem, ela estava toda suja. Naquele dia Kiyoo estava animado e jogando tinta diretamente dos potes, parecia um louco pintor.
─ Estou sem fome, se quer comer pode ir, sabe que sempre tem algo no seu pote.
─ mas...mas a comida do meu pote já é velha!
─ Velha? Foi colocada a duas horas atrás.─Sakusa acabou rindo daquela lamentação felina.
─ Isso, velha! Antiga! Já já cria poeira. Além disso, quero o lanche que sua mãe faz para você! Se você entrar ela vai fazer e vou poder comer aquele molho gostoso de novo.
─ Não sei se agradeço por você ter chamado o lanche de gostoso e não minha mãe.
─ Mas sua mãe também é muito gostosa.─O Gato disse ao apoiar ambas as patinhas numa das pernas de Kiyoo que abaixou a cabeça para o olhar.
─ E casada.
─ Não tenho ciúmes, posso conviver com Shin do lado, ele é engraçadinho.
Kiyoomi revirou os olhos e negou com a cabeça, desistindo de tentar ter um diálogo com aquela criatura.
─ Estou ocupado, quando eu terminar de pintar eu entro e como.
O gato murmurou com a resposta de Kiyoo, voltando a por as patas no chão e nesse momento se descuidou as enfiando numa poça de tinta. Ergueu as patas as sacudindo tentando tirar aquela tinta que lhe dava nos nervos, mas apenas fazia pingar em Sakusa e em uma tela limpa que estava perto. Sakusa ao ver o pegou e levantou.
─ Ei! Está sujando tudo, eu ia usar ela, sabia?
─ Esse treco grudou nas minhas almofadinhas!tira, tira!
Ele continuava movendo as patas as sacudindo e pingando um pouco no rosto de Sakusa. O garoto respirou fundo, queria se acalmar antes de limpar o gato, mas acabou tendo uma ideia. Primeiro, pegou a tela que foi suja e a deitou em cima da lona no chão, se agachou e deixou o gato em cima.
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Sete Vidas - Sakuatsu
Fiksi PenggemarSakusa era só um jovem que ainda não se conhecia direito. Tinha problemas com os pais, mas não era algo visível aos seus responsáveis meio ausentes. Com a mudança de cidade e de vida, o protagonista acaba conhecendo uma figura curiosa e felina. Miy...